Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Roberta Araujo


‘As eleições de 1982 entraram para a história da política brasileira. Há 23 anos, o pleito, que ainda era realizado via cédulas de papel, ficou marcado por uma tentativa de fraude na totalização dos votos. O Caso Proconsult, que levou o nome da empresa contratada para a apuração da eleição, foi uma manobra para derrubar o então favorito ao governo do Estado do Rio, Leonel Brizola (PDT), e dar a vitória ao candidato do regime militar, Moreira Franco (PDS). Todos os bastidores desse episódio estão detalhados no livro ‘Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral’, dos jornalistas Paulo Henrique Amorim e Maria Helena Passos. Na época, ele era diretor de redação do ‘Jornal do Brasil’ e acompanhou de perto a descoberta da falsificação na contagem dos votos. No livro, Amorim afirma que a fraude foi arquitetada pela cúpula das Organizações Globo em conjunto com a Proconsult. E seria acobertada pela Justiça Eleitoral e pela Polícia Federal. TRIBUNA DA Imprensa – Como você está tratando o Caso Proconsult neste livro, tantos anos depois da denúncia? PAULO HENRIQUE AMORIM – Esse trabalho, esse livro, é uma tentativa de reconstituir aquele episódio e, sobretudo, contar a história do papel das Organizações Globo, que fazia parte de uma orquestração para tomar a eleição do Brizola, para impedir que ele fosse eleito. Tinha participação de uma empresa de informática, a Proconsult, escolhida a dedo para fazer parte dessa fraude. Tinha uma outra contribuição, de uma parte da Justiça Eleitoral, de uma parte da Polícia Federal, e a participação decisiva do Serviço Nacional de Informações, que era o sistema de inteligência da época no governo Figueiredo. Por que você esperou tanto tempo para relatar o caso? Porque quando o Brizola morreu, em novembro de 2004, eu trabalhava no UOL News e fiz uma série de entrevistas sobre o Brizola. E culminei essa série com um artigo que escrevi, cujo título foi ‘Os dois golpes que Brizola evitou’. O primeiro golpe foi o de 1961, quando os ministros militares do governo Jânio quizeram impedir a posse do Jango e o Brizola fez a Rede da Legalidade, lá no Rio Grande do Sul, como governador do Estado. Ele praticamente foi quem deu posse ao Jango. Depois rompeu com Jango.O segundo golpe que Brizola evitou foi o de 82, quando foi alertado por uma pessoa que trabalhava na Globo a respeito de um esquema que estava sendo montado para fraudar o resultado final da eleição. E também através das informações que o ‘Jornal do Brasil’ e a rádio do Jornal do Brasil davam. Ele então decidiu sair à luta, convocou uma entrevista coletiva com os correspondentes estrangeiros no Rio e disse: ‘Vocês agora têm que cobrir uma fraude, estão me roubando a eleição’. Aí, começou a ir à tv Bandeirantes, JB, rádio JB, até que ele foi à Globo e a desafiou dentro da própria Globo. Escrevi esse artigo e ele mereceu uma resposta má-educada de um empregado da Globo, que contestou alguns pontos do artigo. Fiquei mastigando aquele problema, a réplica, até que encontrei um bom motivo para fazer a tréplica. Houve algum outro caso na história da política comparável a este? Não. Mas o que eu destaco nesse livro, que é uma das vertentes dele, é chamar atenção para o fato de que o sistema de votação no Brasil, de voto eletrônico, não é um sistema totalmente invulnerável à fraude. Pode ser fraudado. Não se conhece nenhum caso idêntico, mas nada impede que isso possa se repetir. O voto no Brasil não é um voto seguro. É importante que isso fique claro. O Brizola tinha toda razão quando dizia que não há uma contraprova material para o voto eletrônico. A eleição no Brasil é inconferível. Ninguém pode contestar o resultado de uma eleição no Brasil. Exatamente em que circunstância se percebeu que havia fraude na apuração? Dentro do JB e antes da eleição, começamos a receber, como o livro conta, propostas para fazer um tipo de apuração que era independente da Proconsult. O esquema estava montado em que parte? Na totalização dos votos, ao transferir votos do Brizola para coluna de brancos e nulos. Para você, onde as Organizações Globo entraram nessa tentativa de fraude? O que as Organizações Globo começaram a fazer era montar um esquema para coonestar o resultado fraudulento, de modo que fosse levado o caso à Justiça Eleitoral. Mas