A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em boa hora elaborou uma nova proposta de conselho de jornalismo para tentar evitar a provável rejeição no Congresso do projeto que trata do tema. O novo texto, cuja minuta já foi enviada aos líderes partidários, cria o Conselho Federal de Jornalistas (CFJor) em substituição ao polêmico Conselho Federal de Jornalismo (CFJ).
O projeto traz importantes mudanças em relação ao CFJ, que mostram a preocupação da entidade com a ética e o exercício profissional do jornalismo. Desaparece do novo texto a menção à orientação e fiscalização da profissão e da atividade do jornalismo. Na nova redação o Conselho Federal dos Jornalistas é um órgão de habilitação, representação e defesa da categoria e de normatização ética e disciplinar do exercício profissional de jornalista.
Outra importante alteração no projeto é que a Fenaj seria mais um serviço público não governamental, não vinculado a ‘quaisquer entes estatais’, afastando dessa forma a proposta anterior que estabelecia que o Conselho seria uma autarquia com autonomia administrativa e financeira.
A entidade também propõe outra mudança relevante na qual estabelece que a primeira composição do Conselho será escolhida por meio de eleição direta entre os jornalistas de todo o país, e não mais por indicação do Conselho dos Representantes da Fenaj. Isso garante a democracia e a transparência do processo.
Espera-se que as mudanças revertam o clima criado pelo projeto anterior e permitam uma ampla discussão no Congresso e na sociedade sobre o tema. A decisão do deputado Nelson Proença (PPS-RS), relator do projeto na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, pela rejeição ao Conselho Federal de Jornalismo não deve contagiar o novo projeto – que não só muda o nome do anterior, mas demonstra a preocupação central com a responsabilidade social dos jornalistas.
Condição básica
A atividade jornalística é hoje central nas sociedades democráticas. Os jornalistas são os mediadores entre a realidade e as notícias. Nesse sentido ocupam um papel de extrema importância que é o de procurar informar de uma forma clara e objetiva as pessoas sobre o mundo que as cerca: sobre a economia, a política, a cultura e os movimentos sociais entre outros. O Conselho Federal de Jornalistas pode contribuir decisivamente nesse processo.
Às faculdades e aos cursos de jornalismo cabe formar profissionais preparados para enfrentar os desafios da contemporaneidade com um amplo instrumental teórico e prático que passa por disciplinas com sociologia, antropologia, filosofia, retórica, teoria da argumentação, teorias da persuasão, análise do discurso, teorias da notícia, jornalismo e sociedade, redação jornalística, técnica de reportagem etc.
A formação superior em jornalismo é condição básica para o exercício da atividade. Mas, sobre isso, a sociedade e os futuros jornalistas já se deram conta há muito tempo. Um exemplo claro é que nos últimos anos o curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está entre os cinco mais procurados pelos candidatos ao vestibular.
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Jornalista, professor do PPGCOM/UFPE e membro do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor)