Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Wagner Moura: a meleca no cabelo e a idiotização da TV

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Sexta-feira, 30 de maio de 2008


TELEVISÃO
Wagner Moura


‘Meleca no ator’, 29/5


‘Quando estava saindo da cerimônia de entrega do prêmio APCA, há duas semanas em São Paulo, fui abordado por um rapaz meio abobalhado. Ele disse que me amava, chegou a me dar um beijo no rosto e pediu uma entrevista para seu programa de TV no interior. Mesmo estando com o táxi de porta aberta me esperando, achei que seria rude sair andando e negar a entrevista, que de alguma forma poderia ajudar o cara, sei lá, eu sou da época da gentileza, do muito obrigado e do por favor, acredito no ser humano e ainda sou canceriano e baiano, ou seja, um babaca total. Ele me perguntou uma ou duas bobagens, e eu respondi, quando, de repente, apareceu outro apresentador do programa com a mão melecada de gel, passou na minha cabeça e ficou olhando para a câmera rindo. Foi tão surreal que no começo eu não acreditei, depois fui percebendo que estava fazendo parte de um programa de TV, desses que sacaneiam as pessoas. Na hora eu pensei, como qualquer homem que sofre uma agressão, em enfiar a porrada no garoto, mas imediatamente entendi que era isso mesmo que ele queria, e aí bateu uma profunda tristeza com a condição humana, e tudo que consegui foi suspirar algo tipo ‘que coisa horrível’ (o horror, o horror), virar as costas e entrar no carro. Mesmo assim fui perseguido por eles. Não satisfeito, o rapaz abriu a porta do táxi depois que eu entrei, eu tentei fechar de novo, e ele colocou a perna, uma coisa horrorosa, violenta mesmo. Tive vontade de dizer: cara, cê tá louco, me respeita, eu sou um pai de família! Mas fiquei quieto, tipo assalto, em que reagir é pior.


O táxi foi embora. No caminho, eu pensava no fundo do poço em que chegamos. Meu Deus, será que alguém realmente acha que jogar meleca nos outros é engraçado? Qual será o próximo passo? Tacar cocô nas pessoas? Atingir os incautos com pedaços de pau para o deleite sorridente do telespectador? Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos; pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores que faz, por exemplo, com que uma emissora de TV passe o dia INTEIRO mostrando imagens da menina Isabella. Estamos nos bestializando, nos idiotizando. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice. Amigos, a mediocridade é amiga da barbárie! E a coisa tá feia.


Digo isso com a consciência de quem nunca jogou o jogo bobo da celebridade. Não sou celebridade de nada, sou ator. Entendo que apareço na TV das pessoas e gosto quando alguém vem dizer que curte meu trabalho, assim como deve gostar o jornalista, o médico ou o carpinteiro que ouve um elogio. Gosto de ser conhecido pelo que faço, mas não suporto falta de educação. O preço da fama? Não engulo essa. Tive pai e mãe. Tinham pais esses paparazzi que mataram a princesa Diana? É jornalismo isso? Aliás, dá para ter respeito por um sujeito que fica escondido atrás de uma árvore para fotografar uma criança no parquinho? Dois deles perseguiram uma amiga atriz, grávida de oito meses, por dois quarteirões. Ela passou mal, e os caras continuaram fotografando. Perseguir uma grávida? Ah, mas tá reclamando de quê? Não é famoso? Então agüenta! O que que é isso, gente? Du Moscovis e Lázaro (Ramos) também já escreveram sobre o assunto, e eu acho que tem, sim, que haver alguma reação por parte dos que não estão a fim de alimentar essa palhaçada. Existe, sim, gente inteligente que não dá a mínima para as fofocas das revistas e as baixarias dos programas de TV. Existe, sim, gente que tem outros valores, como meus amigos do MHuD (Movimento Humanos Direitos), que estão preocupados é em combater o trabalho escravo, a prostituição infantil, a violência agrária, os grandes latifúndios, o aquecimento global e a corrupção. Fazer algo de útil com essa vida efêmera, sem nunca abrir mão do bom humor. Há, sim, gente que pensa diferente. E exigimos, no mínimo, não sermos melecados.


No dia seguinte, o rapaz do programa mandou um e-mail para o escritório que me agencia se desculpando por, segundo suas palavras, a ‘cagada’ que havia feito. Isso naturalmente não o impediu de colocar a cagada no ar. Afinal de contas, vai dar mais audiência. E contra a audiência não há argumentos. Será?


WAGNER MOURA é ator’


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 30 de maio de 2008


CÉLULAS TRONCO
Folha de S. Paulo


A favor da pesquisa


‘A DECLARAÇÃO, pelo Supremo Tribunal Federal, da constitucionalidade do artigo 5º da Lei de Biossegurança (nº 11.105), que autoriza o uso de células-tronco de embriões humanos para pesquisa, significa antes de mais nada a vitória da lógica e da razão prática sobre especulações de inspiração religiosa.


A Lei de Biossegurança, afinal, está longe de constituir um diploma permissivo ou mesmo liberal. Ela limita as pesquisas com embriões humanos a remanescentes de tratamentos de fertilidade, que já existem e não foram nem seriam implantados num útero, sendo, portanto, nulas suas chances de produzir um ser humano em ato.


Preferir, em nome de um etéreo princípio de respeito à vida, manter esses blastocistos congelados indefinidamente a utilizá-los em investigações médicas de alta relevância, que poderão um dia debelar males hoje incuráveis, seria um contra-senso.


O ministro Carlos Alberto Direito, que em março interrompera o julgamento com pedido de vista, tentou conciliar sua visão ultracatólica com a necessidade de avançar nas pesquisas. Mas o resultado, um voto pela parcial inconstitucionalidade, lembra um pouco a omelete sem ovos: as pesquisas são válidas, desde que não impliquem destruição de embriões. Se a tese prevalecesse, os experimentos ficariam inviabilizados na prática.


