Por gentileza, alguém poderia me explicar qual o sentido, o significado, o objetivo de se levar ao conhecimento do distinto público a notícia abaixo?
15/04/2004 – 12h25m
Zarur já assumiu o controle
Extra (site de O Globo)
RIO – Assim que tomou conhecimento da morte de Lulu, o traficante Adriano da Costa Brito, o Zarur, convocou uma reunião com os principais gerentes da Rocinha para comunicar que estava assumindo o controle das bocas-de-fumo. Ele conta com Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-te-vi, como seu principal colaborador. Outro que agora faz parte da cúpula da favela é o traficante identificado apenas como Lion.
A principal preocupação hoje de Zarur é localizar os colaboradores de Dudu que ainda estão na Rocinha. Um deles é o traficante Silvinho, filho de Cy de Acari, que foi chefão do tráfico na década de 80. Segundo a polícia, Zarur ainda não decidiu se vai estreitar relações com traficantes de outras facções.
O que se pretende com tão pormenorizada nota? Qual o ‘conteúdo’ jornalístico por trás dessa notícia?
Fica uma impressão chata de que a nota foi plantada e serviu para um montão de gente ficar avisada. A isso se dá o nome de jornalismo? Se sim, puxa, pensava que era outra coisa. E vou passar a encarar as colunas de Villas-Bôas Corrêa, Marcos Sá Corrêa, Zuenir Ventura, Verissimo, Arnaldo Jabor, Augusto Nunes, Alberto Dines de uma outra ótica. Bom, talvez eles é que escrevam sobre bobagens. Ou eu fiquei idiota?
Joana Freitas
Depois do jornal, o filme
A TV Record apresentou na semana passada reportagem sobre o tráfico de drogas e a violência nas favelas cariocas. Ironicamente, terminado o programa, a rede exibiu o filme Leão branco, cujo personagem principal é interpretado pelo ator Van Dame – os personagens deste ator, todos sabemos, são ‘pacifistas’. A primeira cena do filme mostra um homem comprando drogas, o qual, em seguida, tem seu corpo coberto de gasolina pelo traficante que, sorridente, acende um fósforo e põe fogo no homem. As cenas seguintes são ainda mais chocantes – tudo isto na primeira parte do filme.
O mesmo fato, exibição de filmes violentos, é repetido, principalmente, nos fins de semana, por exemplo, na Globo, a qual, segundo o Ibope, é líder de audiência. Curioso e ‘engraçado’ é assistir ao senhor Willian Bonner e à senhora Fátima Bernardes criticando a violência ‘real’ com suas vozes melancólicas e rostos abatidos e, durante o intervalo do Jornal Nacional ou do Fantástico, ver as chamadas da emissora para os filmes não menos violentos que serão exibidos em seguida – no domingo, parecem escolher os mais violentos para exibição: Van Dame, Schwarzenegger, Stalone e Cia., presentes em nossas casas todas as semanas, agradecem.
Mais engraçado ainda é quando os referidos apresentadores mencionam a campanha pelo desarmamento, porque, nestes filmes, armas quase não são exibidas – a indústria bélica americana também agradece.
Eu sei, eu sei, trata-se de ‘entretenimento’, a reportagem é a vida real, mas os filmes, não. Estes são apenas para ‘distrair-nos’ no fim da noite, não há que se falar em violência, é ‘ficção’ – este é o argumento usado pelos senhores da mídia. É cômico, e também trágico.
Orlando G. Silva
Oferta, demanda e Keynes
‘Sobre a demanda permanente das drogas’, concordo plenamente. Esse é um problema de saúde mental. O interessante é que esse assunto, ou seja, demanda versus oferta, já foi muito discutido por economistas. Mas parece que muita gente não tem capacidade de abstrair conceitos e aplicá-los a outros objetos. Segundo John Mainard Keynes, economista, é a demanda, ou melhor, as expectativas da demanda, que determinam a oferta. Faço então uma pergunta: por que tem aumentado o consumo de drogas lícitas e ilícitas? Acredito que seja devido ao aumento da demanda. E por que isso tem ocorrido? Acho que é esta pergunta que deveríamos nos esforçar para entender e resolver. Brilhante o artigo.
Andre Gustavo Miura