O ex-técnico da CIA Edward Snowden disse em entrevista que foi ao ar nesta quarta-feira na rede de televisão americana NBC News que não está sob o controle do governo da Rússia e que não tinha dado a Moscou qualquer documento de inteligência depois de quase um ano de asilo naquele país.
— Não tenho nenhuma ligação com o governo russo. Não estou aceitando dinheiro do governo russo. Não sou um espião — disse em entrevista à rede NBC News.
As declarações de Snowden, cujos vazamentos sobre os programas de vigilância americanos altamente classificados dos EUA sacudiram a NSA abalou a vigilância da NSA e provocaram reformas limitadas do presidente Barack Obama, foram as mais extensas até o momento sobre suas relações com o governo anfitrião.
Os funcionários atuais e aposentados dos serviços de inteligências dos EUA disseram que é pouco provável que os serviços de segurança russos não tenham interrogado Snowden para que revelasse segredos.
— Acresdito que agora está sendo manipulado pela inteligência russa — disse o ex-diretor da NSA Keith Alexander no mês passado.
Mas Snowden, que disse que desejaria voltar para os Estados Unidos, afirmou que destruiu o material classificado antes de chegar a um aeroporto de Moscou, onde foi impedido de continuar sua viagem.
— Não levei nada para a Rússia, pelo que não poderia dar nada a eles — disse Snowden ao apresentador do programa NBC Nightly News, Brian Williams, em entrevista de uma hora.
Durante a entrevista, Snowden criticou brevemente a repressão da liberdade de expressão sob o governo do presidente russo, Vladimir Putin.
Declarando-se como um defensor da privacidade e das liberdades civis, disse que considerava “frustrante acabar preso em um lugar onde esses direitos estão sendo impugnados de formas que consideraria profundamente injustas”.
Acredita-se que Snowden, que fugiu para Hong Kong e em seguida foi para Moscou no ano passado, teve acesso a cerca de 1,5 milhões de documentos secretos, segundo as autoridades americanas, embora a quantidade que realmente foi não esteja clara.
Os documentos vazados revelaram enormes programas operados pela NSA para reunir informações sobre e-mails, telefonemas e o uso da internet por centenas de milhões de americanos.
No ano passado, Snowden foi acusado nos Estados Unidos pelo roubo de propriedade do governo, divulgação não autorizada de informação da defesa nacional e a comunicação deliberada de dados de inteligência classificados para pessoas não autorizadas.
— Se eu pudesse ir a qualquer lugar do mundo, este lugar seria meu lar — disse Snowden.
Autoridades americanas disseram que Snowden será bem-vindo nos Estados Unidos se desejar enfrentar a justiça por vazar detalhes dos programas de vigilância da NSA.
Snowden deixou claro que ele não iria voltar para os Estados Unidos e disse que espera o melhor. Disse que não iria simplesmente entra em uma cela, acrescentando que seu ano de asilo na Rússia, que termina em 1º de agosto, parece estar chegando ao fim, e que irá solicitar uma prorrogação.
Kerry responde Snowden
O secretário de Estado americano, John Kerry, rebateu Snowden em uma entrevista nesta quarta-feira e disse que o ex-técnico deveria “criar coragem” e voltar para os EUA. Ele comentou também que “para um cara supostamente inteligente, ele deu uma resposta muito burra”.
— Ficaríamos satisfeitos se ele voltasse, isso é o que um patriota faria. Um patriota não fugiria e buscaria refúgio na Rússia, Cuba ou qualquer outro país — declarou Kerry.
Questionado se ele tinha mudado de ideia sobre a natureza das ações de Snowden, o secretário disse que ele “roubou” informações e causou um “grande prejuízo” para os Estados Unidos. Kerry afirmou ainda que o agente não consegue voar pelo mundo porque é considerado um fugitivo da polícia.
— Se ele se importa tanto com os EUA e acredita no país, ele deveria confiar no sistema de justiça — rebateu.