Felizmente cinco magistrados acompanharam o relator, o ministro Carlos Ayres Britto, e rechaçaram a suposta inconstitucionalidade da Lei de Biossegurança. Cinco discordaram parcialmente, e em graus diversos, de seu voto. A maioria entendeu que a discussão, mesmo quando travada sob a égide de princípios, e não em termos puramente pragmáticos, só pode ser equacionada no campo do direito, pois a ciência é incapaz de apontar um instante mágico a partir do qual um emaranhado de células se converte num ser humano titular de direitos.


Essa questão já foi há tempos pacificada pela doutrina. Como foi lembrado no julgamento que acabou ontem, pessoas e embriões são ambos titulares de direitos, mas de direitos diferenciados. Os de indivíduos já nascidos têm total primazia, ou a lei jamais poderia autorizar, como o faz desde 1943, o chamado aborto necessário (art. 128 do Código Penal), executado por médico para salvar a vida da mãe.


Tampouco faria sentido nossos sucessivos Códigos Civis determinarem, como o fazem pelo menos desde 1916, que a personalidade civil, isto é, o conjunto dos atributos jurídicos da pessoa, surge apenas quando o bebê nasce vivo.


A confirmação da validade constitucional da Lei de Biossegurança representa um ato de solidariedade intertemporal com as gerações que poderão beneficiar-se de novas terapêuticas. Significa, também, uma vitória da liberdade de pesquisa e do Estado laico sobre uma ética privada, a religiosa, a qual, embora merecedora de todo respeito, não pode ser imposta ao conjunto dos cidadãos.’


 


Janio de Freitas


A resposta


‘ÀS 16H40 encerrou-se ontem o percurso de três anos de esperanças e temores, reações e grupos de pressão em torno do destino a ser dado, pelo Supremo Tribunal Federal, à ação contra a lei de liberdade de uso das células-tronco para pesquisa e, com seu esperável êxito, tratamento médico de males hoje insanáveis. Ainda antes de concluídos os votos individuais dos 11 ministros, o Supremo consagrou uma concepção de liberdade que não se restringe ao direito de pesquisa, mas que vai aos poucos perfurando a armadura de conservadorismos, preconceitos e dominações que fez a história do Brasil.


Alguns ministros registraram, com clareza, a fenda larga que se abre, com o reconhecimento da liberdade de pesquisas com células-tronco, para que o futuro retome ou abra, sem grande tardança, o debate e a decisão sobre questões próprias dos avanços no mundo contemporâneo, como o direito à interrupção da gravidez indesejada e o direito a preferir a morte ao sofrimento final sem alívio.


É lugar-comum o reconhecimento da lentidão com que a humanidade segue no seu caminho sinuoso e acidentado. No Brasil que figurou entre os mais retardatários do Ocidente, por força de circunstâncias externas mas sobretudo das internas, o julgamento de agora significou a contraposição enfim decisória, porque nos termos e instância adequados, que há anos ocorre só por sua própria conta. Por exemplo, entre defensores em geral e adversários religiosos da difusão ampla de preservativos contra a Aids. Como se deu antes com a licença de produção das pílulas anticoncepcionais.


As sessões de julgamento proporcionaram exposições de erudição para todos os gostos e todas as necessidades, com um curso completo de embriologia, reflexões epistemológicas sobre a ciência, fundamentos e métodos da biociência, premissas da escola filosófica de Frankfurt e, dada a origem da divergência básica, não faltariam alguns fundamentos teológicos. Foi um espetáculo bonito. Como o julgamento se encerrou em três sessões, não cheguei a me tornar intelectual. O que me leva a admitir que uma pergunta pouco ou nada percebida iria, por si só, ao centro da questão posta. Formulou-a, sem se deter convenientemente nesse expressivo ponto que lhe ocorreu, o ministro Joaquim Barbosa: se negada a liberdade de pesquisa, em nome da vida dos embriões recolhidos à inutilidade no congelamento, ‘aceitaremos os tratamentos criados por pesquisas com células-tronco de outra nacionalidade?’


Se a vida que se perderia com a célula-tronco em pesquisa é razão absoluta para a recusa à pesquisa, a resposta só pode ser a recusa aos tratamentos criados no exterior com células-tronco. Mas que ser humano recusaria, sem se tornar um monstro, o tratamento reparador de um paraplégico, de um cego, de uma cardíaca ou muda ou de outras vítimas de condições trágicas?


A pergunta feita pelo ministro Joaquim Barbosa dispensa extensões além de uma resposta simples, ou, até menos que isso, simplesmente intuída.


Uma observação à parte do julgamento propriamente foi a preocupação, de vários ministros, de louvar a legitimidade e o proveito do ‘pedido de vista’ com que o ministro Carlos Alberto Menezes Direito sustou, há quase três meses, o julgamento então iniciado. Ninguém, no entanto, contestou a validade regimental do pedido. Contestada, e razão de vasto descontentamento e decepção, foi a oportunidade do pedido, depois de seis meses disponíveis para preparação do seu voto pelo ministro Menezes Direito.


Seis a cinco, resultado técnico. Em relação à pesquisa com células-tronco, porém, pode-se entender que foram nove ou dez os votos favoráveis, nem todos computados na maioria vitoriosa por incluírem condicionamentos para autorização e prática das pesquisas.’


 


CASA BRANCA
Clóvis Rossi


A bolha e a cultura do engano


‘ROMA – Era uma vez um tempo em que mentir dava impeachment (ou quase). Foi assim com Richard Nixon, que mentiu sobre a invasão do escritório do partido rival no edifício Watergate. Só não foi derrubado porque renunciou antes. Foi assim também com Bill Clinton, que mentiu sobre sua relação com uma estagiária da Casa Branca.


Ficou um tempão sob cerco, mas escapou do impeachment. E olhe que sua mentira foi angelical se comparada com a que o ex-porta-voz da Casa Branca Scott McClellan agora conta, tardiamente, ao dizer que o presidente George Walker Bush não foi ‘franco’ nem totalmente ‘honesto’ sobre os motivos que o levaram a invadir o Iraque, em 2003.


Entre ocultar uma felação de uma estagiária e inventar armas de destruição em massa há um óbvio abismo.


O problema com o livro em que McClellan faz suas, digamos, observações sobre o ex-chefe é que ele chega tarde demais.


Pouca gente tem dúvidas hoje sobre a fraude que foram as alegações para justificar a guerra de 2003. Por isso McClellan fica em má situação.


Conviveu com a mentira, defendeu os mentirosos, chamou-os de gente boa e só agora descobriu a pólvora?


Desconfio que o subtítulo do livro explique não só o seu comportamento mas o de muita gente, no mundo todo. Em português o livro se chama ‘O que Aconteceu – por dentro da Casa Branca de Bush e da cultura do engano de Washington’.


A ‘cultura do engano’ instalou-se para ficar nos palácios, não apenas na Casa Branca.


É ela que faz com que assessores mintam ou ocultem informações, é ela que faz florescer em torno dos poderosos de turno um culto à personalidade que faria os assessores de Josef Stálin parecerem ácidos críticos de seu chefe.


Essa gente vive numa bolha. Mas o azar é seu, meu, nosso.’


 


 


UNIVERSIDADE
Aiporê Rodrigues de Moraes


Uma parceria que deu certo


‘HÁ MALES que vêm para o bem? Talvez. O fato é que o mundo do noticiário foi invadido há algumas semanas pelo espectro das fundações universitárias. Mas a imprensa trouxe à luz um debate importante e que precisava ser feito: o papel das fundações e suas relações com a universidade.


As fundações são, em sua comparação com outras estruturas autônomas da sociedade civil, instrumentos recentes que atuam muito estreitamente com as universidades e, como tudo que é novo, devem aprender com seus erros para melhorar suas virtudes.


Os erros foram apontados pela imprensa, que, com seu olhar implacável -e muitas vezes ‘lex talionis’, por sua própria natureza-, falou em demasia das falhas do mecanismo. Falemos, agora, da preciosidade do sistema.


Deve-se, por outro lado, atentar para o fato, nem um pouco irrelevante, de que as universidades têm se beneficiado dessas relações com as fundações. Principalmente na melhoria das pesquisas científicas e das condições de ensino e nas necessidades dos projetos de extensão -responsabilidades que têm sido historicamente negligenciadas em um país que não investe o que deveria investir nas atividades educacionais.


Portanto, a universidade -e toda a sua comunidade, de maneira geral- tem, nos últimos anos, obtido ganhos diretamente, com construções de novos ambientes de serviços, seja na sala de aula e nos laboratórios, seja na melhoria de hospitais e custeio de museus. Além disso, tem obtido ganhos também indiretamente, no aprimoramento de professores e técnicos, seja na compra de equipamentos, seja com auxílio-viagem para participação em eventos no Brasil ou no exterior, seja em tantas outras áreas da economia acadêmica.


As universidades cresceram muito nos últimos anos. Temos novas necessidades e novos desafios. Urge no seio acadêmico uma discussão que recoloque as coisas em seus lugares e que transmita sinais que indiquem os rumos que devemos seguir.


Em todo o país, não só nas universidades e nas fundações, é urgente que retomemos os ensinamentos, que busquemos as salas de aulas, as pesquisas e os processos de construção para uma sociedade justa e equilibrada. As lições, quando são profundas, sempre vêm para o bem.


A primeira lição que se deve aduzir de todas as últimas movimentações vem, portanto, do próprio ensino.


Não houve aumento substancial dos repasses governamentais nos últimos anos e, por causa disso, as universidades federais ou estaduais atuaram como órgãos ampliados de uma ausência de políticas públicas em suas práticas de atendimento de pacientes das comunidades acadêmicas, o que posteriormente foi ampliado para as comunidades dos entornos, devido à ‘absentia’ desses mesmos órgãos governamentais.


No presente momento, os hospitais das universidades públicas atendem a milhões de brasileiros de qualquer parte do Brasil, pelo alargamento da não-presença dos órgãos governamentais ligados à saúde.


E as contas? Quem as paga? A luz, a água, os insumos, os equipamentos, o pessoal? A lista é longa, e as extensões universitárias hoje se alastram para quase todos os setores da economia e das atividades civis.


As universidades sabem disso. Os professores e técnicos, também, mas a sociedade civil, muitas vezes, não!


Não sabe, por exemplo, que a parceria fundação-universidade é responsável pelo salto das pesquisas e da produção científica dos últimos anos. É por isso que as duas entidades devem trabalhar juntas e continuar a contar com o apoio dos órgãos governamentais e dos poderes constituídos.


Os males, quando vêm para o bem, devem ter um firme propósito: aprender com os erros, aprimorar a transparência dessa relação e continuar aperfeiçoando suas regulamentações em uma sociedade civil que tem nos Poderes Legislativo e Judiciário seus corretos observadores.


E, assim, desses recentes processos, deve-se extrair a principal lição: o bem, o melhor para a sociedade -e disso todos os sujeitos sociais sabem, desde a ética nicomaquéia. Professores, alunos (futuros juristas, futuros políticos, futuros jornalistas etc.), voltemo-nos para o melhor e a maior de todas as virtudes do saber: contribuir para que o país alcance o tão almejado bem-estar social.


AIPORÊ RODRIGUES DE MORAES, 49, doutor em estatística, é professor da UnB (Universidade de Brasília) e presidente da Fubra (Fundação Universitária de Brasília).’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Inundação e queda


‘‘Mais uma’, anunciou a manchete de Folha Online e outros sites, depois rádios etc. Era a agência Fitch com o novo ‘grau de investimento’. A Bolsa até deu ‘repique logo após o anúncio, mas o investidor seguiu na ponta vendedora’, estranhou o Valor Online.


