Nos últimos meses, o papel da mídia vem sendo discutido nas redes sociais pelos diversos setores que compõem a sociedade. Em diversos editoriais de CartaCapital, o jornalista Mino Carta acusa a mídia nativa de golpismo e, nas redes sociais, diversos comentários favoráveis à sua reformulação podem ser vistos.
Eis que deparo com a seguinte pergunta: não estarão essas pessoas superestimando o papel da mídia nos dias atuais?
Explico.
A Hipótese da Aculturação, como diz o nome, é uma hipótese, ou seja, não possui comprovação científica. A ideia se resume ao fato de que a mídia supostamente moldaria a visão de mundo do sujeito que fica exposto ao seu conteúdo. E, por outro lado, a mídia já não possui a prerrogativa de “detentora” das informações. A internet e as redes sociais ganharam papel fundamental na disseminação de notícias, bem como os sites de jornalismo independente.
A nomeação de Ricardo Berzoini pela presidente Dilma Rousseff para ocupar o Ministério da Comunicação trouxe mais um ingrediente para o debate. O ministro, como todos sabem, é favorável ao projeto de reformulação da mídia. O problema é que apenas esta medida não resolveria a suposta “manipulação”. Alguns grupos de comunicação são duramente criticados por conta dos conteúdos veiculados e falta de “imparcialidade”. Ora, a reformulação da mídia faria com que esses grupos deixassem de existir ou, ao menos, mudassem sua programação?
Acredito que isso não seja possível. Os grupos não deixariam de existir e tampouco mudariam de forma drástica seu conteúdo. Nos dias atuais, temos diversos canais e sites na internet que dão a possibilidade para que o cidadão se informe sem depender da mídia tradicional, mas o que fazer se os cidadãos continuam se informando, majoritariamente, por esses veículos?
As escolas talvez encontrem a resposta para essa pergunta. As empresas de comunicação, certo ou errado, sempre terão interesses comerciais e suas ideologias próprias. Não é razoável que alguém interfira nisso.
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Marcus Santana é estudante de Jornalismo