Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Procurador quer cassar
emissora de Barbalho


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 18 de julho de 2007


PUBLICIDADE & ÁLCOOL
Marcos Mesquita Coelho


O alvo está errado


‘A INDÚSTRIA cervejeira brasileira apóia a discussão legítima para prevenção do consumo nocivo do álcool, especialmente entre os jovens. Tanto que as empresas filiadas ao Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) há anos vêm adotando campanhas de conscientização no sentido de alertar para o perigo da mistura ‘bebida e direção’ e para que a legislação atual, que proíbe a venda de bebidas para menores, seja efetivamente cumprida. É louvável que o tema tenha sido colocado em discussão pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelo Ministério de Saúde. Acreditamos, no entanto, que se trata de um equívoco eleger anúncios publicitários de cerveja como solução desse problema complexo.


A discussão na mídia adquiriu o peso de uma cruzada, e os argumentos colocados se assemelham muito mais aos dos fanáticos religiosos do que daqueles que privilegiam a razão. Acabar com os distúrbios do álcool não é anseio exclusivo do governo e de seus agentes. É algo que permeia toda a sociedade, inclusive a própria indústria do setor. Nenhuma empresa quer seu consumidor doente, incapacitado para o trabalho, desagregado da família. Cabe ressaltar, inclusive, que o Sindicerv apóia oficialmente a política nacional do álcool instituída neste ano pelo presidente Lula.


Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra fizeram investimentos vultosos em publicidade nos últimos anos, mas tiveram queda no consumo. Vale lembrar também estudo econométrico, de 2007, da LCA Consultores, em que a publicidade é citada como fator menos preponderante entre os quatro principais que determinam o aumento do mercado cervejeiro no país. Para cada 1% do crescimento da renda familiar, aumentará 0,6% o mercado consumidor. Por outro lado, para cada 1% de aumento no investimento em publicidade, o crescimento do mercado é de apenas 0,03%. Ainda entre os mais influentes que a propaganda, segundo a LCA, estão o clima e o preço da bebida.


Pode-se questionar então a função da publicidade. Para que serve? A indústria cervejeira quer ter a liberdade de apresentar as qualidades do seu produto, garantida pela Constituição Federal, em um mercado de livre concorrência, altamente competitivo. Além de desprezar o rico cabedal de informações técnicas, o governo fundamenta sua tese em um erro: o de que 61% das vítimas de acidentes estariam ‘alcoolizadas’. O dado, atribuído à Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), de 2006, na realidade é de uma pesquisa realizada em 1997 pela Abdetran (Associação Brasileira de Departamentos de Trânsito).


Não bastasse a inconsistência da fonte, a informação está incorreta. O percentual de pessoas que tinham uma quantidade de álcool no sangue acima do permitido pelo Código Nacional de Trânsito era na verdade bem menor, de 27,2%.


Um outro estudo, Comparative Analysis of Alcohol Control Policies in 30 Countries, conduzido por pesquisadores da New York Medical College (EUA) e da Universidade de Milão (Itália), analisou as políticas públicas de restrição e controle do álcool adotadas pelos 30 países mais ricos do mundo. Conclusão: o uso ostensivo de bafômetros nas ruas e estradas e o controle da venda a menores de idade alcançaram o nível máximo de efetividade no combate ao uso abusivo, segundo os cientistas. Ganham de outras medidas, como restrição do horário de venda de álcool, considerada somente ‘mediana’, e restrição à publicidade, tida como de ‘baixa efetividade’ pelos pesquisadores.


Além disso, o governo brasileiro pouco ou nada faz em relação à produção e ao consumo de bebidas ilegais no país. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil ocupa apenas posição de número 105 no ranking dos maiores consumidores de álcool legalizado no mundo (considerada aí a concentração de álcool nas bebidas), com uma média de 5,32 litros por pessoa/ano.


Quando se adicionam a essa conta os destilados de produção clandestina, o índice sobre para quase nove litros por pessoa. Quer dizer, um aumento de quase 70%, turbinado por bebidas ilegais, sem controle de qualidade, sem recolhimento de impostos. Diante desses dados, é inevitável questionar a efetividade da proibição.


Mais do que isso, é necessário provocar uma reflexão sobre a postura do governo brasileiro no que se refere à implantação de políticas públicas eficientes e medidas de fiscalização que contribuam para o combate ao uso nocivo do álcool.


MARCOS MESQUITA COELHO, 53, administrador de empresas e advogado, pós-graduado em finanças pela Fipecafi-USP, é superintendente do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja).’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Bola de fogo


‘O primeiro sinal, ao que parece, veio do rádio. Entre outras, a Jovem Pan anunciou ‘incêndio na cabeceira da pista, atingindo um posto na avenida Washington Luís’. Mas a seguir ‘ouvintes entraram em contato para descrever que viram uma bola de fogo no local’.


Daí para a Band, já na TV, cortando a programação para as cenas ‘exclusivas’ do que se anunciava como ‘incêndio’ que atingiu ‘posto’. Mas a seguir ‘pode ter sido acidente com avião’, arriscava José Luiz Datena.


Entra a Globo, com um William Bonner ainda sem a informação sobre o acidente, chegando a declarar que não haveria vítimas no incêndio. Mas logo trocou para ‘avião que fazia um pouso derrapou’, passando a questionar se ‘havia ou não passageiros’. Era o que se questionava também a Band, a essa altura iniciando o telejornal e falando, pela primeira vez, em ‘150 a 200 vítimas’. A Globo falaria a seguir em 170 passageiros. A Rede TV!, em 144. A imagem do primeiro corpo, coberto, estendido na avenida, surgiu então na tela.


Em meia hora, cenas tomavam a CNN internacional e depois a BBC – e despachos eram postados nos sites de ‘New York Times’ e outros. Em vários deles, como ‘El País’, ‘Guardian’, ‘China Daily’, foi a manchete.


RANHURAS


Assim que se confirmou o acidente, o plantão da Globo, com William Bonner, já falou da ausência das ‘ranhuras’, na pista recém-reformada -enquanto a Band afirmava que a obra havia sido entregue antes da hora por ‘política’.


ARREMETER


No Globo Online, depois, ‘um brigadeiro com 43 anos de experiência diz que falha humana é a causa provável’. O piloto ‘tentou arremeter’ após ‘pousar vários metros à frente’. E ‘desta vez a pista não tem culpa, acredito eu’.


As primeiras imagens de TV aberta, ao vivo, tomadas de helicóptero por volta das 19h de ontem


DESASTRE


Primeira e longa manchete do ‘Jornal Nacional’, apenas na voz de William Bonner:


– Desastre no aeroporto mais movimentado do Brasil. Um avião com capacidade para 170 passageiros derrapa na pista, atravessa a avenida em frente a Congonhas e atinge prédio da TAM. Airbus partiu de Porto Alegre e se acidentou quando pousava.


Depois falou em ‘tragédia’ e também em ‘milagre’, por não ter matado na avenida.


Na escalada de manchetes, na seqüência, alguns registros sobre política, o Senado etc.


RASTRO


Última e longa manchete na escalada do ‘JN’, com Fátima Bernardes tentando sorrir:


– O Brasil deixa um rastro dourado nas piscinas, com a exibição fulminante de Tiago Pereira e medalhas. Nossos ginastas abrem sorrisos na arena. O espetáculo de Diego Hipólito hipnotiza torcedores e jurados. A irmã, Daniele, é a terceira melhor da trave. E Jade Barbosa conquista os brasileiros no alto do pódio, acompanhada de Laís Souza. E a terça teve mais conquistas brasileiras, nas provas de tiro, remo, taekwondo e esgrima.


ANTES


Até minutos antes do acidente, Globo, Record e outras apresentavam ao vivo a sexta medalha de ouro do Brasil no Pan, a segunda de Diego Hypólito. Com uma entrevista ao vivo com o ginasta, para ‘agradecer ao Cesar Maia pela estrutura que montou para a gente, que foi maravilhosa’. E em seguida, com Diego Hypólito olhando para a câmera:


– A gente viu a vaia do Lula, mas aquilo não vale, o Lula está de parabéns. Grande beijo aí para o presidente. Pode vir assistir ao Pan que não vai se arrepender, não. Você merece, por tudo o que aconteceu aqui, estes resultados.’


RENANGATE
Fernanda Krakovics


Renan busca limitar perícia; oposição reage e cobra pressa (matéria publicada em 17/07)


‘Na véspera da reunião da Mesa Diretora, o dia ontem foi de articulações políticas no Senado. A oposição se mobilizou para garantir o envio hoje, à Polícia Federal, de pedido de aprofundamento da perícia em documentos apresentados por Renan Calheiros (PMDB-AL). Já o presidente do Senado se empenhou na reconstrução de sua base de apoio na Casa.


Renan ligou para os demais membros da Mesa -seis titulares e quatro suplentes- e negou que esteja articulando para atrasar o processo que enfrenta no Conselho de Ética. Disse ainda que não pretende recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para anular os trabalhos do conselho. ‘Não estou pensando nisso, não’, afirmou.