No exterior, a Reuters noticiou desde Nova York, sublinhando que a segunda nota era obrigatória para os ‘investidores mais conservadores’. E o ‘Financial Times’ avisou, iniciando o texto, que ‘abre o caminho para a potencial inundação dos grandes investidores institucionais’. A Bolsa caiu, Ok, ‘mas não se deve perder de vista que o mercado global está em crise’.


CHINA VEM AÍ


O regulador do setor bancário na China falou à Bloomberg que também os fundos de investimento chineses estão à procura de mercados menos afetados pela crise. ‘Devem buscar melhores retornos diversificando para ações de recursos naturais’, afirmou Li Fuan, o regulador, adiantando Brasil e Austrália como ‘as melhores apostas’.


MÉXICO PARA TRÁS


A nova ‘Economist’ diz que a Bolsa mexicana decidiu seguir a Bovespa e abrir capital. Mas o texto destaca que o ‘México luta para não ficar para trás do Brasil’ com objetivos ‘anões’ diante do que foi levantado por aqui. Diz que sua Bolsa é ‘muito mais limitada’ em opções. A ‘melhor esperança’ estaria em se unir logo a alguma ‘da América’.


ACIMA DA CAMADA DE SAL


Passando das 20h de ontem, apareceu pela Reuters no exterior e pelo Valor Online a notícia de que a ‘Petrobras encontra petróleo leve na bacia de Santos’. E não apenas leve, mas ‘acima da camada de sal’ e ‘lâmina d’água de 235 metros’. Curiosamente, desta vez mal ecoou por aqui.


O SEGUNDO CHOQUE


Se for confirmado, o achado da Petrobras estraga a nova ‘Economist’, que dá capa para o ‘choque’ do petróleo e argumenta em favor de aceitar as conseqüências, a começar do repasse ao consumidor, porque ‘os novos e gigantes campos em águas profundas no Brasil não devem produzir petróleo por uma década’. Acima do sal, agora, talvez.


BLOOMBERG E A CANA


E o prefeito ‘Michael Bloomberg, vice potencial’ do democrata Barack Obama e também do republicano John McCain, saiu em defesa do etanol de cana ontem no ‘New York Times’. Questionando Obama, McCain e o protecionismo dos parlamentares, ‘desafiou’ o Congresso a derrubar a tarifa sobre a importação do etanol brasileiro.


O VILÃO?


Do site do ‘Wall Street Journal’ à BBC Brasil, a FAO, da ONU, anunciou que os biocombustíveis vão ajudar a manter o preço alto dos alimentos.


A notícia vai na contramão do que o mesmo ‘WSJ’ deu em manchete (quadro à dir.) e a agência progressista IPS confirmou ontem que se reproduz no Brasil: o maior peso na inflação global dos alimentos vem dos fertilizantes, acima até do custo com transporte, atingido pela alta do petróleo. Em um ano, o custo dos fertilizantes saltou 66% nos EUA. No Brasil, o ex-ministro Roberto Rodrigues identificou um ‘gargalo’ que só começa a ceder daqui a dois anos.


‘CONVERSA’


A ‘Economist’ publica, sobre a Unasul, que o desejo de integração dos sul-americanos contrasta com as compras crescentes de armamentos. Evita falar em ‘corrida’, dá as compras como resultado do dólar fraco e do crescimento na região, mas não vê maior futuro na ‘conversa’ de união’


 


VENEZUELA
Fabiano Maisonnave


Venezuela não vai mais cobrar por reexibição de imagens de TV estatal


‘O governo venezuelano recuou ontem da decisão de cobrar das TVs privadas pela retransmissão de imagens geradas pela estatal VTV. O anúncio da medida, na terça-feira, contrariou o presidente Hugo Chávez, levando o ministro das Comunicações, Andrés Izarra, a colocar seu cargo à disposição.


Em breve comunicado, a VTV afirma que o recuo foi uma decisão do Ministério das Comunicações e exortou os ‘demais meios de comunicação a fazerem um uso responsável e dentro da lei do sinal matriz de todos os venezuelanos’.


A medida, criticada pelos canais oposicionistas Globovisión e RCTV, estabelecia a cobrança de R$ 335 mil por hora de imagens da VTV retransmitidas por emissoras privadas. A única exceção ficava por conta de atos oficiais com Chávez, desde que usados só em programas de notícias.


Até ontem à tarde, não estava confirmada a permanência no governo de Izarra, tido como próximo de Chávez.


O recuo ocorre em meio a rumores de que o canal chavista Telesur gravou, em território venezuelano, o vídeo exibido pela emissora no domingo em que o secretário das Farc Timolión Jiménez confirma a morte do fundador da guerrilha, Manuel Marulanda.


A suspeita é alimentada por detalhes da gravação, como o uso de três câmaras, a ausência de outros guerrilheiros e as semelhanças entre o uniforme de Jiménez e o da Guarda Nacional venezuelana.


Tanto a Telesur quanto o ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, negaram o envolvimento da Venezuela no comunicado. Na versão oficial, as Farc enviaram a fita pronta.


Chávez só rompeu o silêncio sobre a morte de Marulanda ontem à noite. Ele disse que ‘não se alegra’ com a morte do guerrilheiro e lamentou não ter podido se reunir com ele para ‘negociar um acordo humanitário’ sobre a libertação dos reféns das Farc.’


 


TELES
Luciana Otono


Oi diz que demora na lei pode alterar expansão


‘O presidente da empresa de telefonia Oi, Luiz Eduardo Falco, reclamou que a demora do governo em definir a mudança na legislação que dará segurança jurídica à operação de compra da Brasil Telecom (BrT) pode comprometer os planos de expansão da nova companhia, que vem sendo classificada como a supertele brasileira.


