O novo presidente da Câmara dos Deputados começou o seu mandato fazendo críticas veladas à imprensa. Portanto, começou mal.
Arlindo Chinaglia disse na quinta-feira (1/2), no plenário, que não aceitará os ataques à instituição e ainda criticou o noticiário dos últimos dias que o colocava como fator de divisão nas forças governistas.
Essas opiniões não constituem surpresa: a relação do deputado Chinaglia com os repórteres que cobrem a Câmara não é das melhores, ele até já bateu boca com alguns. Mais preocupante, porém, é a sua posição no tocante aos escândalos da última legislatura: ‘A página da crise está virada’, disse ele e acrescentou: ‘Quem não tem a ver com a crise não pode ser caracterizado por ela’.
Claro, óbvio, evidente: deputados que não se envolveram com o mensalão nada têm a temer e Chinaglia, sem qualquer dúvida, é um desses deputados. Mas na condição de novo presidente de uma Câmara que nos últimos dois anos bateu todos os recordes de falta de compostura e decoro, Chinaglia tem a obrigação de encarar as realidades. Em vez de ignorar os vexames recentes deve empenhar-se ao máximo para evitar que se repitam.
Se insistir nesta tecla da ‘página virada’, o deputado Chinaglia só estará confirmando os temores de que está comprometido em ajudar a anistia dos raros deputados punidos pelo valerioduto.
Até que se criem novos padrões de comportamento parlamentar, a página da crise não está virada. Ao contrário, está aberta. E muito quente.