Friday, 27 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 3107

Por que a diferença de tratamento?

O MST considera manifestações e protestos normais no Estado Democrático de Direito. Os latifundiários fazem em todo o país ações para pressionar o governo a atender as suas reivindicações. Para isso, bloquearam estradas, impediram a abertura de bancos e armazéns de grãos e chegaram a queimar duas máquinas agrícolas de cerca de 1 milhão de reais.

Por que a imprensa empresarial não fez um estardalhaço em suas manchetes e não os chamou de vândalos ou quadrilha, como faz quando as famílias sem terra saem às ruas? Por que não utilizaram os chapéus ‘Campo minado’ ou ‘Terra Sem Lei’, entre outros do mesmo caráter? Por que a diferença de tratamento em relação ao MST?

O movimento repudia a abordagem diferenciada e os leitores dos jornais merecem – e exigem – o mesmo tratamento. As nossas manifestações, de caráter popular e social, sofrem com o preconceito dos jornais, que passam à sociedade um tom alarmista, por meio de manchetes parciais, que deixam em segundo plano as razões estruturais e conjunturais que levam as famílias à luta pela reforma agrária.

Desinformação

As famílias sem terra fazem manifestações pelo cumprimento da Constituição brasileira, que prevê no artigo 5º que toda terra deve atender a sua função social. Já os protestos dos ruralistas têm como objetivo reforçar e ampliar as desigualdades no campo e a concentração da terra, por meio da renegociação de dívidas com recursos públicos que deveriam ser destinados a toda a sociedade.

Por fim, a cobertura da imprensa empresarial contribui para a criminalização dos movimentos sociais de camponeses. E, dessa forma, o entendimento dos leitores diante da complexidade da questão agrária no país fica comprometida e equivocada. o que representa um serviço de desinformação ao povo brasileiro. Nesse contexto, perguntamos onde fica a ética e a imparcialidade dos meios de comunicação.

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Jornalista e integrante da assessoria de imprensa do MST