Foi preso, em Trinidad e Tobago, Ceferino Garcia, suposto chefe de um cartel de drogas acusado pelo assassinato do jornalista Mauro Marcano, informou a organização Repórteres Sem Fronteiras [4/9/06]. Marcano apresentava um programa de rádio e era colunista do diário El Oriental.
O assassinato do jornalista ocorreu em setembro de 2004 no norte da Venezuela. Marcano foi morto a tiros no estacionamento de sua casa depois de sofrer uma emboscada por dois homens. Ele havia exposto em um editorial uma conspiração entre o general Alexis Gomez e outros militares com Garcia, suspeito de liderar o Cartel del Sol, gangue colombiana ativa na costa leste do país.
Impunidade
Apesar de comemorar a prisão de Garcia, a RSF lamentou a demora nas investigações do caso e o fato de, em dois anos, ninguém ter sido condenado pelo crime. ‘Outras cinco pessoas fortemente suspeitas de envolvimento no assassinato nunca foram presas’, lembrou a organização.
Segundo familiares de Marcano, o jornalista acreditava estar em perigo. Duas semanas antes do crime, ele conversou sobre seus medos com o vice-presidente da Venezuela (e ex-jornalista), João Vicente Rangel, e chegou a citar nomes dos militares que acreditava estarem trabalhando com o cartel. Nenhum dos homens foi interrogado sobre o caso.
Garcia foi preso em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago, no fim de agosto. Seu nome estava em uma lista de procurados pela polícia venezuelana. Também nesta lista estão outros quatro homens suspeitos de participação no assassinato – entre eles os dois atiradores. O irmão de um dos homens, que concordou em colaborar com a justiça, havia afirmado que Garcia planejou o crime pessoalmente e pagou 36 mil euros pelo ‘trabalho’.