Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Unir Radiobrás e TVE é primeiro desafio da TV pública

O ministro Franklin Martins, titular da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, esteve nesta sexta, 20, na solenidade de posse do novo presidente da Radiobrás, José Roberto Garcez, que assume no lugar de Eugênio Bucci. A mensagem de Martins não poderia ter sido mais direta: ‘A perspectiva é de continuidade, mas haverá muito trabalho sob novas circunstâncias. Há uma disposição do presidente Lula de levantar uma rede pública de televisão e posteriormente de rádio. Não vamos inventar a roda, mas precisamos fazê-la girar com o que já existe, unificando as estruturas’, disse Franklin Martins. Ou seja, Radiobrás e TVE serão integradas, e serão o embrião do que se pretende como uma TV pública. ‘Vai ser uma missão fascinante, mas também desafiadora. São pessoas diferentes, estruturas diferentes, regimes jurídicos diferentes, corporativismos diferentes. Não é certo que vamos conseguir, mas é possível, se nos livrarmos de pequenas vaidades, porque das grandes ninguém se livra’, brincou o ministro.

Ao fazer estas declarações, Franklin Martins talvez tenha tocado no ponto mais complicado da execução do projeto de TV pública, que é juntar culturas diferentes em torno de um mesmo objetivo. O fato é que, concretamente, Radiobrás e TVE são complementares. A primeira, com grande estrutura jornalística e na cobertura de eventos, e com presença em mídia digital (com a Agência Câmara), rádio e TV. A segunda, com uma grande quantidade de horas de programação em vários gêneros, do segmento infantil e juvenil aos debates, produções e co-produções independentes. Mas a verdade é que ainda que compartilhem estruturas em muitos casos e tenham até programas conjuntos, TVE e Radiobrás nunca conseguiram formar uma rede única, seja pela disparidade geográfica (a Radiobrás está estruturada em Brasília e a TVE, no Rio), seja pelos aspectos distintos das programações. Juntas, as duas terão um orçamento de cerca de R$ 200 milhões por ano e mais de 2 mil funcionários, o que segundo Martins é um belo começo para uma rede pública.

Após quatro anos de gestão independente, sem excesso de interferência política e com gestões profissionais, as duas empresas estão organizadas, relatam seus funcionários. ‘Defendo a unificação das duas redes. Não pode haver dispersão. Mas isso nos obrigará a mudar, e estamos prontos para isso’, diz Garcez. ‘Colocamos a Radiobrás no centro de um projeto de política pública de comnunicação’, disse o novo presidente da Radiobrás em seu discurso de posse.

‘Na TVE, buscamos investir ao longo dos últimos anos em uma estrutura de televisão que hoje consegue ter 90% de sua programação própria, com seis faixas de audiência sendo atingidas, com vários gêneros de programação. Não sei como serão as estruturas da TV pública, se será uma única estrutura ou duas. E nem posso dizer que todos já estejamos prontos, mas pelo menos há uma boa base para uma TV pública’, disse a esse noticiário Beth Carmona, presidente da TVE.

Despedida

Em seu discurso de despedida, Eugênio Bucci destacou que os princípios do que é a TV pública encomendada pelo presidente Lula foram postos em 2003. ‘Lá atrás estabelecemos os objetivos estratégicos de uma rede que serviria à população, e não ao governante. Que fosse uma rede de excelência jornalística, que não sirva ao culto da imagem do governante ou à propaganda partidária e que informe as atividades do Estado e do governo’.

Bucci disse a este noticiário que está disposto a continuar contribuindo com o projeto da rede pública, mas que considerava sua missão administrativa à frente da Radiobrás cumprida. ‘A Radiobrás está pronta para ser um parte da TV pública, comigo ou sem. Mas já disse ao ministro que estou à disposição para continuar ajudando’.

Segundo o ministro Franklin Martins, apesar de o projeto prever a unificação das estruturas da Radiobrás e da TVE para formar o embrião da TV pública, haverá uma pequena divisão, dentro desta estrutura, responsável pela parte de informação do Executivo. ‘Mas não acho que seja necessário ao Estado ter uma Radiobrás inteira para isso’.

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Do TelaViva News