A imprensa se afobou e as autoridades brasileiras se precipitaram no caso da jovem advogada que denunciou ter sido atacada por neonazistas na Suíça. A notícia controversa foi dada como verdadeira, em primeira mão, pelo Globo Online, na quarta-feira (11/2). Toda a imprensa embarcou na história. Só na sexta-feira a TV Globo colocou em dúvida a versão da jovem. O caso mistura xenofobia de verdade, emocionalismo e pouca disposição para investigar. Enganada por sua própria afobação, a imprensa pode inverter os sinais. (L.M.C.)
Nada há de definitivo sobre as denúncias de Paula Oliveira contra os neonazistas suíços que a teriam atacado. Médicos garantem que ela não abortou, a polícia acha que os ferimentos teriam sido auto-infligidos. Mesmo assim diversos articulistas dos jornalões de domingo (15/2) tentaram diminuir a importância desta reviravolta.
Um deles afirmou que esta era uma questão secundária porque o caso de Paula Oliveira é ‘verossímil’ numa Europa conturbada pela violência política. Outra colunista admitiu que Paula pode ter errado, mas ‘o erro maior está lá, na Europa’.
Vamos com calma: a União Européia não esconde a sua preocupação com a xenofobia e o racismo. O erro maior é mentir, inventar, criar um caso diplomático e produzir um vexame internacional.
Erro maior é uma imprensa que não investiga antes de denunciar.
Erro maior cometem as autoridades que botam a boca no trombone antes mesmo de averiguar o que se passou.
A verdade é que a xenofobia européia e a antixenofobia brasileira estão ficando muito parecidas. A emoção nunca pode substituir a razão.
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