Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Revolucionar o rádio

O rádio precisa mudar, sim, precisa mudar seu modo de emitir mensagens, de tratar o ouvinte, de respeitar aqueles que são usuários e ser tratado como uma concessão realmente pública, pois o que vemos hoje é supostos proprietários fazendo o que querem sem sequer saber da opinião dos ouvintes, usuários que não têm participação alguma no que se passa neste meio de comunicação.

A democratização da comunicação é uma meta mais do que forte para que a revolução do rádio aconteça, pois hoje temos um meio que não dá oportunidade para que o ouvinte diga que tipo de programação quer e nem o tipo de programa é adequado para sua vida familiar e coletiva. Precisamos revolucionar o rádio com programação de qualidade de teor cidadão e de respeito ao ouvinte.

Os que se dizem proprietários do rádio precisam investir na interatividade e promover uma audiência saudável, sem apelação pornofônica nem agressão barata, dos que se dizem defensores dos direitos do povo e que geralmente usam apenas discursos para se promoverem política e economicamente. O rádio, principalmente o AM, precisa mudar conquistando novos ouvintes, trazendo o público jovem para as programações, sendo atrativo para este segmento de ouvintes com programas interativos, alegres e respeitosos que façam com que o conteúdo seja aceito, discutido e analisado.

É preciso que o rádio abra espaços para o ouvinte dizer o que acha da programação, criando ouvidorias populares que escutem a mensagem dos ouvintes sobre a programação e dêem espaços para mudanças que forem sugeridas, procurando também criar programas que falem a voz do ouvinte e aceitem o que estes dizem da programação.

Interatividade e poder de crítica

Os programadores de rádio devem abrir diálogo franco e verdadeiro com os que fazem a publicidade, mostrando a importância do rádio em termos de propaganda e o alcance das mensagens radiofônicas no processo de desenvolvimento da mídia. O rádio deve ser respeitado, pois tem história e serviços prestados à comunidade em geral. Não podemos aceitar que os publicitários ditem regras que afastem o investimento neste meio de comunicação, que tem dinamismo, audiência e valor em termos de alcance de mensagens.

É preciso que todos acreditem no rádio, pois geralmente nem os seus proprietários acreditam em sua força e valor. Quantas mensagens de solidariedade são feitas no rádio e têm alcançado sucesso? Quantos são os políticos que têm alcançado prestígio e votos através do rádio? Quantas pessoas têm se encontrado e se relacionado através do rádio? Quantas pessoas têm curado crises de depressão através do rádio? Estes exemplos mostram a importância do rádio e seu papel no despontar de um processo de desenvolvimento da mídia que valoriza os seres humanos e promove a cidadania.

Revolucionar o rádio não é entregar suas programações aos interesses das grandes redes desvirtuando uma programação local e tendo de dar ao ouvinte uma programação que não fala sua língua nem respeita seu direito de consumidor. Revolucionar o rádio é mudar para melhor, trazendo novas idéias e respeitando seu ouvinte, passando para ele todas as mudanças ocorridas e procurando verificar o que este achou do que foi feito na programação. Revolucionar o rádio é investir na interatividade e no poder de crítica construtiva do ouvinte, que quer sempre o bem do rádio para um futuro melhor das comunicações.

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE