Após 161 anos de história, a Associated Press resolveu remodelar suas operações para se adaptar ao público do século 21. ‘Temos que nos adequar ao mercado’, diz Jim Kennedy, vice-presidente de planejamento estratégico da agência. ‘A nova geração de consumidores tem hábitos completamente diferentes’.
Para tanto, a AP irá modificar a maneira como organiza, edita e distribui matérias, abrindo pelo menos quatro centros regionais de edição como parte do plano batizado de AP2.0. A agência também planeja expandir os pacotes de notícias multimídia de esportes, entretenimento e economia. Segundo Kathleen Carrol, editora-executiva da AP, o objetivo das mudanças é ‘preservar nosso futuro, para que possamos continuar a fornecer notícias de lugares remotos’ e ‘renovar nosso jornalismo’ para torná-lo mais atraente para os consumidores.
A idéia dos centros regionais é reduzir a possibilidade de panes nos maiores escritórios da agência, incluindo o de Nova York. Estes centros deverão cuidar da cobertura em suas áreas, enquanto a redação nova-iorquina poderá se concentrar nas maiores pautas do dia. Kennedy afirma que outro aspecto importante é levar os editores nas sucursais de volta à reportagem, o que aumentaria o conteúdo e reduziria o número de pessoas que cuidam de um único artigo durante o dia.
Perguntas sem respostas
Diante de tantas novidades, há funcionários da agência assustados com o que o futuro lhes reserva. ‘As pessoas estão nervosas’, diz Tony Winton, correspondente da AP em Miami e presidente do sindicato que representa os funcionários da agência. ‘É difícil reagir [aos planos] porque os detalhes têm sido poucos’. A companhia já garantiu ao sindicato que não estão planejadas demissões.
Segundo Kathleen, as necessidades das sucursais e centros ainda estão sendo avaliadas, mas é provável que algumas pessoas tenham que mudar de posição. ‘Eu acho que todos que têm cargos de edição devem enfrentar alguma mudança em seu trabalho’, diz. Ainda assim, ela concorda que é ‘frustrante para algumas pessoas que ainda não tenhamos as respostas para suas perguntas’.
Crise no mercado
Apesar da AP ter ampliado seu quadro de funcionários para pouco mais de quatro mil nos últimos anos, suas rivais vêm lutando contra o enxugamento das redações a que servem. A Reuters, por exemplo, já cortou mais de três mil empregos. A ex-gigante United Press International teve suas operações reduzidas e hoje é controlada por uma companhia de propriedade do reverendo Moon, fundador da conservadora Igreja da Unificação.
Como funciona como cooperativa sem fins lucrativos, a AP não tem que se preocupar com queda nas ações e acionistas aflitos. Mas, como qualquer outro negócio, depende de dinheiro para sobreviver e, para tanto, precisa atrair anunciantes. Recentemente, a agência revisou os preços de seu conteúdo premium. As matérias passaram a ter uma marca para que possam ser monitoradas e não sejam usadas sem permissão. Informações de Cate Doty [The New York Times, 3/12/07].