A polêmica New York Times / Judith Miller continua – e parece não ter fim. Após publicar dois artigos explicativos sobre a parte que lhe toca no caso Valerie Plame, o jornalão nova-iorquino continua a ser alvo de críticas da mídia americana. Nos textos, um deles assinado pela própria Judith, o Times revelou detalhes sobre os contatos da repórter com oficiais do governo federal, sobre a frustração da redação diante do silêncio sobre o caso e chegou até a comentar a criticada cobertura que Judith fez sobre a guerra do Iraque.
O tiro parece ter saído pela culatra. Segundo artigo de David B. Caruso [AP, 17/10/05], críticos de mídia e acadêmicos sugerem que a jornalista deveria ser demitida – tanto por suas questionáveis matérias sobre armas de destruição em massa como por falhar em explicar como soube a identidade da agente da CIA Valerie Plame, esposa de um diplomata crítico ao presidente Bush.
Na explicação sobre o caso, Judith disse que não se lembrava direito se o chefe de gabinete do vice-presidente dos EUA, Lewis Libby, – apontado como sua fonte – havia realmente lhe contado a identidade secreta da agente.
Alex Jones, ex-repórter do Times que hoje dirige o Centro Shorenstein para a Imprensa, Política e Política Pública na Universidade de Harvard, afirmou que o jornal não explicou suficientemente o comportamento de Judith. Já Greg Mitchell, editor da Editor & Publisher, foi mais duro e defendeu que a repórter deveria ser ‘prontamente demitida por crimes contra o jornalismo e contra seu próprio jornal’.
Relatório deve ser adiado
Em tempo: O promotor Patrick Fitzgerald, responsável pela investigação que visa descobrir quem vazou – e como – a identidade secreta da agente da CIA Valerie Plame, não deverá divulgar seu relatório esta semana, como esperado. Segundo artigo de David Johnston e Richard W. Stevenson [The New York Times, 19/10/05], a divulgação de um relatório final era considerada uma opção para Fitzgerald caso ele decidisse não acusar ninguém pelo vazamento da informação.
Advogados ligados ao caso afirmam que, ao sinalizar que não tem planos de fazê-lo esta semana, o promotor parece querer demonstrar que irá ou apresentar alguma acusação ou fechar sua investigação sem revelar publicamente suas descobertas sobre o caso – o que provavelmente provocaria uma verdadeira crise política.
O foco do inquérito de Fitzgerald paira sobre dois importantes funcionários da Casa Branca: o principal assessor político de Bush, Karl Rove, e Lewis Libby, chefe de gabinete de Dick Cheney. Os dois teriam conversado com repórteres sobre Valerie Plame.