A imprensa comenta, nas edições de quinta-feira (19/8), o debate promovido pela Folha de S.Paulo por intermédio do UOL, seu portal na internet. O jornal comemora a audiência de 1,4 milhão de pessoas, um número impressionante, mas ainda reduzido se comparado aos índices alcançados tradicionalmente pela televisão.
De qualquer maneira, registre-se o momento importante da nova mídia, que afinal se multiplica pelas redes sociais com uma velocidade e um alcance que ainda não sabemos contar.
O candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, que ficou de fora do confronto oficial, aproveitou a oportunidade e criou um evento especial, via Twitter, dispondo-se a responder a comentários dos participantes, ao vivo, através de uma câmera. Conseguiu a primeira posição entre os assuntos mais comentados por participantes brasileiros por volta das 12h30 de quarta-feira (18) e chegou a ocupar a oitava posição na contagem mundial.
Ainda não conseguiu explicar com clareza sua proposta de governo socialista, mas obteve uma exposição inédita, mostrando como as redes sociais poderão, em algum momento no futuro, competir com a televisão.
Medida do interesse
Com relação ao conteúdo, o debate pela internet reflete os números das últimas pesquisas de intenção de voto: pressionado pelas previsões extremamente negativas, o candidato José Serra parte para o ataque, mudando novamente de estratégia, enquanto Marina Silva abandona o aparente alinhamento com o candidato do PSDB que, segundo analistas, havia demonstrado no debate promovido pela TV Bandeirantes.
Para os dois, o único objetivo das próximas semanas será evitar que a disputa termine no primeiro turno.
Para a imprensa, de modo geral, a atual disputa presidencial se apresenta como um valioso laboratório sobre o comportamento do eleitor. O interesse que vier a ser demonstrado pelo público pode fornecer informações valiosas a serem adicionadas às análises das próximas pesquisas de intenção de voto.
Parece razoável supor que, quanto menor o interesse pela propaganda eleitoral na televisão, maior a convicção do eleitor na escolha já definida e captada pelos pesquisadores. Maiores, portanto, as chances de as pesquisas virem a se confirmar já no primeiro turno.
De olho na imprensa
As medições de audiência nesta primeira semana da campanha eleitoral gratuita revelam que o público está reduzindo sua exposição à televisão durante o horário da propaganda. Segundo algumas notas publicadas pelos jornais e por alguns blogs da internet, houve uma queda de até cinco pontos porcentuais na terça-feira (17) em relação aos mesmos horários na terça da semana passada.
Alguns analistas entendem que a debandada se deve à quebra do hábito, provocada pelas mudanças na programação das emissoras, em função dos blocos de horários cedidos à Justiça Eleitoral. Mas não se pode descartar a hipótese de que milhões de telespectadores se desinteressam pela propaganda eleitoral porque já definiram seus votos.
Trata-se de uma massa respeitável de informação que não frequenta a rotina dos telespectadores e ouvintes de rádio, com inserções de segunda a sábado.
Às segundas, quartas e sextas-feiras, aparecem as propagandas dos candidatos a governador, senador e deputado federal. Às terças, quintas e sábados, é a vez dos candidatos à Presidência da República e Assembléias Legislativas dos Estados e do Distrito Federal. Os blocos diários, com 50 minutos cada, entram no ar às 7h e ao meio-dia no rádio e às 13h e às 20h30 na televisão. Além disso, estão previstos mais trinta minutos de anúncios curtos, de 60 segundos, ao longo de todos os dias da semana.
Embora seja ainda muito cedo para avaliações definitivas, se a audiência da televisão no horário da propaganda eleitoral gratuita continuar caindo, com os telespectadores desligando a TV ou migrando para emissoras estrangeiras dos canais pagos, pode-se apostar que a eleição está delineada nos números que aparecem nas pesquisas mais recentes.
Se a audiência da propaganda cair a níveis críticos, não haverá manobra de marqueteiro que consiga reverter a situação – a eleição estará definida em duas ou três semanas.
Como a imprensa vai se comportar nos próximos dias? Esta é uma oportunidade interessante para a observação do papel da mídia no momento mais importante do processo democrático – a disputa pelo voto.