O jornalista paquistanês Mushtaq Yusufzai já foi ferido pelo talibã e preso por forças de segurança do Paquistão. Sua mãe já cansou de pedir para que ele pare de se arriscar em sua cobertura da ‘guerra contra o terror’, mas Yusufzai, especialista em um dos mais perigosos cinturões tribais do Paquistão, não pensa em se aposentar tão cedo. O repórter de 32 anos é o vencedor do prêmio Kate Webb, criado pela Agence France-Presse para homenagear a vida e carreira da lendária correspondente morta em 2007.
Yusufzai começou sua carreira jornalística há nove anos como repórter de saúde para o News, diário em língua inglesa para onde trabalha até hoje. Sua vida profissional mudou, entretanto, após os ataques de 11 de setembro, nos EUA, em 2001. ‘Eu sempre me interessei em reportar sobre as áreas tribais do Paquistão porque as via como um desafio’, conta ele. O canal americano ABC News contratou Yusufzai como ‘fixer‘, espécie de repórter local que serve de guia e intérprete, e em 2002 ele passou a trabalhar próximo ao complexo de cavernas de Tora Bora, no Afeganistão, bombardeado por forças americanas – que suspeitavam que ali estaria escondido Osama bin Laden. Desde então, ele passou a ‘dominar’ toda a extensão do cinturão tribal. Desde 2004, Yusufzai também reporta para a NBC.
Abertura
Filho de um fazendeiro, o jornalista é da etnia pashtun, assim como as pessoas das regiões tribais. Isso dá a ele certa abertura com os clãs independentes que efetivamente governam a fronteira com o Afeganistão. Este acesso, entretanto, já o colocou em apuros. ‘Já fiquei, por diversas vezes, cara a cara com militantes e agentes de segurança agressivos quando reportava das regiões tribais’, diz.
Ele já foi atingido em um ataque do talibã quando estava em um jipe e detido por forças de segurança, libertado apenas depois que as imagens em sua câmera foram apagadas. ‘Minha mãe me pediu para parar e disse que nunca me perdoaria se eu continuasse. Mas eu não podia ficar longe destes eventos’, afirma. Yusufzai é casado e pai de dois filhos.
Com a bolsa de US$ 8 mil do prêmio Kate Webb, o jornalista diz que quer viajar para os EUA e para o Reino Unido para investigar suspeitas de que grupos ocidentais estariam enviando pessoas convertidas ao Islã para as áreas tribais. Informações da AFP [8/5/08].