Autoridades chinesas, que haviam encerrado o processo contra Zhao Yan em março, decidiram reabrir, na semana passada, a investigação contra o jornalista chinês acusado de repassar ao New York Times detalhes sobre a rivalidade entre o ex-líder do Partido Comunista Jiang Zemin e o novo presidente, Hu Jintao.
O anúncio derruba especulações de que o encerramento do caso era um sinal de que Yan, preso em setembro de 2004, estaria prestes a ser libertado. O governo chinês e o tribunal não confirmaram oficialmente a reabertura do processo. Ao ligar para um promotor, um dos advogados de Yan foi informado de que uma nova investigação de seis meses havia sido iniciada.
Especialistas afirmam que Yan deveria ter sido solto depois do encerramento de seu processo, mesmo com intenções de se reabrir o caso, e que a medida seria ilegal. Tecnicamente, ainda há chances de o jornalista sair da prisão. Mas segundo Mo Shaoping, advogado do jornalista, um alto funcionário envolvido no caso lhe informou que ele provavelmente será acusado novamente, até o início de maio, de violar segredos de Estado.
Críticas em todo o mundo
O caso de Yan gerou críticas por parte de grupos internacionais de defesa dos direitos humanos. O presidente americano, George W. Bush, chegou a fazer duas vezes um apelo pessoal pedindo a libertação do jornalista. Hu esteve nos EUA na semana passada para uma visita diplomática, mas não quis comentar o assunto.
A mídia chinesa está proibida de escrever sobre o caso. Um porta-voz do Ministério do Exterior afirma que a China agirá ‘de acordo com a lei’. John Kamm, da organização em defesa dos direitos humanos Foundation Kamm, acredita que a decisão final será de membros do Partido Comunista, não envolvidos com o sistema judiciário. Se condenado, Yan pode pegar até dez anos de prisão. Informações de Jim Yardley [The New York Times, 18/4/06].