Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Assessoria de imprensa, jornalismo de vanguarda

Sinal dos tempos: o assessor deixa de ser um simples intermediário da informação. Ele participa da notícia.

Apesar dos avanços tecnológicos, as redações continuam pobres de jornalistas. Fator econômico, falta de visão empresarial, limitação de gastos com pessoal e a sobrecarga de atividades dos profissionais, entre outros fatores, vêm ocasionando o que podemos identificar como sufocamento do jornalismo. Há casos, em cidades interioranas, em que um único profissional cobre os acontecimentos em vários municípios para a sua emissora de rádio ou seu jornal, ambos de alcance ou circulação regional, e ainda se dedica à comercialização de publicidade. Isso torna impossível a sua presença em todos os fatos. Pior ainda quando não há um envolvimento comercial, o fato perde o interesse.

A situação do jornalismo nas capitais, salvo raras exceções, não é lá muito diferente. O número de repórteres vem diminuindo nas redações e, em contrapartida, há um inchaço de profissionais com pouca ou quase nenhuma experiência. São recém ou nem formados que são lançados pelas faculdades no mercado sem o conhecimento necessário do dia-a-dia das redações.

Neste caso, temos uma constatação básica: a ausência de intimidade e de capacidade para interpretar a notícia e a forma de como trabalhar a informação dificultam o entendimento e tornam o trabalho moroso e muitas vezes dirigido a um único segmento.

É comum se ouvir por aí que tal jornal, tal emissora, tal noticiário vive batendo na mesma tecla, ‘não viram o disco’, como se dizia nos tempos do vinil: ‘Aquele cara não sai da mídia’. É obvio, por que mudar se a gente conhece bem os personagens desta história? Geralmente políticos que são fáceis de encontrar e estão disponíveis. O esforço é mínimo, o retorno garantido, mas a qualidade…

De outra parte, exige do assessor, além de esperteza e tarimba para vender o seu produto, uma espécie de trabalho artesanal na costura da matéria. O assunto tem que ser entregue pronto, mastigado para receber a atenção e ganhar notoriedade.

Demandas diferentes

As assessorias de comunicação devem assumir este papel e enviar às redações as notícias prontas e, se possível, personalizadas. Mas esta idéia ainda é futurista e são raras as assessorias que têm capacidade técnica e de pessoal para executá-la.

Prevendo essa realidade, é necessário que as assessorias comecem a se adaptar aos novos tempos, criando suas próprias ferramentas, montando suas agências de notícias para produzir as informações e entregá-las prontas, na forma de boletins, às emissoras de rádio. Para os jornais e programas editados para televisão, o mesmo deverá ser feito, só que em forma de textos e fotos. Quem antes se adaptar vai garantir espaços, criando uma rede de jornais e emissoras de rádio e TV e disponibilizando um coquetel de notícias, servido no site.

O que precisa ser observado é que o trabalho feito pelas assessorias não interfira na atuação dos jornalistas das redações nas capitais e nas cidades-pólo que já têm seus setoristas e correspondentes. Ele deve atender à demanda dos menos afortunados que buscam a informação diferenciada e personalizada para o seu público.

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Assessor-chefe de Imprensa da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul e vice-presidente do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça