A perseguição dos paparazzi – que atinge de celebridades do cinema a vítimas de circunstâncias trágicas, como atentados terroristas – foi o tema da primeira semana de testemunhos ao Inquérito Leveson, na Alta Corte de Londres. Liderado pelo juiz Brian Leveson, o inquérito foi aberto a pedido do primeiro-ministro britânico, David Cameron, após os escândalos dos grampos no tabloide News of the World. Em outubro, foram realizados seminários com membros da imprensa do Reino Unido sobre temas específicos, como regulação e responsabilidade. Em novembro, tiveram início os depoimentos de vítimas de grampos telefônicos, que têm a oportunidade de mostrar o impacto da invasão de privacidade em suas vidas.
Os casos contados por quem já foi perseguido pelos paparazzi chegam a ser cômicos de tão absurdos. Os fotógrafos pularam do mato para surpreender Kate McCann, mãe da menina Madeleine, desaparecida em Portugal, pendurando-se no carro dela para tentar captar alguma expressão de fúria ou aflição; também perseguiram a atriz Sienna Miller por uma estrada; e ficaram de tocaia à espera da mãe do bebê do ator Hugh Grant.
“Tire a câmera deles e são um bando de homens caçando uma mulher. O fato de terem câmeras parece tornar suas ações legais, mas eles são culpados de assédio”, desabafou Sienna Miller em seu testemunho. A escritora JK Rowling, autora da série de livros sobre o bruxinho Harry Potter, chegou a ficar tão frustrada com fotógrafos que tentavam tirar fotos de seus filhos que uma vez correu atrás de um empurrando um carrinho de bebê. Max Mosley, ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo, criticou os fotógrafos que foram à casa de seu filho, Alexander, que morreu de overdose. “Achei um absurdo tirarem fotos naquela situação”, disse.
Pelos relatos, parece que pouco mudou desde que os tabloides britânicos anunciaram, em 2007, que não usariam mais fotos de paparazzi de Kate Middleton, então namorada do príncipe William, que havia sido cercada e perseguida por uma multidão de fotógrafos na frente de sua casa em seu aniversário de 25 anos. Indo um pouco mais atrás, parece que nada mudou desde a morte da princesa Diana, em 1997, após uma perseguição em alta velocidade nas ruas de Paris. Informações de Dan Sabbagh [The Guardian, 25/11/11].
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