a Polícia Federal não ia apurar. Assim, a Justiça Eleitoral iria dar a vitória ao Moreira. Como se conseguiu fazer prevalecer a verdade? O JB, com o apoio da rádio, mostrava invariavelmente o resultado diferente daquilo que ‘O Globo’ e a Rede Globo mostravam. Como você define este caso? Passado tanto tempo, alguma coisa que na época pareceu irrelevante, seria merecedora de destaque hoje? O que é relevante é chamar atenção para alguns pontos. Primeiro: que o voto no Brasil não é um voto seguro. Isso é muito importante. Segundo: que no Brasil, a mídia, a Imprensa, tem um papel exorbitante, inaceitável para o regime democrático. Terceiro: nenhum país democrático do mundo convive com o tipo da hegemonia que a Rede Globo tem. A Globo tem menos de 50% da audiência e mais de 70% do faturamento publicitário. Isso não faz parte da receita de nenhum regime democrático no mundo. Depois do Caso Proconsult, você foi trabalhar na Globo… Fui trabalhar lá e acho que me desempenhei com o maior entusiasmo e lealdade, que é o que eu faço em todo lugar que trabalho. Você acredita mesmo que a cúpula das Organizações foi a responsável pela operação para subtrair votos do Brizola? Não tenho a menor dúvida. Meu livro trata disso com a maior clareza. Havia uma operação dentro da Globo para coonestar o resultado fraudulento que estava sendo apresentado pela Proconsult. Era um trabalho que não era necessariamente compartilhado pelos jornalistas. Era um trabalho que se desenvolvia acima dos jornalistas. Essa é também uma hipótese que eu admito no meu livro. Ao seu ver, qual era o interesse da Globo em eleger o Moreira? Impedir a eleição do Brizola e facilitar a composição de um colégio eleitoral de acordo com os interesses do regime militar, ao qual a Rede Globo serviu com a maior lealdade. A vantagem era impedir que um inimigo político chegasse a governador do Rio. A rivalidade entre a Globo e os trabalhistas vem desde do Getúlio Vargas. Em 1954, quando Getúlio se matou, os trabalhistas foram às ruas e tacaram fogo n’O Globo’. Ao final das investigações, o desembargador Jalmir Gonçalves da Fonte, coordenador da Comissão de Apuração, atribuiu os erros ao açodamento dos serviços e à exaustão das pessoas. A Polícia Federal deu sua conclusão em 7 de janeiro de 83, dizendo que a Proconsult não praticou fraude. Como você analisa tais conclusões? Meu livro demonstra de forma cabal que esse cavalheiro e a Polícia Federal estavam enganados. No livro, digo passo-a-passo que a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral não quiseram apurar. No livro, você faz críticas ao livro ‘Jornal Nacional, a notícia faz história’. Por quê? O que aconteceu foi o seguinte: fiz um artigo no UOL e um funcionário da Globo respondeu esse artigo. Aí, eu estava me preparando para fazer uma tréplica, quando saiu o livro sobre os 35 anos do ‘Jornal Nacional’. Então, aproveitei o mote do livro, aprofundei a minha investigação, fiz um blog no UOL, depois transformei esse blog num livro, que vai para a terceira edição e que já é o oitavo livro mais vendido no País em duas semanas de lançamento. E sobre a crítica feita por um dos diretores da Globo. Chegou a dizer que os seus artigos dão uma aula de jornalismo marrom e que é fruto de má-fé. Minha resposta foi o livro chamado ‘Plim-plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral’. OLHOS DIREITA ‘A rivalidade entre a Globo e os trabalhistas vem desde Getúlio Vargas. Em 1954, quando Getúlio se matou, os trabalhistas foram às ruas e tacaram fogo n’O Globo’ ‘Havia uma operação dentro da Globo para coonestar o resultado fraudulento que estava sendo apresentado pela Proconsult (…). Era um trabalho que se desenvolvia acima dos jornalistas’ ‘No Brasil, a Imprensa tem um papel exorbitante, inaceitável para o regime democrático. Nenhum país democrático do mundo convive com o tipo da hegemonia que a Rede Globo tem’ OLHOS ESQUERDA ‘O voto no Brasil não é um voto seguro. É importante que isso fique claro. O Brizola tinha toda razão quando dizia que não há uma contraprova material para o voto eletrônico’ ‘Escrevi esse artigo e ele mereceu uma resposta má-educada de um empregado da Globo, que contestou alguns pontos. Fiquei mastigando aquele problema, a réplica, até que encontrei um bom motivo para fazer a tréplica’ ‘(Brizola) foi à Globo e a desafiou dentro da própria Globo’’



