Está evidente que a grande imprensa quer criar uma crise artificial em torno de um caso de rotina.
O jornalista Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás, apenas colocou o cargo à disposição da Presidência da República (à qual está vinculado). Cumpriu um rito protocolar, nada mais do que isso. Não protestou nem reclamou de eventuais ingerências do PT na orientação da Radiobrás. Mas na quarta-feira (15/11), O Globo e a Folha de S.Paulo destacaram de forma desproporcional um episódio que simplesmente não aconteceu. É o que se chama vulgarmente de ‘forçar a barra’. Caso clássico de uma não-notícia, um factóide, que pela simples repetição pode crescer e confirmar-se.
Os jornalões têm razões de sobra para criticar os recentes pronunciamentos do presidente da República sobre o desempenho da mídia. Na boca de um chefe de Estado convertem-se automaticamente em intimidações descabidas, de nítido teor autoritário. Mas se a mídia não está gostando do que afirma o presidente a seu respeito deve dizê-lo frontalmente, sem recorrer a artifícios que, estes sim, acabam por justificar as queixas e confirmar um estilo jornalístico equivocado.
O confronto governo-imprensa é sério demais para ser noticiado com manhas e malícia.