Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

RSF homenageia representantes da mídia

A organização Repórteres Sem Fronteiras divulgou em seu sítio [7/12/05] os vencedores do Prêmio Repórteres Sem Fronteiras – Fundação da França de 2005. A premiação anual homenageia um jornalista, um meio de comunicação, um defensor da liberdade de imprensa e um ciberdissidente. Os prêmios são concedidos há 13 anos por um júri internacional e têm o objetivo de chamar a atenção para a grande quantidade de ataques ao direito de informar o público e para a necessidade de se defender a liberdade de imprensa. O vencedor de cada categoria recebe 2.500 euros. Diversos vencedores do prêmio foram libertados semanas ou meses depois de serem homenageados.

O jornalista chinês Zhao Yan, pesquisador em Pequim do New York Times e ex-repórter da revista China Reform, foi o premiado da categoria de jornalistas que, através de seu trabalho, atitude ou princípios, expressaram um grande compromisso com a liberdade de expressão. Yan está detido em Pequim desde setembro de 2004 por suspeitas de fraude e revelar segredos de Estado. Ele pode ser condenado à morte por ter passado anotações a um colega de trabalho do New York Times sobre rumores da tensão entre o atual e o ex-presidente chineses. Outros candidatos concorrentes foram o colombiano Daniel Coronell, obrigado a ir para os EUA depois de investigar assassinatos na comunidade de San José de Apartadó; o cubano Héctor Fernando Maseda Gutiérrez, preso desde março de 2003 e condenado a 20 anos de prisão, na perseguição do governo de Fidel Castro aos dissidentes do regime; o iraniano Akbar Ganji, principal jornalista investigativo do Irã condenado a seis anos de prisão; e o uzbeque Tulkin Karaev, detido há duas semanas e obrigado a deixar o país.

A empresa de mídia vencedora na categoria meio de comunicação que exemplifica a batalha pelo direito de informar o público foi a Tolo TV, principal emissora de televisão privada do Afeganistão. Fundada pelo grupo afegão-australiano Moby Capital Partners, a emissora produz programas noticiosos e de música independentes, que contrastam com o estilo seco da televisão estatal. Desde que foi lançada, em outubro de 2004, as autoridades religiosas vem classificando sua programação como imoral e anti-islâmica e pressionam duramente para seu fechamento. Apesar das ameaças, a Tolo TV continua a operar e estreou recentemente um talk-show para mulheres afegãs.

A União Nacional de Jornalistas Somalis (UNJS) foi homenageada na categoria de defensores de liberdade de imprensa. Fundada em Mogadício, capital da Somália, em 2002, ela vem defendendo jornalistas e a liberdade da imprensa em um país dividido por uma guerra civil desde 1991. A UNJS realizou investigações e alertou organizações internacionais de mídia sobre dezenas de casos contra a liberdade de imprensa. Os responsáveis pela organização tiveram de deixar o país em setembro, após sofrerem uma campanha de ataques, intimidações e ameaças de uma milícia não identificada.

O estudante de jornalismo sírio Massoud Hamid foi o vencedor da categoria de ciberdissidentes. Hamid foi um dos poucos jornalistas que conseguiu tirar e mandar para o exterior fotos de demonstrações pró-curdas na Síria. Por isso, ele foi condenado a três anos de prisão em outubro de 2004 e passou o primeiro ano em uma solitária. Hamid foi torturado diversas vezes com um chicote com cravos nas solas de seus pés, que estão agora totalmente paralisados.