O programa Dateline, da rede americana NBC, refutou as acusações de um artigo publicado na revista Esquire que alega que os produtores do segmento ‘Para Pegar um Predador’ convenceram policiais texanos a prender, diante das câmeras, o procurador de justiça aposentado Bill Conradt, que acabou cometendo suicídio.
O quadro, realizado em parceria com a organização Perverted Justice, monitora salas de bate-papo na internet para flagrar a ação de pedófilos. Membros da equipe – que se passam por adolescentes em conversas online – tentam atrair pedófilos a uma casa equipada com câmeras escondidas. Ao cair na armadilha, os homens são confrontados por um jornalista.
Fora do normal
O caso de Conradt foge ao padrão do programa porque ele não chegou a ir à casa usada como armadilha; os policiais foram até sua residência para confrontá-lo. No mês passado, sua irmã, Patricia, abriu um processo contra a NBC, pois, segundo ela, policiais e membros da equipe do Dateline não tinham mandado de busca ou de prisão.
Marsha Bartle, ex-produtora do Dateline, também entrou com ação contra a emissora, em maio. Ela alega ter sido demitida após levantar questões éticas sobre os métodos usados no programa. O polêmico quadro será tema do programa 20/20, da emissora rival ABC News, que informou que está investigando a morte de Conradt e o papel do Dateline no caso.
Situações forjadas
Segundo o artigo da Esquire, um ator foi contratado para se passar por um garoto de 13 anos e atrair um homem com o qual conversava online, que mais tarde se identificou como Conradt. Como ele não foi ao lugar marcado para o encontro, policiais e a equipe do programa foram até sua casa, na cidade de Terrell, no Texas. Ao ver a polícia acompanhada de cinegrafistas, o procurador aposentado atirou em si próprio. Ele morreu a caminho do hospital, em Dallas.
Para Kelly McBride, do centro de estudos de jornalismo Poynter Institute, a NBC compromete sua independência jornalística com o quadro ‘Para Pegar um Predador’. ‘Não é uma situação que acontece naturalmente. Os jornalistas forçam um encontro’, opina. Embora reconheça que pedófilos online em busca de jovens sejam um problema, ela afirma que a maior parte dos casos de pedofilia acontece na mesma casa em que as crianças vivem e, por isso, a NBC deveria focar em matérias sobre estas situações. Informações de Paul J. Gough [Hollywood Reporter, 15/8/07].