Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A imprensa brasileira sairá derrotada

Se as pesquisas refletem a realidade, Lula ganhará essas eleições. Será que poderíamos dizer que o eleitorado brasileiro derrotou a grande mídia nacional? Pelo o que tenho acompanhado, a grande mídia nacional continua muito parcial. Segundo dados do Observatório Brasileiro de Mídia, enquanto seu adversário teve somente 17, Lula teve 257 matérias negativas!

Lamentavelmente quem vai sair derrotada nessas eleições é a grande imprensa nacional (jornais, rádio e televisão). Derrotada por quê? Derrotada porque foi parcial; derrotada porque não soube avaliar a conjuntura nacional e internacional; derrotada porque lhe faltou capacidade de analise de política interna e externa para comparar o governo de Lula com o governo anterior.

Derrotada porque não entendeu a alma do povo brasileiro; derrotada porque não avaliou o peso da internet hoje no Brasil; derrotada porque desconhece a capacidade intelectual do brasileiro e brasileira que vive nos diversos rincões do Brasil, que teve e tem um papel primordial com suas análises políticas pertinentes, desconstruindo o discurso da grande mídia rancorosa e sem objetividade.

Derrotada porque fez uso da discriminação racial ao classificar os eleitores pela cor da pele; derrotada porque tentou incitar os preconceitos, dividir o Brasil dentro de uma visão de apartheid social e racial (o brasileiro, a brasileira do norte ao sul é orgulhoso de pertencer ao país mais misturado e com a maior sociodiversidade cultural no mundo).

Derrotada porque não soube tratar a questão da corrupção como vírus nacional e combatê-lá; preferiu fazer do tema, uma campanha nacional e internacional contra o PT. Derrotada porque insiste em explorar escândalos explorando somente um lado do famoso dossiê de sanguessugas e termina perdendo a credibilidade das denúncias; a luta contra a corrupção é uma batalha continua e não somente partidária.

Lenha na fogueira

Derrotada porque desconhece o vigor da sociedade civil organizada em todas as regiões brasileiras; derrotada porque desconhece o impacto das políticas de inclusão social do Brasil; derrotada porque desconhece o Brasil presente nas camadas pobres; derrotada porque falou e escreveu sobre a ética na política, mas esqueceu de fazer uso desse principio. A ética profissional de qualquer jornalista é lutar pela independência da imprensa e pela pluralidade democrática.

Todavia ainda é tempo de fazer a autocrítica e guardar o rigor intelectual e imparcial do jornalismo. Afinal, necessitamos ter uma imprensa independente e democrática. Uma boa analise política ajuda o desenvolvimento das células cerebrais e é excelente para os que sofrem de neurastenia ‘política’. No Brasil temos muitos políticos com essa enfermidade crônica. Os sintomas: apresentam às vezes dupla personalidade e podem surpreender num debate, gostam de esbravejar, dar surra em presidentes, choram e chamam o adversário de bandido, chefe de quadrilha. Gostam de provocar o adversário sempre com a mesma questão e se enervam quando não conseguem levá-lo a nocaute. Os jornalistas devem ser imparciais, chega lenha na fogueira! Os leitores podem ser contaminados pela mesma enfermidade que acomete de certos políticos. Vimos alckmistas atacando jovens do PT, no caso de conflito num bar do Leblon, no Rio, quando uma jovem teve parte do dedo amputado por uma mordida – coisa escabrosa e inaceitável. Devemos guardar o senso cívico!

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Doutora em Economia pela Sorbonne, consultora internacional