Renan mandou ontem ao plenário ofício em que se declara impedido de tomar decisões relativas ao processo contra ele. No texto, pede ao presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), que passe ao vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), correspondências referentes ao caso.


A perícia da PF é a principal linha de investigação do conselho. Renan é suspeito de ter despesas pagas por um lobista da Mendes Júnior. Ele nega e, para provar que tinha rendimentos, declarou ter ganho R$ 1,9 milhão com venda de gado nos últimos quatro anos.


Ignorando acordo feito entre líderes partidários e membros da Mesa, Renan adiou para hoje -véspera do recesso- a reunião do colegiado, que estava prevista para quinta passada.


Em outra frente, ele articulava para que o senador Magno Malta (PR-ES) pedisse vista do pedido de perícia, o que jogaria a decisão para agosto. ‘Renan nunca me ligou nem me sugestionou’, disse Magno Malta.


A estratégia de Renan agora é tentar limitar as investigações da PF. Seu advogado, Eduardo Ferrão, que deve participar da reunião da Mesa, deve tentar excluir algumas das 30 perguntas a serem encaminhadas à PF.


O objetivo da perícia é verificar se as operações de venda de gado declaradas por Renan ocorreram. O senador quer limitar a análise à autenticidade dos documentos, impedindo uma investigação fiscal. No entendimento do senador, a PF precisa de autorização do STF para aprofundar as apurações. Em laudo preliminar, a PF apontou inconsistências nas notas fiscais apresentadas.


A oposição reiterou a ameaça de paralisar o Senado se não for enviado à PF o requerimento de aprofundamento da perícia e avisou que vai monitorar os passos da reunião da Mesa.


Crítica à mídia


O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), acusou a mídia de tratar de modo diferenciado o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002).


‘Pergunto a vocês se já compararam a situação do Renan Calheiros com a do Fernando Henrique Cardoso, que teve um filho com uma colega nossa [uma jornalista]. Nunca foi entrevistada, o filho nunca apareceu no jornal. E essa colega nossa foi para Portugal às expensas de uma empresa de comunicação, conhecida no Brasil inteiro como TV Globo’, disse o governador, depois de um encontro com Paulo Bernardo (Planejamento), no Planalto.


FHC teria tido uma filha com uma jornalista quando era senador. Nenhuma das partes envolvidas confirma, porém, a veracidade da história, nem se mostra disposta a levá-la a público. A política da Folha tem sido a de considerar que tais situações devem permanecer na esfera particular enquanto não houver indício de que interfiram na administração pública.


No caso de Renan, suspeita-se que o dinheiro do pagamento de pensão judicial ao filho nascido de uma relação extraconjugal pudesse pertencer a uma empreiteira. Renan alega que o lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, apenas intermediava os pagamentos -e que o dinheiro era dele, Renan. O Senado investiga o caso.


Questionado, Requião disse que ambos os casos são ‘exatamente a mesma coisa’. ‘Do ponto de vista ético e moral, é a mesma coisa. Ou não, porque o Renan disse que quem pagou a moça foi ele mesmo’, disse o governador. ‘O Renan está sendo fuzilado e o FHC foi protegido à exaustão’, completou.


A Central Globo de Comunicação disse, por meio de nota, que ‘este tipo de comparação não procede, pois, como empresa de comunicação, a TV Globo não cuida da vida privada das pessoas e sim de temas de interesse público. Como empresa, ela paga salários aos seus funcionários e não pensão’. O ex-presidente FHC disse por meio de sua assessoria que não iria comentar o caso.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Cai lucro do Yahoo!


‘O resultado líquido do 2º trimestre do Yahoo! caiu para US$ 161 milhões, contra US$ 164 milhões no trimestre anterior.’


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Buscapé Adquire Consultoria E-Bit


‘O site de pesquisa de preços BuscaPé anunciou a aquisição da e-bit Informação, consultoria especializada em comércio eletrônico. O site disse que pretende expandir a atuação da e-bit para os mercados em que atua na América Latina, como México e Argentina, que ‘são carentes do serviço de avaliação de compras on-line’.’


JORNALISMO LITERÁRIO
Sérgio Dávila


O editor e o engraxate


‘Como tantos outros brasileiros em Nova York, Aguilar Benicio trabalha como engraxate para os bacanas de Wall Street. Não numa engraxataria, que ele não é mané. Os brasucas descolados, como Gil, arrumam emprego de engraxate particular para os que Tom Wolfe chamava de ‘mestres do universo’ em seu ‘A Fogueira das Vaidades’.


