Se a mídia passou a ser um dos protagonistas da cena política, seria conveniente que filósofos, cientistas políticos e sociólogos a examinassem de forma sistemática.
No seu artigo de segunda-feira (3/4) publicado no Estado de S.Paulo e O Globo (‘Kalachnikov de Lula’), o destemido professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield louva a mídia por ter evitado que o governo federal desse um grande passo em direção do autoritarismo quando violou o sigilo bancário do caseiro Francenildo.
Está certo – em parte. Um importante semanário (Época) foi na direção contrária e serviu justamente aos interesses autoritários do governo ao tentar desqualificar o caseiro divulgando a sua movimentação bancária.
Este é um dado da equação que não pode ser omitido porque nesta temporada denuncista, iniciada em 1998, a imprensa serviu freqüentemente como veículo de interesses políticos ou econômicos nem sempre ‘cívicos’. E só agora, oito anos depois, é que ela decidiu atender a um dos seus compromissos elementares ao discutir abertamente o comportamento dos concorrentes nos vazamentos e pichações (caso das acusações de Veja contra Época).
A mídia, como player de primeira grandeza no mundo contemporâneo, precisa ser acompanhada e debatida em todos os níveis sociais. A começar pelos usuários das suas informações – leitores, ouvintes e telespectadores. Em seguida na própria esfera midiática para evitar a formação de um cartel informativo e, finalmente, por aqueles que aquinhoados com posições de destaque na mídia podem encará-la sem compromissos corporativos.
Bem-vindo ao clube, professor Rosenfield!