Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A culpa dos holofotes

A imprensa deixou-se fascinar pelo Dossiê Vedoin e esqueceu outras bandidagens. Como sempre, concentrou-se num episódio e abandonou outros. E na segunda-feira (2/10), quando se revelaram os nomes dos eleitos para a Câmara Federal, um choque: Paulo Maluf que no ano passado ficou preso durante 40 dias na Polícia Federal, foi o mais votado em todo o país.


É evidente que a imprensa não poderia acompanhar todos os candidatos de todos os partidos. Mas poderia prestar atenção nos mais notórios. Paulo Maluf é réu em diversos processos por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Buscava um foro privilegiado para os processos criminais em que está envolvido. A imprensa sabia disso, saíram notinhas a respeito, mas ninguém se interessou em fazer uma grande matéria.


Maluf conseguiu o foro privilegiado. E ainda pode ficar impune. Quanto custou a sua eleição? Ninguém sabe, ninguém se interessou em saber. Ninguém se interessou também em acompanhar a campanha do presidente da CPI dos Sanguessugas, o deputado Antônio Carlos Biscaia, do PT fluminense. Enquanto seus colegas de CPI sempre encontravam um tempinho para dar atenção aos eleitores, Biscaia, com a sua experiência no Ministério Público, mergulhava na papelada que permitiu desbaratar a máfia das ambulâncias num prazo recorde.


Esse comportamento desprendido e cívico não chamou a atenção dos repórteres que cobrem a Câmara. Biscaia não foi reeleito. Claro, a culpa não é da imprensa. É dos holofotes.