Querem saber como a imprensa pode ajudar a sanear a classe política? O Rio de Janeiro deu um exemplo na terça-feira (12/8), quando a Assembléia Legislativa cassou o mandato do deputado estadual Álvaro Lins (da ala Garotinho do PMDB).
Ninguém esperava a cassação do ex-chefe da Polícia Civil fluminense, a diferença foi mínima, com mais um voto ele escaparia da punição e, além disso, a votação foi secreta – tudo o favorecia. Apesar de tantas vantagens, Álvaro Lins perdeu a imunidade e dois dias depois, na quinta-feira (14), foi decretada sua prisão preventiva.
Quem impediu mais um caso flagrante de impunidade foi a imprensa do Rio de Janeiro: os três principais jornais – O Globo, O Dia e o Extra –, apesar da concorrência que travam entre si, fizeram carga cerrada contra o acusado. Os deputados perceberam que se Álvaro Lins não fosse cassado a frustração popular sobraria para eles.
Ação afirmativa
Este é um caso em que a imprensa não pode desobrigar-se de seus compromissos com o interesse público. A isenção é sempre desejável, mas quando jornais e jornalistas têm convicções firmes e, sobretudo, têm evidências, não podem lavar as mãos.
A ficha de Álvaro Lins estava suja desde quando ainda era capitão da PM, acusado de trabalhar para um conhecido contraventor. A chamada ‘presunção de inocência’ caiu por terra quando a imprensa destacou e levou adiante as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.
O caso talvez estimule a imprensa a assumir uma posição mais afirmativa contra os candidatos ficha-suja para as próximas eleições. Nem tudo está perdido.