Quem tiver oportunidade de viajar para os diversos rincões de nosso território vai constatar que cada lar, por mais afastado que seja tem o radinho seja o mais rústico, seja o mais sofisticado presente nas diversas famílias de nosso país. O rádio é, sim, um instrumento importantíssimo nos lares ao informar a hora, ao mostrar o que está acontecendo no mundo e ao fazer parte do contexto histórico, político e social da vida de nosso povo. A importância do rádio é muito grande e tal importância é provada pelo fato de que mesmo com o advento de tantas quantas mídias ainda é o rádio que chega no cotidiano das pessoas e no dia-a-dia da cidadania sempre necessária para um mundo melhor.
Em recente postagem de um blog referente à comunicação (ver aqui) o autor do blog mostrava que em um dia chuvoso de nossa cidade e em meio a falta de comunicações em outros setores o rádio teria pautado o programa de rádio e muitas informações foram dadas sobre locais de maior ou menor fluxo de veículos, dos problemas gerados pela chuva e da situação em que estava a cidade neste momento. Neste mesmo blog uma pesquisa dava conta de que o elemento de maior credibilidade era o rádio, claro que a amostra era pequena, mas mostra a força deste meio de comunicação na vida de nosso povo.
Processo de sucateamento
A luta pela valorização do rádio e por sua melhoria é uma bandeira forte que deveria ser empunhada por todos. No entanto, esta constatação ainda não foi totalmente assimilada por muitos setores da mídia que insistem em desprezar o rádio e deixar que ele fique à mercê de outros interesses alheios ao verdadeiro sentido da comunicação e da importância de um meio que resistiu a várias mudanças e aos diversos processos de sucateamento promovidos pelos que hoje se dizem donos de emissoras e provocam trocas, barganhas e submissão aos interesses políticos e religiosos que tanto mal causam a este meio de comunicação.
No contexto atual vemos que as igrejas estão dominando o rádio e destruindo o sentido da comunicação que deve ser plural, diversificada e atender aos interesses de seus usuários. O que alguns grupos religiosos tem feito do rádio é passível de intervenção da justiça, pois o sentido da comunicação não é atender a interesses de grupos e sim do povo em geral. Precisamos urgentemente rever a situação de domínio do rádio pelos grupos religiosos e exigir o verdadeiro sentido da comunicação que vem sendo desvirtuado pelos interesses meramente mercantilistas de algumas denominações religiosas de todos os setores. Defendemos que o rádio deva ser plural e deva contemplar a todas as pessoas independentes de cor, credo ou preferência política.
Há muito por se fazer no rádio e somente o processo de organização da sociedade poderá mudar o contexto de hoje que deve ser mudado para o bem da comunicação e para a melhoria deste meio como um todo. A luta por um rádio melhor poderia ser desencadeada pelos seus personagens que deveriam pensar ativamente nos que às vezes são prejudicados pela incorporação de emissoras, pelo domínio das denominações religiosas e pela concretização de um processo de sucateamento desencadeado pelos supostos proprietários deste meio de comunicação.
O valor dos relacionamentos
O mundo moderno precisa, precisou e sempre precisará do rádio por sua comunicação que é versátil, simples e sem muita sofisticação para estar presente nas vidas das pessoas. O rádio estará sempre conosco e fará sempre parte da vida de todos os cidadãos que tem no rádio a comunicação imediata e versátil que é o desenrolar de uma vida melhor e mais ativa no sentido de garantir cidadania, participação e alegrias que somente este meio tem o poder de concretizar.
A importância do rádio deve ser ressaltada, resgatada para o bem da comunicação e para um sentido vital de melhorar a vida de nosso povo e garantir que todos possam saber o valor dos relacionamentos proporcionados pelo rádio ontem, hoje e sempre.
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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE