Amanheço com a pergunta de alguns: por que mídia técnica?
Ora, porque é a melhor fórmula que se inventou até hoje para aplicação correta e eficiente dos recursos públicos destinados a investimentos de mídia. Informação básica número 1: são recursos públicos, ou seja, o meu, o seu, o nosso.
Recursos destinados a quê? À compra de espaço publicitário nos meios de comunicação para divulgar ações e programas governamentais. O gestor público por eles responsável tem a obrigação de aplicá-los da forma mais eficiente, republicana e transparente possível. Como? Onde, quando e da forma em que puder obter o melhor resultado/efetividade/retorno por esse investimento. Claro está, portanto, que, para aplicar bem este dinheiro, devem ser levados em conta critérios de audiência e regionalização para que a mensagem do governo, seja ela institucional ou de utilidade pública, chegue a cada brasileiro.
Hoje, são 9.963 veículos cadastrados e aptos a receber mídia em todo o país, na proporção de suas audiências e circulação. É exatamente isso o que é feito na Secom – e os shares/audiências dos veículos estão lá no site para conferir. Esses números acompanham a evolução dos hábitos de consumo do brasileiro de forma ágil e eficiente: os investimentos no meio internet, por exemplo, têm aumentado consideravelmente, muito mais do que no mercado publicitário privado, porque, de fato, o brasileiro está consumindo muito mais internet – embora a TV ainda seja imbatível. Nas campanhas da Secom em 2013, a internet representou 10% do investimento. A meta para 2014 é (ainda é?) de 15%.
Ação entre amigos
Não sou contra iniciativas do Estado para promover a pluralidade e a diversidade da comunicação para que o cidadão tenha acesso ao número mais amplo e variado possível de informações, abordagens e enfoques. Só acho que isso, quando implicar ajuda financeira a esses veículos, deve ser feito de forma aberta, transparente e democrática, com programas designados especificamente para este fim. Da mesma forma como o governo dá condições especiais de crédito e vantagens tributárias às micro e pequenas empresas, poderia fazê-lo para as pequenas empresas de mídia. No limite, pode até aprovar uma lei determinando que uma fatia da verba publicitária seja destinada aos “pequenos” – embora vá enfrentar aí imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles de verdade e o que representam.
Mas a discussão está aberta e é saudável. Só não é saudável, e nem correto, à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais.
Simples assim, minha gente.
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Helena Chagas é jornalista