O repórter do Washington Post Walter Pincus foi acusado de desobediência por um tribunal federal americano por se recusar a revelar a identidade de sua fonte no caso do cientista nuclear Wen Ho Lee, na quarta-feira (16/11).
Em 1999, com base em informações de fontes anônimas, Pincus e repórteres de outras organizações de mídia identificaram Lee como o foco de uma investigação criminal sobre o possível roubo de segredos nucleares para a China. O cientista, que trabalhava no laboratório de armas nucleares de Los Alamos, ficou preso por nove meses, mas nada foi provado e ele teve quase todas as acusações retiradas. Das 59 iniciais, restou apenas a de que ele teria baixado arquivos confidenciais para um computador inseguro, da qual se declarou culpado e foi liberado mediante um pedido de desculpas. O cientista processa os departamentos de Energia e Justiça dos EUA. Para saber quem vazou informações pessoais sobre ele para a imprensa, Lee precisa da colaboração dos jornalistas que divulgaram o caso.
Este mês, o tribunal rejeitou o pedido de quatro jornalistas para não serem obrigados a testemunhar sobre suas fontes confidenciais no caso do cientista nuclear. São eles H. Josef Hebert, da Associated Press, James Risen, do New York Times, Robert Drogin, do Los Angeles Times, e Pierre Thomas, que na época trabalhava na CNN e hoje é funcionário da ABC.
A juíza Rosemary Collyer afirmou que, ‘para evitar a repetição da confusão Judith Miller’, o jornalista do Post tem 48 horas para entrar em contato com suas fontes para informá-las da ordem do tribunal e pedir que elas o liberem do compromisso de confidencialidade. ‘O senhor Pincus não é menos importante como potencial testemunha de um vazamento do governo do que os jornalistas dos outros veículos, e o tribunal não vê razão para chegar a uma conclusão diferente com relação a ele’, concluiu a juíza.
Pincus não corre risco de ser preso, como aconteceu com Judith Miller. A juiza impôs multa de US$ 500 por dia até que o repórter concorde em testemunhar. Informações de Pete Yost [AP, 16/11/05] e Charles Lane [The Washington Post, 17/11/05].