O padrão se repete nas últimas semanas, principalmente no Rio de Janeiro: mascarados se infiltram nas manifestações e ocorrem conflitos violentos com a polícia.
O resultado tem sido o afastamento do povo, o medo da sociedade e o esvaziamento das manifestações. A rebelião dos brasileiros vai desvanecendo.
Violência, infiltração e manipulação. Vale tudo para paralisar a rebelião e tirar da agenda da sociedade a cobrança por melhores serviços públicos, governança responsável, menos impunidade e combate à corrupção.
Podem estar conseguindo: o que se discute agora é quem mente mais e quem é mais estúpido, truculento e covarde: os mascarados ou a polícia. E quem faz a cobertura mais interessada.
Quem se aproveita disso?
Nem precisa perguntar ao mordomo.
“Campeões nacionais”
Esses conflitos entre mascarados e a polícia são brigas combinadas, um telecatch. Assistimos a uma guerra de facções movidas pelo propósito comum de tirar o povo das ruas. Quem pensa que isso é coisa de baderneiro e polícia despreparada pode estar cometendo um erro feio.
Por trás e por cima dos adolescentes que quebram, incendeiam, apanham e são presos, estão profissionais experientes de partidos double-face (cara oficial e cara clandestina), seus ideólogos totalitários e seus patrocinadores espertos. A gente ainda se lembra das bandeiras expulsas das passeatas em junho.
Por trás e por cima dos policiais que batem, atiram, apanham e são queimados por coquetéis molotov, estão governantes, políticos, burocratas e patrocinadores, que se locupletam na corrupção e no desprezo ao povo.
Brigam nesse telecatch políticos e comparsas encastelados no poder com políticos e comparsas candidatos ao poder. Afinal, temos eleição ano que vem.
Enquanto isso, Renan, Sarney, Collor, Rose, Cavendish, Cachoeira, mensaleiros, “campeões nacionais” e tantos outros se divertem e continuam a rir na nossa cara.
Wikipedia: Telecatch foi um programa de televisão criado na extinta TV Excelsior do Rio, Canal 2, dedicado à exibição de combates de luta-livre, que combinavam encenação teatral, combate e circo. Alcançou o auge durante os anos 60, criando vários heróis, como Ted Boy Marino.
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Altamir Tojal é jornalista; publica o blog Este Mundo Possível