Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Pela democracia no rádio

Os meios de comunicação precisam ter a cara do povo e devem sair de lugar-comum de uma programação que não busca a cultura popular, a cidadania plena e os verdadeiros interesses populares. Será que já se perguntou ao povo que tipo de rádio lhe interessa ou que tipo de emissão radiofônica as pessoas tem direito de ter nos seus lares?

Precisamos, com urgência, conquistar um processo de cidadania participativa nos meios de comunicação de nossa população, já que o rádio é uma concessão pública e por isso deve atender aos interesses plenos da massa que é muitas vezes agredida com emissões pornofônicas, com distribuição de agressões pessoais, com espetáculos de discriminação e muitas vezes até a concordância com a tortura, com a violência policial e com emissões de efeito meramente atrelado ao interesse da classe dominante em detrimento da maioria da população.

É urgente uma reflexão acerca do rádio que temos pois sente-se nas programações de hoje uma falta de respeito ao que está do outro lado do dial, que fica à mercê de uma programação que muitas vezes é mudada sem seu conhecimento, que fala de realidades que não são suas, que emite músicas que levam ao vício, ao comportamento sexual desregrado e a uma série de anomalias que nossa sociedade não merece e não quer. Alguns dirão que basta mudar de estação, mas não é tão fácil assim, pois na outra estação pode estar acontecendo o mesmo espetáculo de iniqüidade e dessa forma os ouvintes não têm muita opção para mudar, pois o ambiente está quase todo contaminado pelos maus profissionais que, embora com audiência, não têm compromisso algum com aqueles que os ouvem e que são envolvidos no processo de alienação de nossa sociedade e não têm oportunidade de escutar o rádio-cidadão que atenda aos interesses da família e da dignidade para todos.

Corporativismo e acomodação

O processo de democratização no rádio de hoje só será possível de ser alcançado a partir do momento em que forem valorizados os verdadeiros interesses dos que ouvem as emissões radiofônicas e que possam ter oportunidade de dizer que tipo de programação realmente lhes interessa e possam promover sua edificação e sua formação concreta, completa e eivada de êxito cidadão.

O rádio tem contribuído para a formação de muitos indivíduos, mas este rádio não é o que vemos hoje em alguns casos onde o ouvinte é desrespeitado, zombado, criticado em suas opiniões e achincalhado com apelidos e agressões gratuitas que, por incrível que pareça, são pronunciadas por grandes nomes do nosso rádio.

Para o crescimento deste meio de comunicação, é preciso que os órgãos direta ou indiretamente ligados ao meio radiofônico se unam em busca de uma comunicação democrática e que fale a língua de nosso povo, que com certeza não é a linguagem da zombaria, da pornofonia e da agressão pura e simples que tem povoado o meio rádio e que tem feito dos ouvintes meros coadjuvantes sem função ou respeito. Para isso, é preciso que sejam abolidos o corporativismo e acomodação dos que estão no rádio para que ele fique hoje e para sempre.

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Presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE