Foi com muita ligeireza que se pretendeu condenar o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) como financiador dos Black blocs, de modo a implicá-lo na morte do cinegrafista Santiago Andrade. Ainda que Freixo tenha contribuído financeiramente com alguma atividade com a participação de black blocs, isso seria insuficiente para incriminá-lo.
Aqui no Ceará, por exemplo, políticos da esquerda e da direita, empresários e pessoas várias já deram algum tipo de contribuição financeira para o grupo Crítica Radical, principalmente pelo trânsito que um de seus líderes, a ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luíza Fontenele, têm entre os diversos segmentos políticos e sociais.
Pois bem, a Crítica Radical foi um dos principais defensores de que o Brasil concedesse asilo a Cesare Battisti. Seria honesto pegar a contabilidade do grupo para acusar esse ou aquele político de ser favorável a manter o “terrorista” Battisti no Brasil ou de ser partidário dele? (Dou o exemplo para efeito de comparação, sem querem relacionar ou igualar a Crítica Radical a qualquer outro grupo de ativistas.)
Concessões públicas
Questionado por um de seus colunistas, o músico Caetano Veloso, que acusou O Globo de fazer campanha contra Freixo (ver “Freixo outra vez“), o jornal carioca respondeu com um editorial “O dever de um jornal“, afirmando que o deputado não é um homem “acima do bem e do mal”, e que fez o seu papel divulgando as supostas ligações de Freixo com os black blocs. Certo. Mas informar é diferente de fazer campanha; de promover o secundário a principal, elevá-lo à categoria de manchete, o que somente seria aceitável se houvesse prova provada contra Freixo.
(Diga-se que o PSOL e Freixo são condescendentes com os black blocs, porém, isso também não é crime.)
Indo mais adiante, é preciso dizer que os meios eletrônicos, rádio e TV, concessões públicas, precisam de mais diversidade. Na Rede Globo e Globonews, por exemplo, ouvir um comentarista é praticamente ouvir todos os outros.
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Plínio Bortolotti, de O Povo (Fortaleza, CE)