Os efeitos brutais da chuva de segunda-feira (28/2) em São Paulo acentuam o contraste entre as páginas de cidade e as de política dos jornais paulistanos. Em pleno verão das águas torrenciais, são os cálculos e manobras do prefeito Gilberto Kassab para viabilizar sua candidatura a governador em 2014 que ocupam espaço na política. No caderno de cidade, ganham destaque os estragos causados pelas chuvas – isso inclui a morte de uma mulher em Carapicuíba, região metropolitana, no domingo (27).
O Estado de S.Paulo menciona cálculo segundo o qual, mantido o ritmo atual de investimentos, a capital paulista só estará preparada para enfrentar chuvas fortes daqui a quarenta anos. A promessa do então e novamente governador Geraldo Alckmin de que não haveria novas cheias do Rio Tietê revelou-se enganosa após apenas quatro anos.
O contraste entre o imediatismo dos planos políticos do prefeito Kassab e a lentidão com que se desenrola o grande drama humano, social e econômico das enchentes não é sublinhado pela imprensa, salvo em anotações marginais. No entanto, esse é um dos problemas centrais que as democracias precisam enfrentar: os detentores de mandatos eletivos trabalham com um horizonte político de poucos anos e assumem funções que lidam com questões de longo prazo.
Fazer o que é necessário para resolver os problemas estratégicos raramente dá votos. Fazer demagogia e populismo quase sempre dá votos, mesmo que torne ainda mais complicados os desafios da gestão pública. Num país como o Brasil, o dinamismo da economia empurra a sociedade numa direção modernizadora, apesar do custo social que toda modernização implica. Se a economia anda e a gestão pública se arrasta, aumenta o descolamento entre os poderes constituídos e a sociedade. É ameaça à democracia, num país de forte tradição autoritária.
PMDB não faz marola
O detalhamento dos cortes de gastos do governo, feito na segunda-feira (28), ainda não está completo. Vários ministérios só sabem quanto terão de cortar, mas não exatamente o quê. A apropriação privada da coisa pública fica latente nos balanços que os jornais publicam sobre as perdas que a tesoura macroeconômica inflige a cada partido da base governista.
Há quinze dias, o noticiário dava conta das mais tremendas disposições bélicas do PMDB, já insatisfeito com a partilha de cargos. Nas edições de terça-feira (1/3), publicam-se declarações apaziguadoras do líder na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves. Ele chegou a ser apontado como massa de manobra do deputado Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, aquele que ameaçou o governo com um ‘quem com ferro fere, com ferro será ferido’.
Observatório
na TVO Observatório da Imprensa na TV de terça-feira (1/3) mostra na Região Serrana do Rio de Janeiro como foi o desafio das mídias locais para informar leitores, ouvintes e telespectadores sobre os efeitos devastadores do temporal que atingiu diversos municípios, provocando a morte de centenas de pessoas e destruição. A grande mídia fez uma ampla cobertura sobre a tragédia, mas para o Observatório também é importante analisar o papel dos meios de comunicação locais.
Foram ouvidos profissionais de jornais, rádios e emissoras locais, que falam sobre o esforço para manter tudo funcionando e, principalmente, para conseguir levar a informação ao público em meio ao caos provocado pelo desastre natural. A sociedade se mobilizou e criou formas de comunicação para suprir as carências informativas.
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