Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Saudade de quem despertou cedo para a eternidade

A morte prematura do radialista Erivaldo Gonçalves, ocorrida na manhã de terça-feira (26/2), ainda repercute em todo o município de Aurora, sul do Cariri cearense (região de padre Cícero, José Lourenço e Aldemir Martins). A população ainda está a lamentar profundamente a perda do comunicador da rádio Educativa Aurora do Povo FM. Em todos os locais por onde quer que se ande, o assunto ainda constitui um tema dos mais recorrentes. O locutor Erivaldo Gonçalves, com seu programa de todas as tardes, era líder de audiência. Dono de um estilo próprio e eclético de trabalhar, prestava serviços desde os anos 1980 em diversos órgãos de imprensa da região, muito especialmente do chamado Cariri Oriental do alto Salgado.

Além da FM 102.3, Erivaldo compunha ainda a equipe da assessoria de imprensa da Prefeitura e da Câmara Municipal, era também repórter da revista Aurora e responsável pelo enfoque policial da emissora local. Era uma figura humana divertida e amigável marcada pelo carisma e simplicidade.

Recentemente, durante o Carnaurora, fundou o bloco Filhinhos do Papai e já se preparava para coordenar os trabalhos da quadrilha junina ‘O Canto do Sabiá’, do colégio municipal Romão Sabiá, como preparação para o festival junino.

‘Infância da imortalidade’

Juntos, havíamos participado recentemente da TV Diário de Fortaleza, por ocasião do pré-lançamento da revista Aurora, da qual sou editor e redator, a convite do advogado Paulo Napoleão Quezado, filho da terra (ex-deputado e presidente da OBA-CE), de quem era igualmente amigo particular. Por último, tinha feito belo trabalho de reportagem para meu último livro, Enxada, Foice e Suor. Tínhamos outros projetos que em sua memória haveremos de levar a cabo, posto que ele, além de entusiasta, era partícipe.

Seu sepultamento foi um dos mais emocionantes e participativos dos últimos tempos. O grande de número de pessoas dos mais diferentes matizes que foram prestar as últimas homenagens ao radialista foi uma demonstração inequívoca da sua popularidade e do quanto os seus ouvintes aurorenses o admiravam. Aurora ainda está de luto pela perda de um de seus filhos mais amados. Seus amigos verdadeiros estão tristes e a radiofonia do Cariri Oriental mais pobre por seu desencarne. Consola-nos, todavia, saber que a morte não existe. E como tal, Erivaldo Gonçalves não morreu, apenas despertou mais cedo que nós para a eternidade. Como bem dissera Goethe, ‘a vida é apenas a infância da nossa imortalidade’. Digamos, então: viva o confrade e irmão Erivaldo por ter ascendido à maturidade da vida plena na esfera espiritual até que nos encontraremos todos novamente…

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Pesquisador, poeta e escritor