Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Assunto complexo, matéria simplista

A coluna de domingo [24/2/08] da ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, teve como tema uma matéria publicada na capa da edição do dia 13/12, sobre um relatório do Instituto Americano de Filantropia que criticava diversas instituições de caridade de veteranos por gastarem muito dinheiro em captação de recursos e pouco em programas. O artigo gerou reclamações da Paralyzed Veterans of America (Veteranos Paralisados da América, PVA – sigla em inglês), instituição de caridade que recebeu nota ‘F’ na pesquisa.

Homer S. Townsend Jr., diretor-executivo da PVA, enviou uma carta ao Post, no final do mês passado, reclamando de a matéria ter reproduzido as notas recebidas pelas instituições sem maiores explicações. Segundo ele, a organização perdeu US$ 500 mil de um doador que não gostou da ‘má publicidade’. ‘Ao publicar a matéria em sua capa, o Post deu legitimidade ao relatório. Seus leitores merecem explicações sobre um assunto tão complexo’, escreveu.

Problemas

A matéria, assinada por Philip Rucker, foi publicada no dia em que o Comitê de Reforma Governamental da Casa Branca deu início a uma audiência sobre o tema. A audiência focou em alguns dos piores problemas encontrados nas instituições de caridades de veteranos – incluindo uma que dava apenas 1% das contribuições aos veteranos e outra que pagava a seu diretor e esposa mais de US$ 500 mil por ano. Townsend não gostou de ver a PVA citada juntamente com estas outras instituições, porque, segundo ele, ela atinge os 20 critérios que o Better Business Bureau Wise Giving Alliance (BBB, sigla em inglês), organização que trabalha com informações sobre doadores, estabelece para caridades, incluindo o que afirma que os custos de captação de recursos não devem exceder 35% das contribuições.

O Instituto Americano de Filantropia e o Better Business Bureau avaliam os gastos de maneiras diferentes, mas nenhum dos dois analisa os programas das instituições. Além disso, o BBB cobra de US$ 1.000 a US$ 15 mil por ano para que a instituição use um selo que mostra que todos os critérios foram atingidos. Phyllis Jordan, editor que supervisiona Rucker, afirmou que planeja publicar outras matérias sobre as instituições de caridade, o que ajudará o público a compreender melhor a complexidade do assunto.