Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Um computador por testemunha

O Rio não merece: em três meses, dois horrores. No início de janeiro, o dilúvio sobre a região serrana do estado, na quinta-feira (8/4) pela manhã, o massacre numa escola em Realengo, zona oeste da cidade.


A primeira tragédia foi a vingança da natureza, maior catástrofe ocorrida no país em número de vítimas; a segunda teria sido vingança de uma mente doente e perversa, um louco manso, calmo e sanguinário.


A mídia cobriu com rapidez e emoção. Celulares e câmeras domésticas serviram novamente para reviver o pesadelo com enorme rapidez e impacto. Emissoras de rádio e televisão comoveram o país, atravessaram fronteiras, oceanos e deixaram aos jornais de sexta-feira a complexa tarefa de responder à perplexidade e às dolorosas perguntas que só agora começam a ser formuladas.


Amor aos bichos


Por que razão, a partir de 1966, as escolas começaram a se transformar em campos de morte quando são casas do saber? Da China à Finlândia, mas sobretudo nos Estados Unidos, escolas e universidades transformaram-se em campos de batalha onde a doença mental alia-se à doença social, a covardia alia-se ao narcisismo e a solidão converte-se em ódio ao semelhante.


Wellington Menezes de Oliveira, aparentemente, preferia atirar na cabeça ou tórax das meninas, nos meninos feria nos braços ou pernas. Na carta que digitou não há graves erros de português, parece lúcido, fala em Deus, Jesus, insiste em exigir pureza nos rituais do seu sepultamento.


Tinha amor aos animais, mas não possuía amigos, apenas um computador que destruiu antes iniciar a diabólica faina.