São os proprietários das corretoras de valores do distrito financeiro de Nova York e seus funcionários, para os quais um dos símbolos de status máximo, maior mesmo que as camisas monogramadas ou as abotoaduras, é ter um engraxate ali, à disposição, ao estalar dos dedos. Sendo bom, a chance de o profissional em questão ser brasileiro é grande.


Sendo ótimo, é provável que você esteja falando de Gil.


‘Gil’ existe no livro ‘Confession$ of a Wall Street Shoeshine Boy’ (confissões de um garoto engraxate de Wall Street, Harper Collins), que o jornalista Doug Stumpf lança nesta semana nos EUA .


É a história de um engraxate de Santo André (SP) que presencia sem querer um caso de ‘inside trading’, o uso de informação privilegiada para ganho ilegal com ações, e acaba se envolvendo num enrosco com perseguições, falcatruas, sexo, Bahamas e ameaças de morte.


Tudo ficção, certo? Mais ou menos. A Folha reuniu Stumpf e sua ‘musa inspiradora’ para um almoço no Brazil Grill, em Manhattan. ‘Gil’ não é Gil, é o carioca Murilo Junior, da Penha, e prefere ser chamado de Flamenguista. E o caso existiu mesmo. Certo? Mais ou menos.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Governo vai liberar cópia de programa digital


‘Apesar da pressão das redes, o governo deve liberar a gravação irrestrita de programas de TV digital. A adoção de tecnologia que permite às TVs determinar o que pode e o que não pode ser gravado e copiado pelo telespectador foi discutida anteontem pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Comunicação Social) e Hélio Costa (Comunicações).


Defendido principalmente por Dilma Rousseff, o veto ao bloqueio de cópias foi vencedor no encontro ministerial. No governo, já se dá como 99% certo que o Brasil não adotará sistema anticópia, mas a decisão terá que ser referendada na semana que vem pelo comitê de desenvolvimento da TV digital, composto por dez ministros.


Em junho, as redes pediram ao ministro Hélio Costa que levasse ao comitê pedido para adoção do bloqueador. As TVs argumentam que, sem o dispositivo, serão alvo fácil da pirataria, uma vez que copiar um programa em alta definição é quase a mesma coisa que ter o original. Dizem também que terão de pagar mais caro pelos direitos de filmes e eventos esportivos. Com a tecnologia, as TVs poderiam determinar o bloqueio total à gravação de filmes e um número limitado de cópias de capítulos de novelas.


O assunto já mereceu dois artigos na Folha. Para o professor de direito Ronaldo Lemos, com o sistema anticópia a TV aberta deixaria de ser livre, o que contraria a Constituição.


LUTA


O boxeador Acelino de Freitas, o Popó, grava amanhã participação na novela ‘Sete Pecados’, da Globo. Na trama, ele disputará um campeonato de boxe organizado por Régis (Malvino Salvador). A primeira cena deve ir ao ar no dia 26.


UPGRADE


Depois de um fim de semana nulo no Ibope, o Pan começou a turbinar a TV. Anteontem à tarde, a Globo deu oito pontos a mais do que o normal com ginástica. O Pan alavancou ‘Malhação’, que deu 33 pontos, ‘Sete Pecados’ (35) e o ‘Jornal Nacional’, que cravou 44.


TRÊS POR UM


O SporTV abriu um terceiro canal para transmitir o Pan. Mas, eventualmente, os três transmitem a mesma imagem do mesmo evento,


JORNADA DUPLA


A atriz Denise Fraga deixará de ser exclusiva do ‘Fantástico’. Negocia interpretar um dos protagonistas de ‘Aos Meus Amigos’, próxima minissérie da Globo.


REVIRAVOLTA 1


Causou consternação a notícia, dada pelo blog de James Akel, de que o jornalista Rodolfo Konder foi demitido da rádio Cultura FM, onde fazia crônicas. Konder, assim como Paulo Markun, novo presidente da TV e das rádios Cultura, foi perseguido pela ditadura militar.


REVIRAVOLTA 2


Ontem de manhã, Konder e Markun se reuniram e ficou acertado que o primeiro deixará a Cultura FM, mas terá um programa de literatura na Cultura AM. A emissora negou que Konder tenha sido demitido.’


