Uma das grandes novidades destas eleições foi o uso do WhatsApp. Menos visível e mais difícil de monitorar do que o Facebook ou o Twitter, o impacto do WhatsApp não tem rendido tantas notícias ou controvérsias. No entanto, teve papel fundamental nas campanhas.
O que é o WhatsApp?
O WhatsApp é um aplicativo, desenvolvido para uso em celulares do tipo smartphone, que permite enviar mensagens, gravações de voz e vídeos.
Além disso, o WhatsApp permite uma interação direcionada, por meio da criação de grupos que funcionam como comunidades. Por exemplo, o grupo de pais da turma da sua filha na escola, ou, no caso das campanhas, o grupo de militantes de um determinado bairro ou município.
Graças à facilidade do uso e à ausência de anúncios, o aplicativo já tem mais de 600 milhões de usuários no mundo, dos quais 38 milhões (dados de fevereiro, certamente hoje esse número é maior) estão no Brasil.
E daí?
E como isso pode ser usado nas eleições? Bem, depende do candidato e do lugar onde esteja fazendo campanha. Não há uma fórmula única.
Por exemplo, um dos candidatos a deputado federal na Bahia nestas eleições criou trinta grupos no WhatsApp, cada um deles possibilitando a interação rápida e fácil entre o comitê central da campanha, o candidato e militantes em municípios longínquos. Nesse caso, o WhatsApp foi utilizado principalmente como instrumento de coordenação. A prioridade não era chegar aos eleitores indecisos, mas sim garantir a comunicação fluida e fomentar a sensação de proximidade do candidato com cabos eleitorais espalhados por um território amplo.
Já no caso dos candidatos a governador do Distrito Federal, o WhatsApp tem sido utilizado com objetivos um pouco diferentes. Em especial, para dar aos militantes munição para o corpo-a-corpo com eleitores indecisos. Isso é feito a partir de mensagens produzidas especificamente para o WhatsApp, com memes divertidos e vídeos curtos que podem ser compartilhados facilmente.
Terra de Ninguém
Claro que, assim como em outras arenas virtuais, o comportamento de candidatos e militantes no WhatsApp nem sempre é louvável. Talvez mais irritante ainda do que ter o feed de notícias do Facebook invadido por propaganda não solicitada, seja ter o celular sequestrado por mensagens indesejadas. O pior é que é complicado fiscalizar e ainda mais atender a eventuais pedidos de retirada de conteúdo.
Uma limitação importante do aplicativo é que os grupos têm número restringido de integrantes. Ou seja, dificilmente o WhatsApp poderá substituir plataformas de alcance mais massivo como o Facebook ou o Twitter.
Cada vez mais, as campanhas terão que pensar cada um desses aplicativos e plataformas virtuais a partir da sua lógica específica de interação com os usuários, criando estratégias e produtos diferenciados para cada uma delas. E, como essas plataformas mudam com rapidez estonteante, certamente teremos muitas novidades nas próximas eleições.
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Marisa Von Bülow é doutora em ciência política e professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. Estuda as relações entre Internet e ativismo político e movimentos sociais nas Américas.