‘Precisamos consolidar a empresa nacional e começar a dar os passos. A preocupação é que precisamos fazer isso rápido para que tenhamos 100 milhões de clientes em cinco anos’, disse durante audiência na Câmara dos Deputados.


Poucas horas depois, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicação) adiou, pela segunda vez, a definição sobre a proposta de alteração do Plano Geral de Outorgas para que a fusão possa ser considerada válida. A lei atual proíbe a compra da Brasil Telecom pela Oi.


O presidente da agência, Ronaldo Sardenberg, que já se manifestou a favor da operação, e o conselheiro Antônio Bedran pediram vistas ao processo, o que significa que solicitaram mais tempo para avaliar eventuais modificações na lei.


Em breve comentário sobre a reunião e sem entrar em detalhes, Sardenberg disse que a divergência entre os conselheiros da Anatel é maior em relação ao Plano Geral de Outorgas. Para a fusão ser aprovada, será necessário o consenso entre os conselheiros para que a legislação seja alterada pelo governo.


Durante exposição dos motivos da compra da Brasil Telecom, Falco afirmou que ainda há 240 dias para que o governo se manifeste sobre as alterações na lei. Ainda assim, disse que a demora compromete os planos estratégicos da nova empresa, como estender os serviços de telefonia, banda larga e TV por assinatura a outros países da língua portuguesa e para a América Latina. Caso a operação seja aprovada, o plano inicial é que a futura companhia faça investimentos de cerca de R$ 30 bilhões em cinco anos.’


 


INTERNET
Cíntia Acayaba


Rapaz exibe foto de ex nua em site e é condenado


‘A Justiça do RS condenou um homem a dois anos de prisão por divulgar na internet fotos da ex-namorada nua. Ainda cabe recurso para o caso.


A decisão do juiz André Acunha, de Pelotas (258 km de Porto Alegre), é de 16 de maio.


Segundo a sentença, o jovem, que não teve o nome revelado, publicou imagens da ex-namorada nua em um fotolog (um blog de fotos), em março de 2006. A menina tinha 17 anos na época.


Ainda segundo a decisão, o jovem, com 19 anos na época, repassou as fotos a amigos e a familiares por meio da internet.


A adolescente registrou um boletim de ocorrência na polícia e o computador do jovem foi apreendido e periciado. Em agosto de 2006, o Ministério Público denunciou o rapaz por divulgar fotos pornográficas de adolescente.


O jovem foi condenado a dois anos de prisão, mas a pena foi substituída por prestação de serviços e multa de um salário mínimo (R$ 415), por ele ser estudante. Ele pode recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.’


 


Rodrigo Vargas


Jovem vê assalto pela webcam e ajuda a polícia


‘Um usuário de internet em Campo Grande (MS) ajudou a Polícia Militar a prender um homem que participou de um assalto a um cybercafé na noite de anteontem.


Segundo a polícia, o internauta conversava pelo computador com uma amiga que estava no cybercafé quando quatro homens invadiram o local e anunciaram um assalto.


Ao perceber o que acontecia por meio de uma webcam, o usuário acionou a PM, que enviou equipes em motos ao local.


Os assaltantes já haviam saído do cybercafé quando a polícia chegou, mas ainda estavam nas imediações. Um deles, Igor dos Santos, 18, foi preso. Os outros três fugiram.


Dois assaltantes estavam armados. Além do faturamento do cybercafé, eles levaram ainda dinheiro e celulares de clientes.


Todas as vítimas reconheceram Santos após ele ter sido preso. Para a polícia, a atuação do internauta foi decisiva no caso.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Atriz terá que pagar multa diária à Globo


‘A atriz Gorete Milagres, atualmente na Record, terá que pagar multa diária à Globo por não ter cumprido contrato com a emissora, entre agosto de 1998 e dezembro de 1999. Na época, a multa foi fixada em R$ 300 por dia, o que daria pouco mais de R$ 150 mil, mas esse valor não é oficial da Justiça.


Em 1998, Gorete fazia sucesso no SBT com a personagem Filó, uma empregada que vivia a repetir o bordão ‘Oh, coitado!’. A Globo ofereceu a ela o triplo do que ganhava de Silvio Santos, mas ela se desentendeu com Renato Aragão. Voltou ao SBT, recebendo três vezes o que a Globo iria lhe pagar.


A Globo foi à Justiça. Em primeira instância, Gorete foi condenada a pagar multa por rescisão contratual (o valor do contrato) mais multa diária por dia não trabalhado. A multa contratual já foi paga, porém os advogados de Gorete recorreram contra a punição diária e obtiveram vitória no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.


A Globo, então, recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Após tramitar durante cinco anos, o recurso foi julgado procedente pela Terceira Turma do STJ no último dia 20.


A decisão cria um precedente: a partir de agora, artista que não cumprir contrato pode ter que pagar, além da multa rescisória, multa diária. Tarcila Machado Alves, advogada de Gorete, diz que aguarda a publicação do acórdão do STJ para decidir se irá ou não recorrer.


ELE VAI VOLTAR Aguinaldo Silva diz que chorou quando soube, oficialmente, que a Globo, definitivamente, proibiu a gravação de um beijo entre dois homens em sua ‘Duas Caras’. Mas não desiste: ‘O negócio é enxugar as lágrimas e partir para o ataque, ou seja, dizer que, se houver uma próxima novela escrita por mim, nela eu tentarei emplacar o beijo entre iguais de novo’.


ELE VAI ESTREAR Quais sensações tem um autor às vésperas de estrear no horário mais importante da TV brasileira, o das 21h da Globo? Com duas novelas das sete no currículo, João Emanuel Carneiro, de ‘A Favorita’, responde: ‘É claro que dá um frio na barriga, se não desse seria estranho. Mas estou contando a história que eu queria contar. Tive prazer em escrevê-la’.


