Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A indignação sai do buraco

Há um novo tipo de indignação no ar, depois de tanta frustração produzida entre jornalistas e na opinião pública pela ausência de punição dos implicados em escândalos que se sucedem desde o início do ‘mensalão’, em meados de 2005. É verdade que ainda não se respondeu à pergunta mil vezes repetida: de onde veio o dinheiro do valerioduto? Assim como não se sabe de onde saiu o dinheiro do dossiê Vedoin, no final de 2006.


Mas a mídia, que em alguns momentos parecia pregar no deserto, hoje volta a ser porta-voz de um sentimento de indignação popular cujas conseqüências políticas não devem ser subestimadas. Na terça-feira (16/1), o Jornal Nacional, o mais importante noticiário do país, fustigou sem contemporizar o governo paulista, reduzindo a margem de manobra para tentativas de tirar o corpo fora em relação ao acidente do metrô.


Perguntas categóricas


Nesta quarta-feira (17), nos jornais, ao lado de muitas outras manifestações de crítica, na Folha de S.Paulo Elio Gaspari resume, num título feliz: ‘O apagão das empreiteiras’ [ver aqui, para assinantes da Folha ou do UOL]. Que se soma, como Gaspari afirma, ao recente apagão das empresas aéreas.


Haverá muita manobra, pesará toda a tradição brasileira de sair pela tangente, governantes e empreiteiras usarão seus poderosos recursos para turvar o debate, mas há perguntas categóricas que é difícil contornar: por que as empresas avisaram seus operários e não pediram a interdição das vizinhanças da obra periclitante?


A insistência em fazer essa pergunta, hoje muito forte na mídia, indica que talvez algo de novo esteja surgindo na sociedade brasileira.