JORNALISMO / EUA


Katharine Q. Seelye


‘Com anúncios migrando para a web, jornais revêem modelo’, copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times, 12/10/05


‘Quando Amanda Bennett, diretora de redação do The Philadelphia Inquirer, soube, no mês passado, que teria de demitir 75 pessoas da redação, o equivalente a 15% da sua equipe, disse que ficou muito aborrecida. Porém, após alguma reflexão, concluiu que a profundidade dos cortes obrigaria o jornal a se reinventar, e isso seria em seu benefício.


‘Esta é uma chance de analisar tudo profundamente e perguntar: que valor tem isso para os leitores?’, disse ela, acrescentando que repensaria tudo, desde o conceito da cobertura local aos formatos da apresentação das notícias. ‘Se nós perdermos esta oportunidade para nos transformar de um jornal numa organização noticiosa, será uma lástima’, disse ela.


Tal análise profunda está varrendo as principais redações americanas no momento em que o setor se defronta com uma onda de demissões, entre elas 700 anunciadas desde maio na The New York Times Company, a editora do The New York Times, incluindo cortes nas suas operações comerciais e em várias de suas propriedades, e 14 demissões no The Hartford Courant. Mais recentemente, foram anunciados cortes no The Boston Globe (uma divisão da Times Co.), no The San Jose Mercury News, no The Philadelphia Daily News, no The Baltimore Sun e no Newsday. No decorrer dos últimos anos, o The Los Angeles Times, o The Wall Street Journal e o The Washington Post também tomaram medidas para eliminar empregos.


Por todo o setor, a receita decorrente de publicidade está baixa, os custos estão altos e a circulação está diminuindo. No The Inquirer, por exemplo, a circulação apresentou uma queda de 30% no decorrer das duas últimas décadas.


Além dos infortúnios econômicos da indústria, o futuro está nublado pela rápida expansão da internet, deixando os jornais numa crise de identidade no momento em que tentam lidar com mudanças fundamentais na indústria e na sociedade que estão coibindo significativamente seu crescimento.


O pessimismo em relação à capacidade do setor de superar esses obstáculos continua a empurrar para baixo o preço das ações dos jornais. Wall Street revisou para baixo suas estimativas de ganhos no terceiro trimestre da maioria das empresas jornalísticas.


RECEITA EMPACADA


A turbulência em grande parte ainda está confinada aos grandes diários metropolitanos, e não aos pequenos diários, onde a base de publicidade é mais estável. Nos grandes jornais, a receita decorrente de publicidade empacou por vários motivos: declínio nos anúncios locais de automóveis; consolidação de lojas de departamentos, particularmente a fusão da Federated com a May; e uma marcha para a internet da parte de anunciantes de viagens, hotéis e agências de aluguel de carros.


Nesse êxodo da mídia impressa está incluída a Hertz, que não anuncia no The New York Times há seis meses, disse uma porta-voz da Times. Os anúncios de filmes estão em baixa, já que as vendas de ingresso tiveram uma queda repentina. A Goldman Sachs previu recentemente que a receita de publicidade para a indústria de jornais crescerá um modesto 1,7% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, o que representaria o desempenho mais fraco do setor em dois anos.


‘Nenhuma leitura de bola de cristal acertou’, disse Lauren Rich Fine, analista da indústria de publicidade que trabalha na Merrill Lynch. ‘Ninguém previu, por exemplo, que a Federated e a May pudessem assumir uma posição este ano e dizer: ‘Somos menos dependentes dos jornais’. Isso provocou um certo pânico nos jornais, e por isso eles estão dizendo: ‘É melhor sair na frente disso’.


Várias preocupações de longo prazo também estão minado o crescimento. Uma é a migração para as conexões de internet de alta velocidade, ou banda larga. A expectativa é que dois terços dos lares americanos tenham essas conexões em 2010, o dobro de hoje, segundo a Forrester Research.


Anunciantes como a fabricante de automóveis Ford Motor Co., a segunda maior montadora americana, já estão percebendo de que forma esta tendência afeta os padrões de compra. A Ford diz que 80% do seus clientes agora fazem compras pela internet, fazendo tudo, desde a pesquisa inicial até a marcação do test drive. Assim, a empresa decidiu transferir 30% do seu orçamento de publicidade, estimado em US$ 1 bilhão ao ano, para mídia não tradicional, com 15% desse valor indo para propaganda online.


‘Com a explosão da banda larga, faz mais sentido para nós continuar a aumentar nosso dispêndio na mídia onde podemos encontrar nossos clientes’, disse Linda Perry-Lube, gerente de comunicações da divisão de carros da Ford.


A probabilidade é que essas tendências se acelerem. Nos próximos três anos, a expectativa é que os anunciantes reservem de 15% a 20% de seu orçamento para a internet, o que representa um aumento de 5% para 8%, segundo David Verklin, diretor-presidente da Carat Americas, uma importante empresa de serviços de mídia dos Estados Unidos.


Ao mesmo tempo, os jornais estão perdendo anúncios classificados para a Craiglist e para o eBay. Estão perdendo aqueles em procura de informações para os serviços de busca pela internet Google e o Yahoo, que reciclam as notícias a partir de distribuidoras de mídia e cada vez mais oferecem conteúdo próprio. À medida que os leitores se voltam para esses gigantes da área cibernética, os anunciantes os acompanham.


Embora os sites de jornais na Web estejam atraindo um crescente número de propagandas online, esses anúncios são baratos e rendem apenas uma fração da receita trazida pela propaganda impressa. E, embora alguns jornais agora tenham mais leitores no seu site na internet do que na sua versão impressa, a maioria ainda reluta em cobrar pelo conteúdo online, privando-se da receita do seu produto mais popular. Recentemente, o The New York Times começou a cobrar US$ 50,00 por ano para os não assinantes lerem seus colunistas online, mas recusou-se a comentar os primeiros resultados.


Esses são apenas alguns dos fatores que estão tolhendo as perspectivas para os jornais, mesmo num momento em que seus custos estão subindo. ‘O jornal básico, quando você desconsidera a internet e todas as outras publicações dirigidas que as pessoas estão criando, simplesmente não está crescendo’, disse P. Anthony Ridder, diretor-presidente da Knight Ridder, a proprietária do The Inquirer. ‘Os custos do papel jornal estão significativamente altos. Os salários e os custos da assistência médica estão altos. Portanto, você tem de um lado a pressão dos custos e, do outro, a falta de crescimento na receita. Isso é realmente um problema, e todo mundo está tendo essencialmente o mesmo problema.’


FUTURO PROMISSOR


Não obstante, muitos altos executivos de jornais dizem que estão se adaptando às novas circunstâncias e posicionando o setor para um futuro promissor. Os jornais mantêm algumas vantagens inerentes. Apesar das quedas na circulação, ainda atingem um público mais amplo do que outras mídias tradicionais. Segundo a Newspaper Association of America (Associação dos Jornais dos Estados Unidos), nos 50 maiores mercados, 52% dos adultos lêem um jornal diariamente, enquanto 39% assistem televisão no horário nobre, 21% ouvem as notícias da manhã no rádio enquanto dirige e 15% assistem televisão a cabo. À medida em que o cenário da mídia vem ficando cada vez mais fragmentado, a forma mais eficiente para os anunciantes atingirem um público maciço e relativamente abonado é o jornal.


E os jornais continuam a ser lucrativos, freqüentemente mais do que outros setores. No ano passado, as 12 principais empresas jornalísticas dos Estados Unidos anunciaram uma margem operacional média de seus jornais de quase 21%, segundo a Goldman Sachs, ficando a Gannett e a E.W. Scripss no topo, com quase 30% cada, e a Dow Jones no último posto, com 9%. A margem da The New York Times Co. foi de 16%, e a da Tribune Co. , de quase 18%.


‘Não chorem pela indústria jornalística’, disse Dean Singleton, diretor-presidente da MediaNews Group, que publica o The Denver Post e o The Salt Lake Tribune e presidiu o fechamento do The Houston Post. ‘Eles estão fazendo muito dinheiro e muitos estão se reinventando num dinâmico futuro online.’


Os jornais estão se vangloriando de seus sites na web, construindo ofertas na internet, incentivando os jornalistas a escreverem blogs, produzindo conteúdo de áudio e criando formas de os cidadãos submeterem à aprovação seu próprio material. Eles também estão gerando publicações de nicho, incluindo jornais étnicos e diários metropolitanos gratuitos que têm por alvo leitores com idades entre 18 e 34 anos.


‘Seguiremos nossos leitores para aonde eles nos levarem’, disse Arthur Sulzberger Jr., diretor responsável do The New York Times e presidente do conselho da Times Co. ‘Se eles nos querem impressos em papel, estaremos lá, impressos em papel. Se nos querem na web, estaremos lá, na web. Se nos querem em telefones celulares ou na forma de material que possa ser descarregado e ouvido em áudio, temos de estar lá. No final do dia, é o público que atraímos, e a qualidade desse público, que é o fator crucial, e não os meios pelos quais nós os atraímos.’


Mas entregar as informações de novas formas requer investimentos adicionais, o que pode provocar um novo aperto nas empresas, já que os custos sobem mais depressa que as receitas. ‘Todos do setor têm sido obrigados a gastar muito em novos produtos e serviços e, ao mesmo tempo, com o crescimento insignificante da receita como está, isso está obrigando a fazer cortes em outras áreas’, disse Fine, da Merril Lynch.


Ridder disse que teve de ‘desviar mais recursos para as áreas da empresa que estão crescendo’, uma escolha que significa más notícias para o jornal impresso. ‘Não teremos recursos para investir no negócio principal’, disse ele.


Singleton explicou o cálculo. ‘Em 2010, metade do nosso lucro operacional poderá ser decorrente de operações online’, disse. ‘Isso fará com que aumentemos nossos recursos online e os reduzamos na parte impressa. Isso é ruim se você está trabalhando no jornal impresso e é demitido, mas não é, porém, necessariamente ruim para o jornal ou para a indústria.’


Os analistas dizem que este estado de aperto pode se tornar uma norma, à medida que os jornais continuam a lutar para atrair os leitores jovens. ‘O problema para os jornais é a sensação entre montes de consumidores, particularmente aqueles com menos de 40 anos, de que os produtos convencionais do negócio de jornais não atendem às necessidades ou ao estilo de vida deles’, disse Merrill Brown, um consultor de mídia e ex-editor-chefe da MSNBC.com. Em 25 anos, de 1972 a 1997, disse ele, a porcentagem de pessoas com idade entre 30 e 39 anos que lêem um jornal todos os dias despencou de 73% para 30%.


O clichê que havia sido criado de que os jovens voltam-se para os jornais quando têm filhos e uma hipoteca para pagar não é mais verdadeiro, disse Brown. ‘Hoje em dia há muitas alternativas’, continuou ele. ‘Sim, eles vão querer saber o que o sistema escolar está fazendo, mas o jornal diário não será o veículo deles.’


ORGANIZAÇÕES MULTIMÍDIA


É por este motivo que muitos jornais estão se expandindo, transformando-se em organizações multimídia. ‘As empresas jornalísticas estão passando por dias difíceis, mas estão se reinventando’, disse Janet L. Robinson, diretora-presidente da The New York Times Co. ‘No momento em que mudanças seculares e cíclicas se estabilizarem, essas empresas estarão posicionadas para um crescimento futuro. Não somos apenas um jornal.’


A executiva está ajudando a liderar uma tentativa para convencer os anunciantes a olharem para a esfera da marca toda, incluindo o site na internet, de um jornal, em vez de enxergar apenas a sua versão impressa em papel.


Peter R. Kann, presidente do conselho da Dow Jones & Co., proprietária do jornal de economia e negócios The Wall Street Journal, um dos poucos jornais que têm conseguido cobrar os leitores pela edição online, disse que vê o Journal como ‘uma franquia que se estende através das mídias, assim como de fronteiras geográficas’.


Mesmo assim, continuou o executivo, as notícias que o jornal impresso coleta – e o próprio jornal impresso -, continuam fundamentais para o futuro da empresa. ‘Um pacote diário impresso das notícias mais importantes, insights e análises continua a ter um alto valor’, disse Kann.


Assim, apesar de todos os interesses nos novos meios de comunicação, algumas empresas, por pura necessidade, estão reinvestindo nas sua operações impressas. O The Wall Street Journal lançou uma edição de sábado e vai reduzir o tamanho de suas páginas (ver notícia nesta página). Singleton acaba de encomendar US$ 150 milhões em rotativas para o The Denver Post. O The Star Tribune, de Minneapolis, está passando por uma remodelagem para tornar suas páginas, no linguajar da Web, mais navegáveis.


Mas alguns detectam um pouco de exagero entre aqueles que prevêem um futuro róseo. John S. Carroll, recentemente renunciou ao cargo de diretor de redação do The Los Angeles Times, dizendo que o motivo foi, em grande parte, o ciclo implacável de cortes exigido pela Tribune Co., a empresa que edita o seu jornal. Ele expressou solidariedade em particular a Amanda Bennett, do The Inquirer.


‘Amanda está passando por um ciclo pelo qual a maioria de nós já passou’, disse ele, falando sobre a ordem para demitir funcionários da equipe dela. ‘Primeiro você diz: ‘Não, de jeito nenhum vou fazer isso’. Depois você conversa consigo mesmo e se convence que pode fazer algo positivo. Talvez seja a única forma de lidar com essas coisas. Você sabe que não necessariamente vai resultar numa grande coisa, mas precisa motivar a si mesmo’.’



WARNER EM CRISE


Nic Hopkins


‘Acionista critica a direção da Time Warner’, copyright O Estado de S. Paulo, 12/10/05


‘O bilionário Carl Icahn, um dos principais acionistas do conglomerado de mídia Time Warner, acusou ontem a direção da empresa de ‘pobreza de decisões’ e de um ‘triste recorde de erros’, em mais um passo de sua campanha por mudanças na estratégia do grupo. Icahn, um administrador de fundos que representa investidores donos de 2,8% da Time Warner, enviou uma carta aberta à direção da empresa na qual critica alguns negócios recentes, como as vendas da Warner Music Group e da Comedy Central por preços considerados baixos.


Ele também atacou a derrota para a Sony no leilão pela compra do legendário estúdio de cinema Metro-Goldwyn-Mayer. ‘A menos que este legado de decisões equivocadas seja completamente reconhecido, e que a direção seja chamada a prestar explicações, esse triste recorde de erros vai continuar, em detrimento dos acionistas’, diz a carta. Icahn ainda reiterou suas recomendações para que a companhia inicie uma recompra de ações de US$ 20 bilhões e crie uma subsidiária para sua unidade Time Warner Cable.



CHINA / INTERNET


Gilberto Scofield


‘Revisão na altura do Everest leva a disputa por domínios na internet’, copyright O Globo, 11/10/05


‘Horas depois de a China anunciar que a verdadeira altura do Monte Everest é de 8.844,43 metros, 3,7 metros a menos do que se acreditou durante três décadas, choveram pedidos para o registro de novos domínios na internet com o número, informou ontem a agência estatal de notícias do país.


O registro de sites como www.8844.com e variantes similares estão sendo muito solicitadas por internautas chineses, segundo Liu Zhijiang, porta-voz do Centro Estatal de Informação da Internet.


O Monte Everest – conhecido pelos chineses como Monte Qomolangma – encolheu 3,7 metros de acordo com uma pesquisa científica realizada pelo Escritório Estatal de Pesquisa e Mapeamento da China. O novo estudo, iniciado no início deste ano e realizado com o auxílio de satélites e de altímetros de última geração, mostra, no entanto, que a montanha continua sendo o ponto mais alto do mundo com seus 8.844,43 metros de altura.


Segundo Chen Bangzhou, diretor do escritório, a medida leva em consideração o ponto mais alto de rocha sólida e despreza a neve acumulada em cima. Ele destaca que a antiga medida – 8.848,13 metros – obtida numa pesquisa feita há 30 anos e padrão até hoje em todos os livros de geografia pelo mundo, chegou a um valor diferente não apenas porque os equipamentos de cálculo e satélites não eram tão sofisticados, mas também por conta da intensa atividade tectônica na região (e que está na raiz do terremoto que sacudiu a região Sul da Ásia no sábado).


Curiosamente, os modernos equipamentos de medição da espessura do gelo que envolve o Everest mostraram que a capa de neve que cobre o topo tem 3,5 metros.


‘Quando conduzimos a pesquisa anterior, em 1975’, disse Chen à imprensa chinesa, ‘os equipamentos eram menos precisos. Nós medíamos a profundidade da neve com uma simples haste de metal, o que significa que nós não medimos com precisão a superfície do topo da rocha’.



TV BANDEIRANTES


Daniel Castro


‘Band fecha ‘barraco light’ de Goldschmidt’, copyright Folha de S. Paulo, 11/10/05


‘Durou apenas dois meses o ‘projeto’ da Band de transformar Márcia Goldschmidt numa versão brasileira da americana Oprah Winfrey, a ‘celebridade mais poderosa do mundo’.


Na última sexta, a direção da emissora comunicou a Goldschmidt e à produção de seu ‘Jogo da Vida’ que aquele fora o último dia de gravação do programa, que permanecerá no ar no máximo até dezembro (com reprises).


O anúncio pegou a apresentadora de surpresa. Goldschimidt reagiu indignada: ela acredita que o insucesso do ‘Jogo da Vida’, que em agosto passou a ser diário, dentro do ‘projeto Oprah’, foi um erro de estratégia da Band. Quando o programa era exibido apenas aos domingos, chegava a dar 12 pontos de pico, encostando no ‘Domingo Legal’. Agora diário, não passava de dois pontos.


Goldschmidt, que ainda cederá seu espaço aos domingos para Raul Gil, chegou a ameaçar romper contrato com a emissora.


A Band não se pronunciou. A Folha apurou que sua direção avalia que o ‘Jogo da Vida’ não emplacou e já estuda um novo programa para Goldschmidt.


O ‘Jogo da Vida’ é uma versão ‘light’ do antigo ‘Hora da Verdade’, telebarraco bem-sucedido que Goldschmidt apresentou na Band até 2003. No lugar de discussões acaloradas, mostra transformações estéticas e histórias de pessoas apaixonadas, numa linha ‘divã eletrônico’.


OUTRO CANAL


Axé Nem só de notícia ruim vive a Band. Faltando seis meses para o Carnaval, a emissora já vendeu, para Ford e Schincariol, duas das cinco cotas de patrocínio do ‘Band Folia’, cuja principal atração é o Carnaval de Salvador. Na tabela, cada cota custa R$ 7,250 milhões.


Alta No ar em ‘Essas Mulheres’, Gabriel Braga Nunes foi escalado pela Record para ser o protagonista de ‘Cidadão Brasileiro’, história de Lauro César Muniz que irá inaugurar o novo horário de novelas da Record, às 21h, em março de 2006.


Campanha Fãs de ‘Essas Mulheres’, reunidos em comunidade no Orkut, estão disparando e-mails para críticos de TV pedindo para que votem na novela da Record como a melhor do ano.


Superdomingo SBT e Record empataram em 20 pontos no ‘duelo’, domingo à noite, de arrasa-quarteirões (a Record, com a ‘Era do Gelo’, e o SBT, com ‘Pearl Harbour’). Na mesma faixa, o ‘Fantástico’ cravou 28.


Olho mágico Nos últimos meses, aumentou o número de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus espionando o trabalho de profissionais da Record. Na semana passada, a direção da emissora mandou retirar as cortinas das divisórias de vidro das produções de programas da rede. Para facilitar o ‘trabalho’ dos ‘apontadores’.’