A tragédia ocorrida na escola do Rio de Janeiro poderia nos levar a várias reflexões sobre violência, sobre fundamentalismo e sobre a situação de calamidade das escolas públicas de todo Brasil, onde situações de agressões, assaltos e medos são comuns aos personagens das escolas em todos os locais do país. Vivemos momentos de violência grave e não temos, infelizmente, nenhum programa governamental que coíba a violência nem proteja aqueles que vão à escola para estudar ou trabalhar. A grande questão é que hoje as escolas públicas são extremamente frágeis à penetração da violência, pois os órgãos de segurança não têm programas que afastem das escolas drogas, delinquentes ou outro tipo de agente dos problemas trazidos pelo processo de violência aos membros da escola.
Claro que a escola não pode ficar isolada do povo nem ser fechada às comunidades, mas é preciso que hajam ações que identifiquem e registrem a presença de todos que estão nas escolas e em seus arredores para garantir proteção a professores, alunos e funcionários das escolas. É urgente que se implementem equipamentos de fiscalização eletrônica, visto que os agentes de segurança contratados por empresas terceirizadas nas escolas são ineficientes e despreparados para a defesa dos que estão no ambiente escolar. É preciso garantir a presença na escola apenas dos seus personagens e criar planos de segurança para os arredores defendendo aqueles que buscam a escola e dela fazem parte. A segurança em escolas públicas é extremamente falha, qualquer pessoa adentra uma escola pública sem ser molestado e às vezes pode trazer consigo armamentos, drogas ou outros meios de fomentação da violência.
A sina burocrática
É urgente que a questão da segurança nas escolas seja tratada com mais responsabilidade por parte das autoridades de segurança e educação, que devem criar mecanismos de respeito às escolas públicas e compromisso com seus personagens, pois são notórios os casos de agressões a professores, funcionários e alunos das escolas, muitas vezes pela própria comunidade vizinha. A escola tem de recuperar urgentemente o respeito e a consideração da sociedade, pois é um espaço de construção de saber e de construção de sonhos, esperanças e alegrias presentes e futuras.
Vale ressaltar que no caso do Rio de Janeiro o agressor era ex-aluno da escola e fica aqui uma pergunta: Como tratamos nossos ex e atuais alunos? Qual o significado das escolas para os alunos e egressos? Como podemos evitar a violência na escola e na sociedade como um todo? Perguntas como essas poderiam ser objeto de debates, pesquisas e, sobretudo, ações, mas muitos não querem saber de outra coisa a não ser massacrar e perseguir os professores, que são obrigados unicamente a cumprir a sina burocrática da escola, e não são impelidos de forma alguma a fazer educação, o que certamente evitaria problemas como esse.
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Professor, Fortaleza, CE