Cássio Starling Carlos


‘Studio 60’ mostra bastidores de TV


‘Ao longo de sete anos, o mundo se emocionou, via ficção, com os bastidores do poder norte-americano na excelente ‘The West Wing’. O responsável pela façanha, Aaron Sorkin, lançou-se logo depois numa nova aventura de risco. O resultado pode ser visto a partir de hoje, com a estréia de ‘Studio 60 on the Sunset Strip’.


A idéia de bastidores foi mantida, voltando-se desta vez para o cotidiano de um estúdio de TV onde é produzido um programa semanal ao vivo de esquetes de humor.


Usar a própria TV como lugar dramático nem sempre dá certo. Alguns se lembrarão da ousada e fracassada tentativa de Lauro César Muniz na novela ‘Espelho Mágico’ (1977). A referência de Sorkin é ‘Rede de Intrigas’, filme que culminava com o suicídio de um apresentador diante das câmeras.


Como fazer TV e ao mesmo tempo uma crítica ácida ao veículo? A solução vem da dramaturgia, quando imperativos do entretenimento e ambições da criação entram em choque ou se complementam. A jovem diretora do canal, por exemplo, recusa um projeto de reality show com base em seu potencial de emburrecimento. E a dupla de roteirista/ produtor (encarnados pelos sempre ótimos Matthew Perry e Bradley Whitford) atira pesado contra conservadorismos da América.


STUDIO 60 ON THE SUNSET STRIP


Quando: hoje, às 20h


Onde: Warner Channel’


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Folha Online


Quarta-feira, 18 de julho de 2007


TRAGÉDIA EM CONGONHAS
Mary Persia


Cobertura de acidente mostra Globo engessada e Band na frente


‘Os primeiros momentos após o acidente com o Airbus da TAM ontem, às 18h50, mostraram quem faz jornalismo no calor do tempo real na TV aberta. Nas duas primeiras horas de cobertura, as três principais equipes de jornalismo do país apresentaram posicionamentos diferenciados frente ao maior acidente da história da aviação brasileira.


A Band saiu na frente. Experientes, Ricardo Boechat e Joelmir Beting comandaram a cobertura no ‘Jornal da Band’, que pegou a bola do ‘Brasil Urgente’. Sem intervalos, o jornalístico liderado pela dupla teve relatos de testemunhas e informações atualizadas sobre o resgate, antecipando o quadro que depois outras emissoras consolidariam. Cometeu erros, claro. Mas todas cometeram.


De Brasília, Fábio Pannunzio foi o primeiro a constatar: ‘É notória a desarticulação do governo’. Uma hora e meia após o acidente, nenhum órgão ou pasta tinha representantes para fornecer uma declaração. Exceto a Infraero, que só desinformou.


E a Band teve Eleonora Paschoal. A jornalista mostrou o valor da tarimba e da competência em episódios desse porte. Entrou diversas vezes no ar, informou, se emocionou. Sua equipe foi a primeira a mostrar o corpo de uma vítima (devidamente coberta), provavelmente do edifício da TAM Express –depois, as outras emissoras também exibiram imagens de corpos (afinal, neste caso, não há acidente sem vítimas). De longe, a melhor repórter da cobertura. Luciano Jr. também fez bonito.


Enquanto isso, na Globo, ‘Sete Pecados’ mostrava as artimanhas de Beatriz (Priscila Fantin).


Assim como a Band, a Record optou pela cobertura especial em seus telejornais. Mas, cautelosa em excesso, levava ao público informações já frias em relação à emissora do Morumbi. Ficou atrás e chegou à incoerência de não dizer ‘TAM’ (segundo Celso Zucatelli, ‘uma empresa aérea’), a despeito do logotipo brilhante em meio ao fogo nas imagens ao vivo.


A Globo, que optou por flashes antes do ‘Jornal Nacional’, após as 20h30, pareceu ter se esquecido de possuir a maior e melhor infra-estrutura jornalística (incluindo pessoal) do país. A ‘cobertura completa’ do ‘JN’ chegou atrasada, quase sem novidades e com um show de inabilidade. Ah, teve o Pan.


Rodrigo Boccardi, cuja tensão evidenciou o cacoete da fala aos socos, nada trouxe do local do acidente. Fernando Rocha, em sua primeira entrada ao vivo, destacou o desimportante: ‘Nem o helicóptero do governador José Serra pôde pousar em Congonhas’. Depois, com as labaredas consumindo o galpão da companhia: ‘A estrutura do edifício está condenada’.


William Bonner, procurando rumo, se perdeu na ancoragem. Evidenciou a falta de jogo de cintura na cobertura sem texto pronto. Em meio à comoção geral, disparou um ‘se espatifou’ para descrever o acidente com o avião. Combinou com o texto informativo ao fim do primeiro bloco, que fornecia na tela do ‘JN’ não o telefone de informações para os familiares dos passageiros do vôo, mas para os ‘parentes das vítimas’. Ainda não havia confirmação de mortos.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 18 de julho de 2007


CONCESSÕES EM XEQUE
Sônia Filgueiras


Procurador quer cassar TV de Jader


‘O Ministério Público Federal do Distrito Federal quer anular a concessão de TV dada pelo governo à empresa Sistema Clube do Pará Comunicação, do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Para o MP, a emissora de Jader obteve a concessão de forma ilegal, e, portanto, deve ser anulada. O procurador Rômulo Conrado propôs ação civil pública nesse sentido na última segunda-feira. Ele incluiu na ação um pedido de liminar com o objetivo de suspender a concessão de imediato.


Para o procurador, ‘o Sistema Clube foi aquinhoado, em razão de favorecimento político, com uma concessão de serviço público sem ter participado de qualquer processo licitatório, concessão essa que deveria ter sido extinta’, afirma ele na ação. Para o MP, uma nova licitação deve ser realizada.


Conforme a ação, para que as empresas de Jader mantivessem a concessão de TV que exploram há mais de 15 anos em Belém, no Pará, ‘foi engendrada uma verdadeira manobra’, na qual a Rede Brasil Amazônia de Televisão (RBA), antiga dona da concessão, transferiu a outorga à Sistema Clube, com a anuência do Ministério das Comunicações. As duas têm em seu quadro societário exatamente as mesmas pessoas: Jader Barbalho e seus parentes. A transferência, realizada em 2006, garantiu que o deputado continuasse com sua emissora no ar.


A RBA, antiga dona do canal, apresentava mais de R$ 80 milhões em dívidas junto ao INSS e ao Fisco. Por isso, pela lei, não poderia ser beneficiada com a renovação na concessão, que estava prestes a ser examinada pela Câmara dos Deputados. Os débitos atrasados a tornavam inidônea. O Executivo requisitou, então, o processo da emissora de Jader de volta, junto com outros 225, sob a justificativa de examinar a documentação existente. Nesse momento, a pedido da família Barbalho, o Ministério das Comunicações fez a transferência. Para evitar problemas jurídicos, a RBA aderiu temporariamente aos regimes de parcelamento de dívidas do governo, mas, segundo o MP, voltou a ficar inadimplente logo depois da transferência.


O Ministério das Comunicações nega qualquer favorecimento. Informa que o processo de transferência seguiu a lei, obedeceu a critérios técnicos e toda a documentação das empresas e dos sócios envolvidos estava regular e em dia. A reportagem não conseguiu localizar Jader. O telefone de seu gabinete em Brasília não atendia nem foi possível contatá-lo via liderança do partido. Também não foi possível encontrá-lo por celular.’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Site da CNMA ganha novo visual


‘A Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA) apresenta seu novo site. O endereço eletrônico ainda é o mesmo, mas agora tem uma nova programação visual. A página na internet traz informações sobre o processo de mobilização da CNMA, histórico das edições anteriores, documentos, links e as principais notícias sobre as conferências em todo Brasil.’


DOW JONES À VENDA
Richard Pérez-Peña e Richard Siklos


Murdoch e Dow Jones fecham pré-acordo


‘Rupert Murdoch deu mais um passo para realizar seu objetivo de longa data de adquirir o Wall Street Journal. Na segunda-feira, a Dow Jones & Co., controladora do jornal, chegou a uma espécie de pré-acordo para aceitar a oferta de compra feita pela News Corp., de Murdoch. Mas a transação ainda precisa conquistar a aprovação da família Bancroft, que controla a maioria das ações com direito a voto da empresa e até agora tem interposto obstáculos para vendê-la a Murdoch, com alguns membros da família procurando um outro comprador.


Segundo uma notícia publicada no site do Wall Street Journal, representantes da Dow Jones aceitaram a oferta de Murdoch de US$ 60 por ação, o que leva o valor da empresa a US$ 5 bilhões. A News Corp. e a Dow Jones se recusaram a fazer comentários.


A expectativa era que o acordo fosse posto sobre a mesa ontem à noite, o que seria o final da novela de três meses de Murdoch tentando acrescentar a Dow Jones ao seu império de mídia global. Os Bancroft têm demonstrado uma grande ambivalência durante todo esse processo. De início, rejeitaram a proposta de Murdoch. Semanas mais tarde, concordaram em ouvir as ofertas da News Corp. e de quaisquer outros possíveis proponentes.