PÂNTANO 1 No SBT, já é dado como ‘99% certa’ a compra dos direitos de exibição da novela ‘Pantanal’ (1990), de Benedito Ruy Barbosa, maior sucesso da extinta TV Manchete. O SBT pretende reprisá-la no segundo semestre.


PÂNTANO 2 A Globo, que há dois anos comprou de Barbosa o texto da novela, afirma que o SBT não poderá reprisar ‘Pantanal’, pois entende que isso fere seu direito sobre o original. O sindicato dos radialistas do Rio vai notificar o SBT de que o dinheiro pago pela novela deve ser depositado na Justiça, para quitação de dívidas trabalhistas.


TIMÃO Corinthians x Botafogo rendeu 30 pontos à Globo e seis à Band. Foi uma das maiores audiências do futebol neste ano.’


 


Folha de S. Paulo


‘Conspiração’ perde para a realidade


‘O clima de ‘24 Horas’ pós-11 de Setembro permeia ‘Conspiração’, série exibida sempre às sextas que estréia hoje no People+Arts. Tem direito a todos os clichês, com cortes rápidos na cena de montagem de uma bomba, passagem de malas secretas por baixo da mesa e revistas em aeroporto que não previnem um desastre aéreo.


A partir daí, o caos se instaura na vida de Mark Brydon (Jason Issacs), o embaixador de belos olhos azuis do Reino Unido em Washington.


Ele vai lidar com conhecidos morrendo em estranhos eventos paralelos, amigos perdendo parentes e a habitual politicagem americana, que adora misturar os trabalhos das agências de inteligência (leia-se CIA, Pentágono e FBI).


O governo logo dispara o alerta vermelho e sinais de eufórico patriotismo se espalham por toda parte quando se confirma que o acidente foi provocado por um ataque suicida. Produzida pela BBC e dirigida por Michael Otter e Daniel Percival, a série acaba exibindo apenas mais do mesmo, com relações familiares conturbadas do protagonista, que até quebra o protocolo e se arrisca para salvar uma desconhecida.


A série desmembra os acontecimentos ainda para a tentativa de impedir a pena de morte para um condenado. Mas a realidade é muito mais nua e crua do que o programa exibe. Basta ver os noticiários.


CONSPIRAÇÃO


Quando: estréia hoje, às 21h, no canal People+Arts’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 30 de maio de 2008


AGRESSÃO
O Estado de S. Paulo


Sindicato analisa caso de jornalista atacado


‘O Sindicato dos Jornalistas de Rondônia (Sinjor) vai se posicionar hoje sobre o caso do jornalista Paulo Andreolli, agredido pelo prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), na quarta-feira. Durante um evento, Sobrinho se irritou com uma pergunta do jornalista e o xingou. Andreolli também se diz vítima de agressões físicas, mas não sabe quem bateu nele. O repórter acusa o prefeito de distribuir adesivos com a frase ‘Porto Velho agradece Roberto Sobrinho pelas obras’ – propaganda eleitoral antecipada. A assessoria da prefeitura disse que Sobrinho não vai se pronunciar, mas nega a agressão.’


 


IMPRENSA
Marcelo de Moraes


Privacidade e direito a informação são temas de debate


‘Profissionais de imprensa se reuniram ontem no auditório da Imprensa Nacional, em Brasília, para discutir a qualidade da cobertura jornalística e atuação da imprensa no Brasil. O evento faz parte do ciclo de palestras realizadas em comemoração ao bicentenário da imprensa brasileira, com a fundação do Correio Braziliense, em Londres, por Hipólito José da Costa, em 1º de junho de 1808.


O conferencista do evento, Carlos Alberto Di Franco, professor de Ética da Comunicação e representante da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra no Brasil, falou sobre a ‘difícil relação entre o direito à informação e o direito à privacidade’. ‘Essa relação não é simples. Os dois reclamam a existência de mecanismos de harmonização.’


Para Di Franco, ‘a invasão da privacidade é o pecado mais pernicioso do jornalismo dos nossos tempos’. ‘As pessoas são engolidas pelo mundo do espetáculo. Sou contrário aos abusos de certo telejornalismo popular que é produzido quase em parceria com a polícia’, disse.


Mas o professor lembrou que a defesa do direito à privacidade não pode ser usado para impedir a investigação e revelação pela imprensa de informações que são de interesse geral da sociedade. ‘O direito à privacidade não pode ser jamais um escudo protetor, sobretudo das figuras públicas’, afirmou.


Di Franco também listou sete desvios que, segundo ele, devem ser evitados na prática do bom jornalismo: o protagonismo dos repórteres; a passividade dos jornalistas; o jornalismo de registro; o jornalismo de dossiê; o prejulgamento; a editorialização do noticiário; e o negativismo da mídia.


O professor também se referiu às armadilhas do chamado ‘jornalismo de dossiê’. ‘Um dossiê pode ser uma pauta magnífica, mas é uma pauta. Não é o ponto de chegada, mas um ponto de partida’, disse, defendendo a checagem completa de documentações que chegam aos jornalistas antes de sua publicação. ‘Isso evita que sejamos manipulados’, avalia.


Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo do Grupo Estado, lembrou que o desafio da imprensa fica maior ainda com o surgimento das chamadas novas mídias e também com o estabelecimento cada vez maior de uma sociedade voltada para os interesses individuais. ‘O mundo vive um momento de exacerbação cada vez maior de valores ligados ao individualismo, do hedonismo, da preocupação com o eu. E temos o desafio de levar aos leitores o que é importante e ao mesmo tempo interessante’, disse. ‘Mas entendo que os valores da edição jornalística devem ser preservados, independentemente da plataforma de edição’, completou.’


