Qual é o problema? Temos hoje em nossa mídia, fato bastante interessante, ausência de negros como personagens principais de uma novela, e quando o são, a ‘elite’ lhes impõem humilhações. Alguém já viu um ‘galã’ de novela negro? Já parou para contar (nos dedos) o número de apresentadores negros? E o que dizer dos papéis que recebem nas novelas? São faxineiros, motoristas, presidiários, donos de bar, nunca pertencem à ‘elite’.
É assim que funciona nossa sociedade, cheia de preconceitos, que tiveram seu início há longa data, com negros que vieram a morrer pela ‘pátria’ nos chacos paraguaios, por um país que lhes virava as costas. Uma sociedade em que o negro livre no dia 13 continuou escravo no dia 14, e permaneceu assim no dia 15, no dia 16… E o é ainda hoje: escravo da sociedade racista e desigual, filho de uma ‘Pátria amada e gentil, Pátria amada Brasil…’
Helton Costa, estagiário de Jornalismo, Dourados, MS
Paz e amor, meu!
Qual é a do articulista? Ele está tentando entrar para a Globo ou quer se tornar uma celebridade? Ora, meu! A novela é ótima e está dando uma grande oportunidade para a raça negra mostrar seu talento e valor. Isso está incomodando o articulista, por quê? E tem mais: o autor da novela, em entrevista ao site Terra, afirmou que seu objetivo ao mostrar negros na ficção não é e nunca foi causar polêmica e desvalorizar a raça. Paz e amor, meu irmão!
Carlos Pinto Pires, radialista, Santos, SP
Nosso racismo é melhor
Li o artigo do jornalista Paulo J. Rafael, que aliás, escreve muitíssimo bem, mas confesso que não entendi o porquê da polêmica. Falar de racismo aqui no Brasil é brincadeira! Vocês precisam conhecer o que é o racismo indo aos Estados Unidos.
Rita Maria Caldas, médica, Porto Alegre
Racismo em horário nobre – Paulo J. Rafael
Casualmente ‘clarinhos’
Concordo plenamente com Paulo Rogério Nunes, mas vou me atrever a dar ‘pitaco’ em suas observações. É que, apesar de o número de estudantes universitários com fenótipo negro ser proporcionalmente menor do que os aparentemente não-negros, é de se considerar que eles existem, porém, não conseguem ser absorvidos nas redações. Exemplo: quando consegui entrar numa redação, que nós sabemos que não é fácil, tem que ter muito contato, principalmente há 10 ou 15 anos, eu era a única ‘mulata’ de uma redação com mais ou menos 80 pessoas. Claro, fora mensageiros, faxineiros e seguranças. Fiquei na empresa durante 11 anos, e nesse tempo, inúmeros currículos com jovens negros – muitos altamente capacitados – eram preteridos por serem ‘escurinhos demais’. E, normalmente, eram aceitos estagiários que ‘casualmente’ eram ‘clarinhos, bonitinhos, lourinhos, com $obrenome$ de estirpe’.
Quando por um azar do destino, o ‘escurinho’ furava o bloqueio e conseguia demonstrar em tempo super-rápido sua capacidade, força de vontade e profissionalismo, nunca conseguia ganhar o mesmo que o colega de editoria. E, quando eu questionava a direção da redação, as respostas eram sempre evasivas e o olhar, de censura. Fica realmente difícil haver um bom número de jornalistas negros, se eles têm que se tornar invisíveis para poderem se profissionalizar.
Sandra Martins, jornalista, Rio de Janeiro
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Uma comunicação multiétnica é possível – Paulo Rogério Nunes
A fatura da humilhação
Caro colega Francisco Djacyr Silva de Souza, não se preocupe com a BB Solange. Ela faturou alto com a ‘humilhação’ e, graças a ela, já contracenou com Seu Creysson no Casseta & Planeta. De modo que a moça deve ter recebido bem mais em dois dias do que qualquer professor primário neste país em um ano. Humilhação sofre um professor ao receber pouco para ensinar e ver alguém faturar alto por não saber.
Ernani Porto