Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A informação popularizada

O acaloramento das manifestações realizadas em todo o Brasil é resultante da indignação explícita da maior parte da população quanto a problemas fundamentais da nação que há tempos não são solucionados. Esses eventos tomaram corpo devido às redes sociais, cujo objetivo foi alcançado. O Facebook, rede social de maior prevalência nos interesses virtuais dos brasileiros, no mês de maio deste ano chegou a computar cerca de 73 milhões de usuários, segundo dados da revista Veja (10/05). Essa exponencial e surpreendente quantidade de usuários participantes da rede é responsável por formar um grande jornal online, colaborativo por excelência.

Com a efusão das manifestações em todo o país, o Facebook possibilitou aos usuários brasileiros a capacidade de disseminar informações que anteriormente eram responsabilidade exclusiva dos meios de comunicação formais (TV, rádio, jornais etc.). O jornalismo colaborativo desenvolvido pelos usuários da rede social informou milhares de brasileiros sobre as manifestação em todo o país e possibilitou aos usuários comparar informações dentre as diversas páginas que focam suas atividades na publicação de informações sobre os protestos que ocorrem em todo o país.

Os meios formais de comunicação estão sendo deixados de lado de certa maneira, ao menos nesse período de movimentações. Será devido às imagens estarrecedoras de vandalismos amplamente promovidas por emissoras de televisão e jornais? Ou por áudios concisos retransmitindo os ecos das ruas?

A função social da rede

Não, com toda a certeza não se deve a isso o fato desses meios de comunicação estarem à margem dos interesses do público jovem hodierno. Uma tentativa de resposta seria o fato das informações que são publicadas na rede social possuírem a linguagem comum dessas “tribos”, e mais, no Facebook a multimídia é um fator predominante nessa época de protestos. São áudios de autoridades, personalidades, pessoas comuns narrando sobre os manifestos. É uma quantidade interminável de vídeos que revela a visão interna ao “furacão”, as ações de vandalismo com uma intrusão impressionante, além de depoimentos que estratificam as opiniões mais diversas possíveis dos cidadãos brasileiros.

E o que falar dos textos? A cobertura “facebookiana” amplia os diálogos e informa as classes mais despolitizadas e informadas que utilizam a rede social e que são instigados a confirmar a informação prestada, ou na pior das ocasiões aceitar a informação publicada confiando nas fontes – quando essas fontes existem!

Mas, a relevância que se tem de dar a essa rede social é a sua função social que está se efetivando com a popularização da informação e a instigação do povo a sair do Facebook para a rua.

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Samuel Monteiro é mestrando em Ciência da Informação do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFPB