Numa entrevista para uma emissora de rádio carioca, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao ser perguntado sobre a interferência do sinal de uma rádio pirata no aeroporto de Congonhas em São Paulo, respondeu que já havia acionado o Ministério Público para medidas emergenciais contra tais emissoras. Sem dúvida, uma resposta que satisfaz a grande mídia, já que o desejo de se livrar do problema chamado Rádio Comunitária precisa de uma justificativa.
O nome Rádio Pirata vem de longe, já que o movimento por uma mídia independente vem dos anos 60 e há muito vem se fortalecendo. Desde a ‘liberdade’ dada pelo então ministro Sergio Motta, nos anos 90, as emissoras livres pipocaram sem o devido gerenciamento do governo. É obvio que, assim, a moda ‘vamos simbora’ – objetivo que marcou o início do movimento – foi as poucos se descaracterizando, só que o que precisa ser observado é que ainda há muitas emissoras que mantêm a chama original da causa, ainda que sob tutela da famigerada lei 9.612.
Joio e trigo
Veja-se o exemplo a Rádio Certa FM (95,3) em Nilópolis, Baixada Fluminense. Há 11 anos, a emissora presta um excelente serviço à população da região. Mantém, ainda que a duras penas, um trabalho sério de jornalismo e informação, ajuda na formação de novos profissionais, realiza entrevistas informativas e, mais que tudo, amplifica a voz da comunidade mais carente. Tudo isso com seu pedido de alvará de funcionamento permanente aguardando há cinco anos uma resposta do Ministério das Comunicações.
Como quaisquer cidadãos de bem, queremos que a lei seja cumprida. Se o problema dos aeroportos realmente existe, que seja averiguado, porém que o governo tenha o mesmo empenho para separar o joio e o trigo. Por que os pedidos de legalização não são respondidos, já que a burocracia só facilita a ação dos aproveitadores? Pense, ministro, o senhor pode entrar para a história, como o homem que democratizou a informação no Brasil.
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Jornalista, Mesquita, RJ