A tragédia da escola em Realengo, no último dia 7/4, deixou todos atônitos e em busca de explicações lógicas que pudessem elucidar o comportamento do jovem Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, que assassinou numa emboscada 11 adolescentes – 10 meninas e 1 menino. Rapidamente surgiram pela mídia as possíveis hipóteses: a mãe era esquizofrênica; o assassino era adotivo, teria sofrido bullying na escola e era zombado por ser capenga, era misógino etc.
Não é sábio embarcar em nenhuma dessas hipóteses como fator determinante ao desencadeamento da terrível tragédia, pois há algo além de tudo isto. Nos EUA, vez por outra somos surpreendidos com casos análogos ao acontecido agora aqui no Brasil e sempre, após o ocorrido, levanta-se o debate em busca de um fato para ser o “culpado” – quase sempre é a venda legalizada de armas.
No universo não existe efeito sem causa e os antigos contavam com essa hipótese, pois sabiam – diferente de “acreditavam” – da reencarnação como fator determinante para os acontecimentos de nossas vidas. No Oriente, absorve-se com maior facilidade a teoria reencarnacionista, mas no Ocidente vê-se ainda resistência em reconhecer o óbvio – nada acontece por acaso. Sempre houve tabu para se tratar da reencarnação e da imutável lei de causa e efeito devido ao desejo incontrolável das religiões de dominar o homem e assim impedir que este soubesse da verdade. O Antigo Testamento proíbe a comunicação com os espíritos, mas se proíbe é porque eles existem, daí o obstáculo milenar ao estudo desse fenômeno que pode fornecer elementos para a elucidação de tragédias como a da escola de Realengo. O planeta Terra passa neste momento por transformações profundas e, inevitavelmente, outros eventos de tamanha comoção acontecerão, pois fazem parte do processo de renovação da civilização.
O tema em epígrafe não é estranho à psicanálise, como pode imaginar algum leitor açodado, pois Sigmund Freud participou como médium de sessões do famoso fenômeno europeu das “mesas girantes”, onde supostamente espíritos respondiam a perguntas formuladas pelos participantes, pois Freud sabia que muitas explicações não seriam encontradas apenas no divã na análise. Freud recuou do estudo dos fenômenos espirituais pois temia resistência da psicanálise na ortodoxa comunidade científica. E, numa carta datada de 24 de julho de 1921, em resposta ao psiquiatra norte-americano Hereward Carrigton, que lhe pedia sua opinião sobre espiritualidade, diz: “(…) Se eu me encontrasse no início de minha carreira científica, e não em seu fim, talvez escolhesse esse campo de pesquisa e desafiaria todas as dificuldades…”
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Advogado e psicanalista, Fortaleza, CE