A notícia sobre a transação talvez pressione a família a chegar a uma decisão porque sugere que a administração e o conselho acreditam que a oferta deve ser aceita e que, implicitamente, é uma melhor opção do que a empresa continuar operando por contra própria.


Porém, obter um voto por parte dos Bancroft se tornou mais difícil porque a maioria de suas ações está em poder de dezenas de administradores de recursos familiares. A família exigiu como condição para considerar a venda um acordo estabelecendo que a capacidade da News Corp. para contratar e demitir editores de primeira linha do Wall Street Journal e da Dow Jones Newswires seja restrita, o que por sua vez, restringiria a capacidade de Murdoch de controlar seus conteúdos. Mas ainda não se sabe se o pacto de integridade editorial negociado semanas atrás pela Dow Jones e pela News Corp. terá a aprovação da família.


Murdoch e alguns de seus principais assessores financeiros e jurídicos se reuniram na segunda-feira com Richard F. Zannino, diretor-presidente da Dow Jones, e com outros representantes da sua empresa. O conselho da Dow Jones iria se se reunir ontem e o Wall Street Journal informou que a transação seria apresentada a eles nessa oportunidade, ao preço de US$ 60 a ação, como Murdoch oferecera originalmente. Essa oferta foi um enorme ágio para uma ação que vinha sendo negociada a cerca de US$ 36 antes que a proposta da News Corp. viesse a público, em 1º de maio.


NOVO CANAL


A News Corporation é uma das maiores empresas de mídia do mundo, com jornais em três continentes, o canal de televisão Fox News, múltiplas franquias de televisão por satélite e outras propriedades.


A empresa planeja criar um canal de televisão a cabo dedicado somente à economia em outubro, para competir com a CNBC, e seus executivos enxergam a Dow Jones – dona do Wall Street Journal, da Dow Jones Newswires, Barron’s, MarketWatch e outras propriedades – como uma fonte de conteúdo pronto e credibilidade para esse novo canal.


A primeira vez que Murdoch fez sua oferta foi num café da manhã com Zannino em 29 de março. Colocou-a por escrito numa carta ao conselho da Dow Jones em 17 de abril. A proposta de Murdoch rendeu protestos de muitos funcionários da redação. Mas outros se perguntaram como a Dow Jones continuaria a se sair por contra própria.


A família Bancroft possui menos de um quarto das ações da Dow Jones, mas a maioria dessas ações tem direitos de supervotação, o que lhe dá 64% do poder de voto desde fevereiro.’


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


Teatro ‘impróprio’?


‘Cultura faz mea-culpa por exibir peça


A TV Cultura divulgou uma nota anteontem se desculpando com os telespectadores por ter exibido em horário considerado ‘impróprio’ um teleteatro do dramaturgo Mário Bortolotto, a peça Billy, a Garota, que o blog da emissora considera ‘claramente destinada a maiores de idade’. O horário adequado seria do das 23 horas, diz a nota. A Cultura não explicou por que ninguém se deu ao trabalho de ver antes o programa, para evitar constrangimento ao autor.


Bortolotto absteve-se de comentar o episódio. A TV Cultura informou que está tomando providências para aperfeiçoar o processo de classificação indicativa dos programas, e salientou que é favorável à nova classificação indicativa do governo federal.


Uma discussão iniciada no Blog da Cultura, esta semana, levou o editor do blog a confirmar a demissão da jornalista Salete Lemos. ‘A Salete Lemos tinha férias vencidas, saiu e não voltará ao Jornal da Cultura. Sua saída foi de comum acordo com a Cultura e, desde então, Heródoto Barbeiro assumiu o comando do nosso jornal das 10 da noite.’ O blog tem sido um canal de contato com o espectador, e foi por meio dele que a TV suspendeu contrato com a TV Thathi, que retransmitia sua programação no Norte do Estado.


Entre-linhas


Rancorosa até o último fio de cabelo no início na novela, Loreta (Irene Ravache) está ficando boazinha, boazinha em Eterna Magia. Será mais umas das mágicas da novela?


As antigas instalações da CNT em São Paulo devem ser alugadas para a sede na cidade da TV Brasil, TV pública do Governo Federal. A emissora terá também sedes em Brasília e Rio de Janeiro.


Mais uma que volta para a Globo após passagem pela Record: Bia Seidl.


Os atletas Diogo Silva, medalha de ouro no taekwondo no Pan do Rio, e Clodoaldo Silva, medalhista em Paraolimpíadas, são os convidados de Astrid Fontenelle no Happy Hour de sexta-feira, no GNT. O assunto: superação.


