Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Um elemento fundamental no processo de discussões

A sociedade civil organizada vem cobrando com veemência a realização da Conferência Nacional de Comunicação, onde haverá oportunidades de realização de uma discussão sobre o futuro e o presente das comunicações bem como refletir sobre o papel dos diversos agentes envolvidos no processo de emissão, produção e conseqüências das diversas formas de comunicação que tem chegado até nós no momento atual. A comunicação como direito humano é importante na coesão da sociedade, na difusão de idéias e no processo de formação de nosso povo através das mensagens emitidas e no cotidiano da informação. O meio rádio também merece um pouco de participação neste processo e tem também de ser um elemento de discussão no processo de discussões da Conferência visto que é um dos meios de grande importância histórica e pela sua versatilidade e facilidade de acesso está presente do cotidiano de milhões de brasileiros.

É importante que a Conferência de Comunicação abra espaços firmes e fortes para uma discussão sobre aspectos da comunicação radiofônica que não devem nem podem ficar de fora do processo de discussão e dos temas levantados neste evento que tem sido utilizado politicamente e ideologicamente por alguns grupos o que tem provocado seu entrave em função do jogo de interesses que lhe envolve. O meio rádio há muito tempo se ressente de um processo de discussão onde temas como a viabilidade econômica, o processo de arrendamento. A descaracterização de suas funções pelos grupos religiosos e a situação dos que fazem rádio precisam ser exaustivamente discutidos pelos membros da Conferência. O rádio precisa ser desnudado, precisa ser estudado, precisa ser valorizado, precisa ser plenamente entendido tanto em sua importância como nos porquês de seu sucateamento no momento atual. É preciso que a sociedade civil seja organizada para entender o que se passa no rádio e tenha nas mãos o conhecimento do papel que o rádio sempre exerceu na sociedade e que hoje vem sendo impelido a se descaracterizar em função dos interesses que povoam este meio de comunicação.

Mais investimentos e empregos

O rádio tem de ser discutido levando – se em conta os interesses de seus usuários para que sejam entendidos todos os interesses dos usuários de comunicação radiofônica. Será que os que se dizem proprietários de rádio sabem o que realmente os clientes querem do rádio? Será que a audiência é realmente medida por segmentação Qual o tipo de rádio que os ouvintes querem realmente? Por que se despreza tanto o rádio? Por que as outras mídias procuram entender o rádio como mero personagem nostálgico fadado ao esquecimento? Perguntas como essa tem de fazer parte do debate sobre o rádio e tem de haver oportunidades dos usuários deste meio dizerem o que pensam e que tipo de rádio deve ser buscado pelos agentes envolvidos no processo de emissão de programas e da comunicação radiofônica como um todo. O rádio tem de ser um dos pilares centrais do processo de discussão da Conferência das Comunicações dando aos participantes oportunidade de entender o contexto sócio – cultural que irá fortalecer a importância deste meio de comunicação que apesar de octagenário tem grande força perante a sociedade.

O momento de reflexão sobre comunicação proporcionado pela Conferência Nacional de Comunicação encaixa perfeitamente nas proposituras e nas idéias dos que estão envolvidos na comunicação radiofônica no momento em que este meio precisa urgentemente ser repensado tanto na qualidade da mensagem quanto na necessidade de modernização de pensamentos sobre o rádio no momento atual. É preciso urgentemente que haja um processo de formação de opiniões sobre a importância do rádio no momento em que seu processo de mensagens vem sendo deturpado pelos interesses políticos e pelas concepções errôneas de religião que vem se apoderando do rádio no momento atual. É preciso que hajam mais investimentos publicitários para o rádio que precisa da viabilidade econômica que gere programas de boa qualidade e empregabilidade para os profissionais que fazem o mundo do rádio.

Algumas considerações para uma análise

No processo de cristalização da Conferência de Comunicação é preciso que hajam oportunidades de compreensão do tipo de rádio que os ouvintes querem e qual o modelo de comunicação que o rádio deve dar aos que procuram este meio de comunicação. É urgente mudar a concepção de ouvinte que deve exigir do rádio uma comunicação séria, verdadeira e, sobretudo, respeitosa. É preciso que se entenda as razões de quem ouve rádio e se compreenda a visão de rádio que os usuários querem. É preciso que a haja um processo preparatório de identificação da opinião dos ouvintes sobre o rádio que temos na atualidade e uma compreensão dos problemas que hoje povoam a situação do rádio no momento.

Para finalizar, é importante que sejam listadas algumas considerações que são válidas para uma análise séria e plenamente verdadeira sobre o mundo do rádio:

Quais elementos estão envolvidos nos processos de concessões de rádio?

Qual o papel dos grupos políticos e religiosos no meio rádio?

O que a ouvinte pensa do rádio atual?

Por que o rádio não ouve a opinião dos ouvintes sobre a programação?

O que há por trás das fusões e arrendamento de emissoras de rádio?

Por que os grupos religiosos estão invadindo as emissoras de rádio?

Qual a viabilidade econômica do rádio?

Por que as emissoras estão cada vez mais se afastando dos ouvintes?

Qual o papel do rádio na vida das pessoas?

Quais as especificidades do rádio?

Por que o rádio vem sendo sucateado?

Se o rádio é uma mídia falida, por que a política vem se apoderando do rádio?

Que mudanças devem ser feitas no rádio para a conquista de novos ouvintes (público jovem)?

Que tipo de rádio temos e que tipo de rádio queremos?

O rádio vai acabar com o advento das outras mídias?

Para aquecer o debate é importante que os usuários das comunicações procurem urgentemente lutar pela realização da Conferência da Comunicação e ocupe o espaço que lhe cabe neste processo para o bem do rádio e para a construção de uma sociedade melhor para todos indistintamente.

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE