Durante o horário eleitoral gratuito na TV, ao longo de todo o segundo turno, tanto a campanha de Dilma Rousseff como a de Aécio Neves priorizaram a reprodução de cobertura jornalística profissional, para a defesa de seus pontos de vista ou para ataques ao adversário.
A Folha foi a publicação mais citada, 35 vezes, sobretudo em razão da campanha petista, que reproduziu 31 reportagens no período.
Em segundo lugar ficou a revista “Veja”, com um total de 11 menções, concentradas também nos programas de Dilma e, mais precisamente, no último dia –quando foram reproduzidas oito capas antipetistas publicadas às vésperas de votações, com manchetes como “O PT deixou o Brasil mais burro?”.
“O Estado de S. Paulo” veio em seguida, com dez menções no total –sendo seis na propaganda tucana, com Folha e “O Globo” logo depois, com quatro cada um.
Crítica
Foi por meio de reportagens da Folha que o marqueteiro João Santana, do PT, sustentou as críticas aos governos de Fernando Henrique Cardoso, no esforço de desmontar indiretamente a candidatura de Aécio, que desde o princípio da campanha vinha defendendo o ex-presidente tucano.
Foram títulos concentrados em escândalos e em noticiário econômico da época, como “Para FHC, compra de votos pró-reeleição é tema menor” ou “[Armínio] Fraga assume e eleva juros para 45%”. Depois, mais diretamente contra o adversário, “Aécio maquiou gastos da saúde em Minas”.
Da mesma maneira, quando iniciou seu contra-ataque, o tucano questionou a adversária com uso de reportagens como “Política econômica de Dilma está quebrando o etanol”, entrevista veiculada na Folha, ou “Dilma, a presidente-candidata, só entregou 12% do PAC 2”, da revista “Veja”.
Defesa
A cobertura foi usada também pelas duas campanhas para reforçar qualidades dos respectivos candidatos. No caso do tucano, por exemplo, sua atuação como presidente da Câmara foi destacada com a reprodução do enunciado “Aécio inicia ofensiva pelo pacote ético”, publicado pelo “Estado”.
Em grau menor, a propaganda petista recorreu a sites mais identificados com o partido, como “Rede Brasil Atual”. De sua parte, também em grau menor, a campanha tucana recorreu a diferentes publicações mineiras, como o “Estado de Minas”.
O levantamento tomou por base os textos citados com identificação explícita da origem ou que podiam ser identificados, contando cada reportagem uma única vez por candidato –ainda que fossem muito repetidas depois. O período acompanhado foi de 9 a 24 de outubro.