Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um ouvinte da história

A Rádio Globo, do Rio de Janeiro, completa 60 anos de atividades. Foi inaugurada em 2 de dezembro de 1944, pelo jornalista Roberto Marinho. A emissora passou pela Era de Ouro do rádio e pelos anos seguintes, quando o veículo teve que atuar de forma diferenciada, com a chegada da televisão. As décadas de 70 e 80 marcaram o rádio, segmentado em programas de entretenimento popular e grandes coberturas do futebol.

Motivado a sintonizar notícias do futebol carioca, acabei acompanhando toda a programação diária da Rádio Globo, a partir do fim dos anos 70 e início dos anos 80. Assim, com o receptor analógico sintonizado nas ondas curtas de 49 e 25 metros, de uma cidade do interior do Espírito Santo, era possível acordar ouvindo o programa do Luciano Alves. Às 7h, ia ao ar a primeira edição do Correspondente Globo, logo depois da vinheta ‘São sete horas em ponto’. Após o noticiário, a Globo dava espaço ao Paulo Giovanni Show.

Um cara tão legal

Na metade da manhã ia ao ar um programa que fazia o ouvinte pensar: o Programa Haroldo de Andrade. O quadro Debates Populares tinha a participação de comentaristas como Hélio Thyz e Artur da Távola. Houve uma época em que Haroldo de Andrade acompanhava diariamente todas as novidades das novelas da TV Globo. Jamais esqueci o nome da repórter que ele chamava nos camarins da televisão: Eliete Beleza Dias. E quem não se lembra da famosa ‘Pergunta do dia’?

Por volta do meio-dia, quando o sinal em ondas curtas geralmente é ruim, ainda dava para acompanhar os esportes e o programa do Roberto Figueiredo. Para quem não se lembra, Figueiredo foi o locutor da última edição do Repórter Esso, pela própria Rádio Globo, quando chegou às lágrimas. Acredito que, sem precisar datas, o espaço foi ocupado, ainda, por um radioteatro que dramatizava casos de polícia da Cidade Maravilhosa. Um dos nomes, nesta dramatização, era o de Afonso Soarez, que também foi comentarista de futebol e integrante dos Debates Populares do Haroldo de Andrade.

‘Waldir Vieira é um cara tão legal! Na Rádio Globo ele é sensacional!’ Este era um dos slogans que apresentava o locutor das tardes: Waldir Vieira. Ele comandava os microfones da Rádio Globo, das 13h às 17h, e também nas manhãs de domingo. Como todo bom programa popular, Vieira conversava com ouvintes, pelo telefone. Sempre trazia as famosas charadas que começavam mais ou menos assim: ‘O que é o que é?’. Waldir Vieira teve um fim trágico: no auge do sucesso, foi encontrado morto, num motel, na Zona Sul do Rio.

Bons sambistas

E os espaços comerciais? Bom, sempre tinha um anúncio de supermercado oferecendo, na promoção, a geléia de mocotó Inbasa, o iogurte Yoplait, o leite Vigor, os biscoitos Piraquê, as batatas HBT, entre outros. Entre os anunciantes daquela época lembro do Disco (‘o caminho certo!’), e Casas da Banha, Sendas, Mesbla, Casas Huddersfield (‘difícil de pronunciar, mas fácil de encontrar!’), A Camélia Flores, Francisco Xavier Imóveis, entre outros.

Da programação do fim de tarde da Rádio Globo, lembro pouco detalhes, apenas de Carlos Bianchini, que depois foi o apresentador do Jornal da Manchete, na emissora do mesmo nome, já na metade dos anos 80. Em seguida, após a saída de Bianchini, recordo que o horário foi ocupado por Edmo Zarife, que ficou famoso por ser a voz que faz a vinheta ‘Brasiiil’, usada nas jornadas de futebol da Globo até os dias atuais.

E quais as músicas que a Rádio Globo tocava naquela época? Bom, felizmente, não existiam os pagodes. Lembro que Luciano Alves gostava de tocar o grupo mineiro 14 Bis, principalmente a música Planeta Sonho. Bons sambistas também eram valorizados: João Nogueira, Roberto Ribeiro, Clara Nunes, Agepê, Luiz Américo, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, entre outros.

O Globo no Ar

Antes da Voz do Brasil, a Globo falava mais de futebol. Depois do programa, ainda havia mais meia-hora do Projeto Minerva (quem lembra?) para, então, voltar à programação esportiva. Após os esportes, um apresentador que tenho guardado na lembrança é Gilberto Lima. Ele foi o narrador que antecedeu Dirceu Rabello no programa Fantástico, e morreu no auge da carreira.

Nas manhãs de domingos, havia um programa interessante: A preparada do Mário Luiz. Era um espaço onde cantores, atores e outros convidados iam até os estúdios da emissora para medir forças respondendo a perguntas ‘preparadas’ pelo então gerente da emissora. O método, depois, foi muito usado em programas de televisão.

De hora em hora, até os dias atuais, a emissora apresenta as notícias no tradicional O Globo no Ar. Pelo noticiário, passaram nomes como Dirceu Rabello, Léo Batista, Isaac Zaltman, César Donery e Luís de França que, mais tarde, tornou-se comunicador popular da estação. Já na unidade móvel da emissora, o famoso ‘amarelinho da Rádio Globo’, lembro o nome do repórter João Vitta.

Parabéns, Rádio Globo!

******

Jornalista e radioescuta (www.romais.jor.br)