O AXN exibe hoje, às 21 horas, o final da quinta temporada de CSI: Miami. Já amanhã, às 20 horas, o canal mostra o último episódio da terceira temporada de CSI: NY.


A Fox International anunciou a compra da Directa Network, rede de vendas de publicidade online para os mercados das línguas portuguesa e espanhola. A empresa fará parte de uma nova unidade de negócios online, a .FOX.


O canal People+Arts finalmente estréia a terceira temporada de Extreme Makeover: Reconstrução Total. A partir de amanhã, às 20 horas, o público pode acompanhar 33 novas famílias na atração.’


Ubiratan Brasil


Apagão corta transmissão de jogos pela TV


‘Foram apenas 20 minutos que pareceram, para alguns, uma eternidade. Eram 22h30 da noite de segunda-feira e a Argentina vencia o Uruguai no handebol masculino, quando um apagão interrompeu a transmissão da televisão. Um excesso no consumo de energia no setor onde está a ISB (International Sport Broadcasting), emissora espanhola responsável pelas imagens oficiais dos jogos, não apenas cortou a emissão como deixou redes brasileiras no escuro. Foi mais um problema na coleção dos Jogos Pan-Americanos.


Temerosos de que a energia não voltasse logo, funcionários da TV Globo deixaram apressadamente o Riocentro, onde está localizada a ISB, em direção aos estúdios do Jardim Botânico. Outras emissoras enfrentaram problemas para editar suas matérias – Eduardo Elias, repórter da ESPN Brasil, por exemplo, teve de escrever seu texto no escuro.


A cena, aliás, foi documentada pela equipe, que também exibiu todas as dependências no escuro. Em seguida, a editora Kitty Baliero apareceu ao vivo, reclamando das más condições de trabalho. ‘E hoje (ontem), recebemos um comunicado da Light se isentando dos problemas’, comentou José Trajano, diretor da emissora. ‘Segundo eles, a Light é responsável por levar energia até a entrada o Riocentro, a partir da subestação de Curicica, que não apresentou problemas de distribuição. A partir daí, a função cabe ao comitê organizador.’


Procurado pelo Estado, o Comitê Organizador do Pan informou que houve uma falha operacional. ‘O CO-RIO está tomando providências para trabalhar com backup de energia de maneira a evitar que o fato se repita’, afirma um comunicado.


Não foi a primeira vez que a ESPN Brasil passou por apuros. No domingo, por 15 minutos, houve corte na transmissão, obrigando a sede, em São Paulo, a assumir a emissão. E uma oscilação de energia teria danificado aparelhos da Globo e da Band. Problemas de infra-estrutura atingem outras praças. Os cubanos ameaçaram boicotar as partidas noturnas de beisebol em razão da má iluminação. Os jogos foram transferidos para o período da manhã.


CRÍTICAS


A Cidade do Rock já havia sido alvo de críticas do próprio técnico brasileiro, Mitisuyoshi Sato, que, uma semana antes das disputas, pediu postes de iluminação mais altos – como estava, a luz das lâmpadas atrapalharia a visão dos jogadores. E, durante a estréia brasileira, no domingo, contra Nicarágua, o placar eletrônico não funcionou.


No sábado, o gerador de energia falhou durante a maratona aquática e, à noite, houve atraso na competição por equipes masculinas, na Arena Olímpica, por causa de problemas com cabos da emissora oficial. Domingo, nova falha na trasmissão, no triatlo: não havia sinal. Finalmente, em Deodoro, faltou luz na estréia da seleção brasileira feminina de hóquei sobre a grama.


Temendo falha catastrófica, a Tissot, empresa suíça fornecedora de placares e cronometragem do Pan, enviou um comunicado aos presidentes da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), Mario Vázquez Raña, e do Comitê Organizador do Pan-2007, Carlos Arthur Nuzman, em que se eximia de responsabilidade no caso de qualquer pane do sistema. Em seu texto, a empresa dizia que as entidades esportivas não ofereceram a infra-estrutura mínima para o bom funcionamento da aparelhagem. A informação foi negada pelo CO-RIO.


O risco de apagões é tema fixo nas reuniões diárias entre a direção da ISB e das emissoras. Segundo testemunhas, Manolo Romero, presidente da ISB, não consegue esconder o desconforto com os problemas. Encontros de emergência ocorreram, inclusive de madrugada. Mas ninguém arrisca dizer que as falhas tendem a acabar.’


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