Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A mídia continua no palanque

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Terminou a primeira fase da temporada eleitoral e a imprensa continua no palanque. O presidente Lula percebeu, em boa hora, que não devia continuar seus ataques à mídia e, pelo menos neste caso, voltou ao padrão ‘paz e amor’ que o levou à vitória há quatro anos. Se o candidato-presidente tivesse percebido a importância de um debate televisivo, hoje sua situação seria outra e, talvez, estivesse comemorando a reeleição.


A imprensa erra, às vezes erra muito e deve ser criticada sem condescendência. É o que você faz, é o que nós fazemos aqui neste Observatório. Mas quando um candidato-presidente coloca a imprensa no banco dos réus a crítica converte-se automaticamente em ameaça. E isto não é bom para a democracia. É preciso não esquecer que esta democracia que hoje desfrutamos deve muito à imprensa. É preciso não esquecer também que o próprio PT deve muito à imprensa. O próprio candidato Lula talvez não tivesse ganho as eleições em 2002 sem a contribuição de uma parcela da imprensa.


Embora ontem o presidente tenha estendido a mão e esquecido as queixas da véspera, o ex-ministro e agora deputado Ciro Gomes foi em frente e continua afirmando que a mídia é golpista. Exceto, naturalmente, quando o elogia no Ceará.


A mídia erra, erra muito, basta lembrar o comportamento indecoroso da revista Istoé, que aceitou veicular o Dossiê Vedoin, responsável pela reviravolta nas intenções de voto para presidente da República.


A verdade é que o mundo hoje é um grande observatório da imprensa. Bem-vindos a ele. Mas convém não esquecer que sem a imprensa este Observatório não teria razão de existir.