Esta frase de Stanislaw Ponte Preta não só se ajusta como uma luva aos personagens que têm se destacado na pobreza de nosso mundo político, como nos lembra que já houve um jornalismo crítico em nossa terrinha.
Os ministros da Defesa, Nelson Jobim, da Justiça, Tarso Genro, e o presidente do STF, cujo nome não agüentamos mais escrever, são os recordistas nos tamanhos de seus quepes, quando olhamos para a insignificância de seus exércitos, representados por suas pífias realizações.
Nelson Jobim comanda um ministério virtual, onde nada é cumprido. Quando tentou resolver a crise aérea, tudo ficou em um blablablá e o consumidor acabou perdendo, com o aumento abusivo das passagens aéreas, fazendo a festa para as empresas do setor. Este ministro no futuro pode ser até acusado de ocultação de cadáveres, pois até hoje não foi capaz de informar o destino de centenas de desaparecidos políticos em nosso país. E agora, mesmo com os recentes crimes perpetrados por militares no Morro da Providência, Jobim volta a expor soldados e oficiais a uma convivência ‘amigável’ com criminosos, nesta farsa de segurança encenada nas vésperas das eleições no Rio de Janeiro.
Acusados de falcatruas são ‘esquecidos’
Tarso Genro e o falante Gilmar Mendes gostam de posar como grandes juristas, com grandes declarações, mas infelizmente são insensíveis a uma legislação que proteja a população, preocupando-se exclusivamente com ‘a justa aplicação da lei’ para os criminosos de colarinho branco.
Quando o assunto é repressão política, supressão de direitos humanos e censura à imprensa, esta turma é também sempre unânime. Ora Jobim declara que ‘temos que discutir se o sigilo da fonte é ou não absoluto’, para em seguida Mendes defender uma ‘central’ que controle juízes, já que, segundo ele, formam milícias nas varas especializadas em crimes financeiros. E Tarso Genro, além de secundar estas idéias repressivas, virou uma espécie de teórico em defesa da violência praticada por ditaduras, envergonhando Hugo Chávez como um principiante da repressão.
A imprensa, em geral, continua desempenhando o seu simplório papel de um diário oficial, apenas divulgando notinhas e um disse-não-disse sobre a tal de ‘grampolândia’ e, como sempre, atacando impiedosamente os magistrados que cumprem as suas funções (ver, por exemplo, ‘O ministro grampeado também foi vigiado’ (Veja, 24/09/2008), esquecendo aqueles acusados de falcatruas que estão confortavelmente protegidos pelas tais de sessões secretas dos tribunais, ou são considerados acima de qualquer suspeita diante da ‘relevância’ dos cargos que ocupam ou controlam.
‘Preso em nome da liberdade’
Aquela grande imprensa investigativa, combativa e informativa parece que não existe mais. Com todas as últimas ameaças à democracia, e em particular à liberdade da imprensa de informar, ao invés de uma grande gritaria, apenas foi emitida uma nota ‘educada’ da Associação Nacional de Jornais (ANJ) emoldurada por um profundo silêncio de intelectuais, acadêmicos, organizações da sociedade civil e de um esmagador número de políticos.
A nossa esperança é que algum repórter rompa estes grilhões informativos, jogando nas primeiras páginas todas as informações que mofam no fundo das gavetas das redações. Afinal de contas, notícias envolvendo tráfico de influência e corrupção, temperadas com escândalos e uma mistura promíscua de vidas privadas e públicas de altas autoridades podem vir a merecer um prêmio de jornalismo.
Pelo sim, pelo não, já que começamos com uma frase de Stanislaw Ponte Preta, terminaremos também com a atualidade de uma frase deste grande jornalista que sintetiza o negro futuro pregado por estes ministros:
‘Política tem esta desvantagem; de vez em quando o sujeito vai preso, em nome da liberdade.’
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Físico e escritor, Rio de Janeiro, RJ