Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A bancada dos negócios

A investigação sobre a quadrilha que fraudava licitações de obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, revela que os operadores da bandidagem no Congresso Nacional são parlamentares de pouca expressão, integrantes daquele grupo que a imprensa chama de ‘baixo clero’.


Politicamente inexpressivos, incapazes de brilhar frente às câmaras de televisão ou diante do microfone, eles funcionam como massa de manobra no plenário, mas é nos bastidores que exercem a pequenez de seus mandatos.


Todos os jornais destacam que o esquema de fraudes, pelo qual deputados federais conseguiam verbas para obras em troca de uma comissão de 10%, alcança pelo menos 119 municípios, mas a Polícia Federal investiga 268 contratos.


O esquema se espalhou por vários estados, mas as evidências se concentram em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Goiás, Tocantins e Distrito Federal.


Razões de sobra


Segundo a Folha de S.Paulo, o esquema foi detectado pela primeira vez em Minas, no final do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.


O grande volume de obras do PAC, criado neste governo, teria dado oportunidade para os parlamentares e seus sócios aumentarem o volume de seus ‘negócios’.


Os jornais não avançam na pista deixada pela Polícia Federal, que revela a participação de um número maior de parlamentares no esquema.


Quem organiza e dirige o sistema de fraudes, segundo o noticiário de terça-feira (24/6), são dois deputados pouco expressivos, mas seus lucros podem estar sendo distribuídos a gente de maior expressão na política.


No esquema que os deputados chamam de ‘rachadinha’, os autores de emendas dividem a comissão com parlamentares que apóiam seus pedidos de verbas mas não precisam aparecer para defender a aprovação dos projetos.


A fraude envolve provavelmente os prefeitos das cidades investigadas, uma vez que eles são os autores dos pedidos originais de obras.


Muitos dos envolvidos são candidatos nas próximas eleições municipais. Está aí mais uma boa razão para a Justiça Eleitoral deixar a imprensa trabalhar e cuidar de bloquear os candidatos com antecedentes não recomendáveis.