 


CASA BRANCA
O Estado de S. Paulo


Ex-porta-voz diz que Bush autorizou vazamento


‘O ex-porta-voz da Casa Branca Scott McClellan disse ontem em entrevista à rede NBC que o presidente George W. Bush autorizou Lewis ‘Scooter’ Libby, ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, a vazar informações confidenciais para o jornal New York Times para justificar a guerra no Iraque.


Segundo McClellan, ele e Bush saíam de um evento na Carolina do Norte, em abril de 2006, e caminhavam para o avião presidencial quando um repórter questionou se o presidente tinha autorizado Libby a vazar informações para o jornal.


Bush não escutou, e McClellan refez a pergunta. ‘Ele está perguntando se você autorizou o vazamento de informações’, indagou. ‘E ele me respondeu: ?Sim, fui eu.? Naquele momento, eu quase caí para trás’, afirmou. Entre os dados passados à imprensa, estava a que revelava a identidade da ex-agente secreta da CIA Valerie Plame.


O livro de McClellan – What happened: inside the Bush White House and Washington?s culture of deception (O que aconteceu: por dentro da Casa Branca de Bush e da cultura de enganação de Washington) -, que será lançado segunda-feira, afirma que Bush enganou os americanos para justificar a decisão de invadir o Iraque.


Temendo que a polêmica prejudique a candidatura de John McCain, muitos republicanos saíram ontem em defesa do presidente. ‘O que ele fez é injustificável’, disse Ari Fletcher, ex-porta-voz de Bush. ‘O presidente não escondeu nada de ninguém’, afirmou a secretária de Estado, Condoleezza Rice. Os democratas se aproveitaram para criticar os rivais. ‘Não li o livro, mas não me surpreendeu’, disse Barack Obama, pré-candidato democrata. ‘A novidade é que alguém do governo confirmou o que a gente já sabia.’’


 


AMÉRICA LATINA
O Estado de S. Paulo


Telesul nega que tenha produzido vídeo das Farc


‘A Telesul, TV latino-americana cujo maior acionista é o Estado venezuelano, negou ontem que tenha produzido o vídeo no qual o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) confirma a morte de seu líder máximo, Manuel Marulanda, o ‘Tirofijo’ (Tiro Certeiro). A emissora divulgou a gravação no domingo, um dia após Bogotá revelar que o guerrilheiro estava morto.


‘A Telesul não fez esse vídeo. Recebemos a gravação e, como teria feito qualquer jornalista após verificar as fontes e o conteúdo, decidimos transmiti-la’, disse Patricia Villegas, diretora de informação da emissora, em entrevista na rede estatal venezuelana VTV. A acusação de que a Telesul teria gravado e não apenas transmitido o vídeo foi feita ontem por Nelson Bocaranda, editorialista do jornal venezuelano El Universal.


‘Sob a bandeira do multilateralismo, a Telesul promove as narcoguerrilhas colombianas’, afirmou Bocaranda. Ele disse que o vídeo foi gravado em uma fazenda em Barinas, Estado natal do presidente Hugo Chávez, na fronteira com a Colômbia. O ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, negou, afirmando que tanto a espionagem venezuelana como a colombiana sabem o local, ‘no território da Colômbia’, onde está Timoleón ‘Timochenko’ Jiménez, o rebelde que faz o anúncio no vídeo.


Já Bocaranda disse que Timochenko e outros guerrilheiros das Farc têm proteção policial na Venezuela. Segundo o jornalista, a gravação foi autorizada pelo governo Chávez porque ‘pesou mais’ a opinião do ministro venezuelano do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, do que a de seu colega da Informação, Andrés Izarra, que renunciou a seu cargo na terça-feira. Segundo o jornalista, Izarra, ex-presidente da Telesul, teria feito um alerta ‘sobre as repercussões que essas imagens teriam em meio à crise (da Venezuela) com a Colômbia’.


Aliado de Chávez, Izarra disse que pôs seu cargo à disposição por ter decidido unilateralmente forçar as redes de TV privadas a pagar para usar imagens produzidas pela VTV. Ontem, essa medida foi revogada.


NOVO MÍSSIL


O governo Chávez anunciou ontem que vai aprimorar suas agências de inteligência para conter ‘tentativas dos EUA de prejudicá-lo’. A polícia secreta e a inteligência militar darão lugar a quatro novas agências de espionagem. Chávez anunciou ainda que a Venezuela testará em breve seu primeiro míssil teleguiado, ‘com alcance de 115 quilômetros’.’


 


TELES
Gerusa Marques


Oi quer investir US$ 15 bi no exterior


‘A Oi teria de investir US$ 15 bilhões, em cinco anos, para cumprir a meta de expansão de sua operação para o mercado externo, depois de consolidada a compra da Brasil Telecom (BrT). A previsão foi feita ontem pelo presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Os principais mercados na mira da futura supertele seriam a América Latina e os países de língua portuguesa.


A expansão, na opinião de Falco, pode se dar tanto em operações ‘green field’, que começam do zero, quanto por meio de aquisições de empresas já estabelecidas. ‘Tem alguns ativos acontecendo na Argentina e na Venezuela. Não é aquele espetáculo que foi antes, porque o pessoal (da Telmex e da Telefónica) chegou na frente’, afirmou.


A Oi e a BrT juntas investem hoje no mercado interno US$ 3 bilhões por ano. Os investimentos fora do País, segundo Falco, poderiam ser tanto por meio de captação de recursos quanto por troca de ações. ‘Se vai ter uma plataforma mundial de língua portuguesa, o Brasil é candidato’, disse Falco, referindo-se a Portugal e aos países africanos que falam português.


A previsão de investimentos de US$ 15 bilhões levou em consideração a perspectiva de conseguir 30 milhões de clientes novos. Falco afirmou que ainda não há nenhum negócio definido e que os alvos dessa futura empresa, fruto da Oi e BrT, serão todos aqueles que representem oportunidades. ‘O que a gente quer é comprar um monte de coisa, barato para caramba. O problema é que tem mais gente querendo isso também’, disse.


Mas, para isso, afirmou, é preciso consolidar primeiro a empresa nacionalmente e depois dar os primeiros passos fora do País. ‘Nossa preocupação é fazer isso rápido para que tenhamos efetivamente 100 milhões de clientes em cinco anos’, previu.


Na Câmara, Falco explicou aos deputados os termos da operação de compra da BrT, assegurando que o negócio não traz risco à concorrência no mercado brasileiro e que servirá para estimular a competição. Ele disse estar otimista que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovará a reformulação do Plano Geral de Outorgas (PGO), eliminando a proibição para a compra da BrT.


MUDANÇA DE REGRAS


Ontem, o conselho diretor da Anatel adiou, mais uma vez, a votação da proposta de novo PGO, por falta de consenso. A expectativa do presidente da agência, Ronaldo Sardenberg, é conseguir resolver as divergências até a próxima quarta-feira, quando haverá nova reunião do conselho. ‘Não chegamos a um consenso total, mas houve progresso’, disse Sardenberg, sem revelar quais divergências estão emperrando a votação e argumentando que qualquer antecipação pode ter reflexos inesperados no mercado.


O presidente da Oi lembrou que o contrato firmado para a compra da Brasil Telecom estabelece um prazo de 240 dias para que o PGO seja alterado. ‘Se não for aprovado, vai ser um problema. Vamos ter de pagar uma conta de R$ 815 milhões’, disse Falco, referindo-se a uma multa de R$ 500 milhões que deverá ser paga caso o negócio não seja concluído em 240 dias, e a R$ 315 milhões, que já foram pagos no anúncio da compra.’


 


Luana Pavani e Renato Cruz


Minoritários da Brasil Telecom aprovam acordo com Opportunity


‘Os acionistas minoritários da Brasil Telecom aprovaram ontem, em assembléia, o acordo que acabou com as disputas legais entre a empresa e o Banco Opportunity. A decisão era um dos pré-requisitos para a compra da operadora pela Oi (antiga Telemar). A aquisição ainda depende da mudança do Plano Geral de Outorgas (PGO), um decreto presidencial que impede uma concessionária de telefonia fixa de comprar outra. O processo para mudança do PGO está em andamento na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).


Na quarta-feira, a Oi anunciou ter comprado, por meio de sua controlada Copart 1 Participações, 15,5% das ações sem direito a voto da Brasil Telecom. A companhia tem como objetivo adquirir até um terço dos papéis preferenciais em circulação da Brasil Telecom.


O acordo para a compra da Brasil Telecom pela Oi foi anunciado em abril, depois de quatro meses de negociações. A empresa deve pagar R$ 5,9 bilhões pelo controle da operadora e R$ 6,5 bilhões em ofertas públicas a acionistas minoritários. Para viabilizar a venda, o Citigroup e o Opportunity, sócios da Brasil Telecom, também concordaram em encerrar as disputas judiciais que tinham entre si, no Brasil e no exterior.


Enquanto não sair a mudança na regulamentação, o banco Credit Suisse atuará como um espécie de intermediário, comprando ações da Brasil Telecom em nome da Oi e repassando o controle da empresa somente depois da modificação.


O contrato entre as empresas prevê uma multa bilionária para o caso de uma das partes desistir da operação. Caso isso ocorra, uma parte deverá pagar à outra o equivalente a 30% do valor total da operação. Ou seja, R$ 1,78 bilhão.’


 


FUTEBOL
O Estado de S. Paulo


Capítulos da biografia de Zidane são roubados


‘A revista francesa Le Point informou que parte da biografia que o astro Zinedine Zidane estava preparando foi roubada. Dois notebooks com capítulos da história do jogador foram levados da casa de uma jornalista e de um editor que trabalham no livro. A polícia suspeita que haja pessoas interessadas que a biografia não seja publicada.’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Pânico fecha gincana


‘A RedeTV! deve lançar em duas semanas uma grande gincana na cidade envolvendo toda a sua programação. A idéia da emissora é realizar uma série de provas, comandadas pelos artistas da casa, e com a participação do público, em vários pontos de São Paulo, em um único fim de semana.


‘Nós nos inspiramos nas gincanas promovidas 20 anos atrás na cidade pelas grandes casas noturnas da época, como o Gallery’, conta o vice-presidente da RedeTV!, Marcelo Carvalho. ‘Espalharemos estúdios e links pela cidade. Vamos pedindo as coisas e as equipes que conseguirem acumulam pontos e prêmios’, continua. ‘No fim, faremos uma grande festa, um mega-Pânico na TV!, para reunir milhares de pessoas em um programa na Praça Charles Miller.’


Por falar em Pânico, Carvalho admite que a atração passou por alguns ajustes recentemente e recuperou sua audiência. ‘O Pânico ganhou novos humoristas e vamos investir nesse rodízio, até para não ficarmos na mão de ninguém’, fala ele. ‘Também estão mais livres do que nunca, já que ficaram nesse horário mais tarde, por causa da classificação indicativa, têm mais liberdade.’’


 


O Estado de S. Paulo


Ajustes são normais, diz Globo


‘Embora muitos tenham flagrado rápido estouro de luz no rosto de Cesar Tralli enquanto ele ancorava o SPTV-2 do último sábado, a Globo afirma, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que ‘todo novo projeto sofre adequações de ordem técnica e operacional’. ‘Os reflexos estão dentro do que é esperado para aquela condição operacional (estúdio de vidro).’ Acrescenta que ‘os relatórios não indicam nenhum problema na 2ª edição do SPTV de sábado’. E descarta restrições ao figurino de Tralli, que usava terno só da cintura para cima (com calça jeans).’


 


 


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